Loja da Wendy’s em Chicago: A rede americana abriu duas lojas em São Paulo, uma no Itaim e outra na Vila Olímpia em julho e tem registrado movimento acima do esperado. (Scott Olson/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 26 de agosto de 2016 às 17h48.
Última atualização em 10 de maio de 2017 às 12h49.
São Paulo - A desaceleração da economia brasileira não tem afetado os planos das redes de comida rápida que querem se expandir no Brasil. A crise econômica tem gerado oportunidades na área imobiliária, o que definiu a entrada no país neste ano de grandes redes internacionais, como Taco Bell e Wendy’s. Já os grupos mais antigo no país, como Bob’s e Burger King mantêm planos acelerados de expansão.
A rede americana Wendy’s abriu duas lojas em São Paulo, uma no Itaim, outra na Vila Olímpia, em julho e tem registrado movimento acima do esperado. “O volume de vendas está 30% acima do esperado”, afirma Marcel Gholmieh, CEO da Wendy’s no Brasil, ressaltando que existe também o fator novidade, que sempre atrai o público. A maioria dos brasileiros, ele avalia não conhece bem a operação da Wendy’s, famosa no exterior pelos sanduíches quadrados.
A rede chegou ao Brasil não com o conceito de fast food, mas sim no fast casual, que mistura a comida rápida, mas com um serviço mais atencioso e a possibilidade de o cliente montar seu lanche, em vez de seguir cardápios fixos. Os talheres, pratos e copos não são descartáveis. E WIFI grátis também é desejado. A Wendy’s chegou ao Brasil trazida pelo grupo Infinity Services, que já opera aqui as marcas Hooters, Benihana e Jamie’s Italian. “Faltava uma marca de comida rápida no nosso portfólio”, afirma Gholmieh.
Gholmieh conta que o projeto de trazer a Wendy’s para o Brasil estava sendo desenvolvido há 4 anos, em outra fase da economia brasileira, portanto, mas somente agora ficou claro o momento de entrada. “A crise nos trouxe oportunidades em real estate. Não fosse esse cenário, pontos da qualidade que encontramos e nas condições que negociamos não iriam cair no nosso colo assim. A oportunidade imobiliária definiu nossa entrada”, resumiu .
A rede chegou por aqui um pouco tropicalizada, ele diz. O café da manhã não vai seguir o típico cardápio americano, mas será mais próximo ao pão na chapa oferecido pelas padarias brasileiras.
Para os hambúrgueres, o cliente pode escolher o tipo de pão que deseja para o lanche o que, de início, preocupou o grupo no exterior. “Os estrangeiros acharam que isso não seria viável, por conta da rapidez exigida no serviço. Mas está dando certo e as pessoas estão respondendo super bem à essa opção ”, diz. “Estamos investindo nesse nicho de comida rápida, mas de qualidade. O cliente que entra na Wendy’s tem a sensação de que está pagando um preço justo”, diz.
Michel Chaim, diretor da Taco Bell - gigante da comida mexicana, no Brasil - também destaca o acesso a pontos comerciais como um fator que motiva a entrada no país ainda este ano. “Nem tanto pelo valor dos alugueis, mas a luvas pagas pelos pontos comerciais estão sem dúvidas em valores bastante atrativos”, afirma.
Chaim diz que a rede não se enquadra exatamente no conceito fast food. “Nosso propósito é oferecer comida de qualidade, em ambientes agradáveis e a preço acessível”, diz. Segundo Chaim, o cardápio vai repetir as opções que a rede oferece lá fora. “ O público está pedindo exatamente os mesmos produtos que conhecem por já terem experimentado a rede Taco Bell lá fora”, afirma Chaim. O que pode acontecer é uma dosagem mais diferenciada na pimenta, para adequá-la ao paladar brasileiro.
A estratégia da rede passa por São Paulo, capital, que receberá as primeiras unidades até o final do ano, e depois interior do Estado. Só depois de consolidar a marca por aqui, deverá explorar outros Estados do país. Até 2020, o projeto prevê 100 lojas.
Uma das redes mais antigas do país, o Bob´s, que surgiu no Brasil há 64 anos e hoje conta com 1130 lojas, mantêm os planos de expansão. Marcello Farrel, diretor geral do Bob's, afirma que a empresa deverá abrir mais 100 unidades neste ano, repetindo o número de 2015.
Em 2014 o Bob’s iniciou a reforma de suas lojas, com mudanças na decoração e possibilidade de autoatendimento, também já atento a esse novo consumidor, mais exigente. “O cliente não quer mais aquele serviço padronizado, quer ele próprio escolher o que vai comer e montar ou escolher seu lanche, como faz nos restaurantes”, afirma Farrel.
A expectativa é que em 5 anos todas as lojas da marca estejam reformuladas. O crescimento de faturamento da rede tem sido de 10% ao ano nos últimos cinco anos. E neste ano, o grupo tem intensificado a expansão por cidades do interior do país. “Estamos fazendo um road show pelo interior do país, buscando interessados em representar nossa marca”, diz Farrel.
Neste ano, também o Burger King abriu um programa de franquias para interessados em operar a marca em cidades do interior. A rede conseguiu um novo sócio neste ano, o capital Group, que injetou 350 milhões de reais no caixa da companhia para que ela consiga manter a média dos últimos anos e abrir mais 100 lojas em 2016, alcançando 630 unidades.
O Burger King mantém o DNA fast food, mas procura martelar ao consumidor a qualidade de seus lanches - a rede quer que seu cliente acredite que está comendo na lanchonete a comida que tem em casa. O cliente também pode trocar o pão ou o molho de um sanduíche pelo de outro. As adaptações em relação à matriz são poucas.
A empresa ouviu as queixas sobre a qualidade de suas batatas, e fez testes no produto com consumidores até chegar àquela que caía no gosto do consumidor brasileiro. Hoje já consegue em vez de distribuir de graça como a maioria das redes, vender sachês de maionese em suas lojas, graças ao reconhecimento da qualidade do produto pelo cliente, medido via redes sociais.