Negócios

Rede J.C. Penney, ex-dona da Renner, pode quebrar com coronavírus

As dificuldades da varejista não são inéditas e a empresa já enfrenta o aumento do comércio eletrônico nos EUA, que levou ao fechamento de milhares de lojas

JC Penney (Patrick Fallon/Bloomberg)

JC Penney (Patrick Fallon/Bloomberg)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 15 de abril de 2020 às 10h51.

Última atualização em 15 de abril de 2020 às 22h33.

A varejista americana J.C. Penney considera pedir falência em meio à pandemia do novo coronavírus. A crise forçou a empresa a fechar 850 lojas de departamento e reconsiderar o seu plano de reestruturação, disseram fontes à Reuters. De acordo com as fontes, a J.C. Penney tem acesso a caixa e a financiamento para passar pelos próximos meses, mesmo com a redução das receitas em decorrência do fechamento das lojas. 

Ainda assim considera pedir falência, nos Estados Unidos um recurso jurídico semelhante à recuperação judicial no Brasil. Outras opções incluem ainda pedir mais tempo para pagamento das dívidas e novas fontes de financiamento para proteger a empresa e guardar caixa para passar por esse momento de pandemia. 

A empresa de lojas de departamento foi, durante alguns anos, controladora da brasileira Renner. Comprada em 1998, a Renner expandiu sua atuação pelo Brasil. Em 2005, a J.C. Penney vendeu o controle da brasileira por 230 milhões de dólares. 

Enquanto a Renner se tornou uma das maiores empresas brasileiras, a americana seguiu o caminho contrário. Pressionada pelo crescimento do comércio eletrônico e mudanças no consumo, em 2018, o valor das ações da empresa caiu para menos de 1 dólar pela primeira vez desde que começou a ser negociada nos Estados Unidos. Ontem as ações da empresa chegaram a cair 2,7%. Desde o início do ano, perderam mais de 70% do seu valor e hoje valem 32 centavos de dólar. 

As dificuldades da varejista não são inéditas. De um lado, a empresa já enfrenta há bastante tempo o aumento do comércio eletrônico nos Estados Unidos, protagonizado pela gigante Amazon, que levou ao fechamento de milhares de lojas no país.

Por outro lado, há um problema novo: o coronavírus, que forçou varejistas em todo o mundo a fechar lojas momentaneamente para diminuir o risco de contaminação. Todas as 850 lojas da J.C. Penney nos Estados Unidos e Porto Rico foram fechadas. São mais de 95.000 funcionários.

Em 2019, as vendas da empresa caíram 8%, para 10,7 bilhões de dólares. O prejuízo da empresa no ano foi de 268 milhões de dólares, maior que há um ano, quando a empresa reportou perdas de 255 milhões de dólares.

Em setembro, a J.C. Penney contratou a consultoria AlixParners para buscar novas opções financeiras, segundo a Bloomberg. A empresa se aproxima de 4 bilhões de dólares de dívidas e vê suas receitas encolhendo cada vez mais.

No início desta semana, a agência de classificação de risco Moody's cortou o rating da varejista por prever riscos maiores e dificuldades em continuar com seu plano de reestruturação.

"Embora a liquidez da JC Penney seja adequada, o fechamento generalizado de lojas como resultado da pandemia de coronavírus e a supressão contínua da demanda do consumidor devem pressionar o EBITDA da JC Penney, impedir sua estratégia de recuperação e enfraquecer sua alavancagem para níveis insustentáveis", alerta a agência

Se a pandemia já afeta empresas que estavam em crescimento, o impacto é muito maior para a J.C. Penney, que já lutava pela sua sobrevivência.

Acompanhe tudo sobre:FalênciasLojasLojas de departamentoVarejo

Mais de Negócios

Esta empresária catarinense faz R$ 100 milhões com uma farmácia de manipulação para pets

Companhia aérea do Líbano mantém voos e é considerada a 'mais corajosa do mundo'

Martha Stewart diz que aprendeu a negociar contratos com Snoop Dogg

COP29: Lojas Renner S.A. apresenta caminhos para uma moda mais sustentável em conferência da ONU