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Apresentado por EY-PARTHENON

Reforma tributária: uma oportunidade para inovar nos negócios

A nova legislação promete simplificar impostos e criar um ambiente de negócios mais competitivo para as empresas de bens de consumo

Reforma tributária: negócios que antes planejavam suas operações visando a eficiência fiscal poderão reestruturar processos para entregar mais valor ao cliente (EY/Divulgação)

Reforma tributária: negócios que antes planejavam suas operações visando a eficiência fiscal poderão reestruturar processos para entregar mais valor ao cliente (EY/Divulgação)

Publicado em 9 de janeiro de 2025 às 11h15.

Com a aprovação do maior projeto de reforma tributária do Brasil, a ser sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, diferentes setores se preparam para entender sobre os impactos financeiros e operacionais que a mudança deve trazer. As medidas representam uma profunda transformação do sistema tributário nacional, com o objetivo de simplificar e modernizar a forma como os tributos são cobrados.

A expectativa é que as mudanças das regras fiscais, que muitas vezes no sistema atual direcionam decisões estratégicas das empresas, propiciem um ambiente de negócios mais favorável, no qual os tributos sobre o consumo têm efeito neutro, e não são um fator de decisão. Para as empresas de bens de consumo, a mudança exigirá uma reavaliação completa da cadeia de valor. Negócios que antes planejavam suas operações visando a eficiência fiscal, por exemplo, agora terão a oportunidade de reestruturar processos para entregar mais valor ao cliente.

Necessidade de entender as mudanças

Muito embora as alterações na legislação tenham cunho tributário, elas podem ser vistas pelas empresas como uma oportunidade para repensar toda a estratégia, buscando capturar melhorias nos processos e implementar inovações logísticas e tecnológicas que aumentem a competitividade. No entanto, antes de começar qualquer planejamento, o primeiro passo é entender realmente as implicações que a reforma tributária trará para os negócios.

Um ponto importante a ser observado é que a implementação da reforma será realizada de maneira gradual, com a transição para o novo sistema sendo feita ao longo de oito anos. Nesse período, os tributos atuais (PIS, Cofins, ICMS, ISS e IPI) serão gradualmente reduzidos e substituídos pelos novos (IBS, CBS e Imposto Seletivo).

A ideia é que esse modelo escalonado ajude a criar um ambiente mais previsível para as empresas, reduzindo riscos associados a mudanças abruptas. No entanto, é essencial que as organizações estejam preparadas para lidar com a dupla convivência entre os regimes antigo e novo durante o período de adaptação.

Para os líderes do setor, também será crucial antecipar essas mudanças, realizando estudos de precificação utilizando dados e tecnologia, fazendo modelagens tributárias nos diferentes cenários e preparando as equipes para atuar com um modelo tributário mais dinâmico.

‘Esperar para ver o que acontece em cada fase’, definitivamente, não é a melhor estratégia. A modernização não será apenas uma necessidade para se adaptar ao novo modelo, mas uma oportunidade para sair na frente e ganhar protagonismo no mercado em um setor que é cada vez mais pressionado por preço e qualidade.

Impacto em toda a cadeia de valor

Para definir a estratégia mais eficaz a ser adotada durante cada fase da transição também é essencial que as empresas do setor de bens de consumo compreendam que o impacto da reforma tributária será visto em múltiplas áreas do negócio, incluindo as relacionadas ao top-line como Vendas, Marketing, Trade, Revenue Growth Management e Atendimento ao Consumidor.

Essas áreas passarão por quebras de paradigmas e mudanças da dinâmica geral, alteração das boas práticas e benchmarks, e terão a necessidade de realizar movimentos rápidos para garantir competitividade. A área de Marketing, por exemplo, precisará repensar seus processos de estratégia, mensuração e otimização, assim como seu modelo operacional.

De forma geral, nossa análise estima que 53% dos processos desses setores serão afetados significativamente pela reforma tributária. Reestruturar toda a cadeia de valor, portanto, será indispensável para as empresas. Atualmente, muitas organizações do setor de bens de consumo configuram suas operações mais com base na otimização fiscal do que na eficiência logística ou na proximidade com o cliente. Assim, redefinir essas bases operacionais será fundamental para as empresas durante a transição da reforma tributária.

A nova estrutura pode simplificar processos, permitindo que as companhias priorizem decisões voltadas para o atendimento direto às necessidades dos consumidores. A cadeia de valor deve se tornar mais fluida, possibilitando inovação em diversos pontos, desde o fornecimento de insumos até a entrega final.

Rentabilidade e competitividade

A reforma também provocará mudanças relevantes nos P&Ls das empresas, fazendo com que elas precisem repensar sua estratégia para garantir que não perderão competitividade ou lucratividade. A reforma fará com que as empresas precisem decidir entre repassar as mudanças financeiras de suas cadeias produtivas para o consumidor ou absorver esses impactos nas suas margens.

As companhias que souberem recriar suas estratégias de precificação poderão consolidar vantagens competitivas. Considerando o impacto em toda a cadeia de valor, desde custos de insumos até o preço final para os varejistas, nossos estudos preliminares estimam que o preço de lista poderá variar entre uma diminuição de 18% a um aumento de quase 7%. Esse valor irá alterar de acordo com o produto e organização de cadeia produtiva da indústria, sendo necessária uma análise profunda para atender o impacto para cada empresa.

Para conseguir navegar nesse ambiente, as empresas precisarão entender o impacto da reforma na sua cadeia produtiva, estimar as possibilidades de impacto para o consumidor final e, por fim, tomar decisões de negócio com base no comportamento de seus competidores em cada um dos canais e regiões atendidos.

Desafios para a adaptação

Entre os principais desafios durante o período de adaptação à reforma tributária está a revisão de práticas antigas e a integração de novas técnicas e tecnologias para se manterem competitivas. Nesse sentido, ferramentas como a automação e o uso de dados são essenciais para essas adaptações.

O setor de bens de consumo também enfrentará a necessidade de maior colaboração entre elos da cadeia produtiva. Parceiros de negócios poderão dividir informações e criar sinergias, impulsionando a eficiência em todas as etapas, do fornecimento de matéria-prima à entrega final.

Outro ponto relevante é a possibilidade de repensar investimentos. Empresas com margens melhores poderão direcionar recursos para inovação e expansão, fortalecendo o setor de bens de consumo em mercados locais e internacionais.

O momento, portanto, é de entendimento dos impactos da reforma tributária e da definição da agenda que será adotada ao longo dos próximos anos. Quanto antes as empresas agirem, maior será a possibilidade de se anteciparem aos seus concorrentes e conseguir tomar o momento de incerteza causado pela reforma tributária em oportunidade de ganhar mercado e melhorar sua margem.

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