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Rede de ensino básico Decisão, de SP, capta R$ 20 milhões com Rise Ventures

Companhia que começou com 500 alunos na zona sul da capital paulista hoje atende 11 mil alunos em cidades de São Paulo e de Minas Gerais. Recursos devem ser usados na expansão do negócio

Regina e Gabriel Alves, da Rede Decisão: em quatro anos, receita operacional líquida da rede de escolas passou de R$ 70 milhões para R$ 146 milhões (Divulgação/Divulgação)

Regina e Gabriel Alves, da Rede Decisão: em quatro anos, receita operacional líquida da rede de escolas passou de R$ 70 milhões para R$ 146 milhões (Divulgação/Divulgação)

Leo Branco
Leo Branco

Editor de Negócios e Carreira

Publicado em 2 de dezembro de 2024 às 11h02.

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A Rede Decisão, com 21 escolas no Sudeste, recebeu R$ 20 milhões do fundo Rise Ventures. O valor será utilizado para expandir a rede e melhorar a gestão das escolas existentes.

O foco será em modernizar a administração e melhorar a formação de professores.

A origem da Rede Decisão

Fundada em 1984 por Regina Alves, a Rede Decisão começou como uma escola de Educação Infantil no Jardim Prudência, zona sul de São Paulo.

Em 2015, Gabriel Alves assumiu a gestão da empresa, que até então operava apenas com uma unidade. O objetivo desde o início foi oferecer ensino de qualidade a um preço acessível a um público da classe média em regiões periféricas.

Na ocasião, a escola tinha cerca de 500 alunos. De lá para cá, a Rede Decisão passou a crescer, abrindo novas unidades e comprando escolas de terceiros.

Em nove anos, foram 17 aquisições, com expansão de 12% no faturamento das unidades adquiridas. Além disso, As aquisições reduziram os custos operacionais em 8% em média dessas unidades.

Em paralelo, a Rede Decisão construiu do zero outras três escolas. Hoje, a companhia atende 11,4 mil alunos em 21 unidades em São Paulo e Minas Gerais.

A percepção de valor pelos pais é um dos pilares da expansão da Rede Decisão. Com mensalidades entre R$ 700 e R$ 1,8 mil, em regiões densamente povoadas, as escolas da rede se destacam como a melhor relação custo-benefício para quem não quer abrir mão da qualidade da educação dos filhos.

"Onde estamos presentes, nossas escolas conquistam o reconhecimento de formar os melhores alunos, que garantem as vagas mais disputadas nas universidades ou apresentam os melhores desempenhos em concursos", diz Alves.

No último ano, todas as unidades da rede superaram a média nacional no Enem, e 12 das 21 escolas ficaram entre as três melhores de suas regiões.

Quem é Gabriel Alves

Antes de se tornar CEO da Rede Decisão, Gabriel Alves teve uma carreira sólida no mercado financeiro e em grandes empresas.

Formado em Administração de Empresas, Alves começou sua trajetória no setor financeiro, passando por instituições como Fama Investimentos e Victuá.

Com uma bagagem no mercado de small caps, ele se dedicou ao estudo de empresas de alto potencial e ao desenvolvimento de modelos de gestão.

Em 2015, após sua experiência no mercado financeiro, Alves decidiu mudar de rumo e se unir à sua mãe.

“Foi um desafio e tanto. A educação exige muita dedicação e presença. Minha experiência no mercado financeiro ajudou, mas a verdadeira mudança aconteceu quando começamos a focar nas necessidades reais dos alunos e na qualidade do ensino”, diz Alves.

Como a Rede Decisão cresceu

Nos últimos quatro anos, a receita líquida da Rede Decisão aumentou de R$ 70 milhões, em 2021, para R$ 146 milhões, em 2024.

A receita para o crescimento foi a centralização das operações administrativas, o treinamento de professores e a implementação de tecnologias para facilitar a gestão.

“O foco foi criar processos para que os professores pudessem se concentrar no ensino”, afirma.

A centralização foi feita por meio de um centro de serviços compartilhados. Ou seja, tarefas como contabilidade e recursos humanos não são mais feitas nas escolas, mas num espaço só, na sede da companhia.

Nas escolas, o foco passou a ser apenas o pedagógico.“O modelo foi um dos maiores responsáveis pela nossa capacidade de escalar”, diz Alves.

O modelo de centralização tem seus desafios. As escolas adquiridas precisam passar por um processo de integração que pode levar algum tempo.

“A adaptação ao modelo centralizado nem sempre é simples, mas acreditamos que ele é essencial para garantir a consistência e qualidade”, diz Alves.

O aporte da Rise Ventures

A Rise Ventures, especializada em negócios com impacto social, investiu R$ 20 milhões na Rede Decisão, após oito meses de negociações e auditorias em áreas como pedagógica, financeira e  ESG.

O fundo, que já analisou mais de 200 empresas de educação no Brasil, optou pela Rede Decisão por sua combinação entre ensino de qualidade, preço acessível e modelo de negócio focado em escala.

“A educação de qualidade e de baixo custo é um ponto forte da Rede Decisão, e acreditamos que o potencial de crescimento é grande”, afirma Daniel Madureira, sócio da Rise.

Com esse aporte, a Rise atinge R$ 150 milhões em ativos no seu primeiro fundo, que agora inclui sete empresas. O portfólio inclui outras empresas de educação, como a curitibana Alicerce.

Em 2021, a Rede Decisão recebeu R$ 60 milhões da Blue Like an Orange. Em 2023, firmou parceria para adquirir escolas do Grupo Atmo Educação, ampliando a presença no interior de São Paulo.

Esse novo investimento é, segundo Alves, uma oportunidade para acelerar a expansão e melhorar as escolas. A Rede Decisão, que começou com um número reduzido de unidades, agora pretende aumentar ainda mais seu portfólio.

“Vamos continuar a expandir e melhorar as escolas existentes”, diz Alves. “O objetivo é sempre ter mais alunos com a mesma qualidade de ensino.”

O mercado de educação básica no Brasil

O setor de educação básica no Brasil movimentou algo como 90 bilhões de reais no último ano e segue em expansão puxado sobretudo pelo investimento de famílias de áreas periféricas, nde a educação pública não consegue suprir a demanda por ensino superior. Apesar disso, no consolidado, incluindo os gastos públicos, o Brasil segue gastando menos que países da OCDE, que inclui algumas das nações mais ricas do planeta.

Apesar do crescimento, o mercado também enfrenta desafios significativos, como a concorrência crescente de redes de ensino maiores e mais estruturadas, que disputam a mesma fatia de mercado.

De acordo com um levantamento, o número de escolas privadas no Brasil cresceu 8% entre 2013 e 2022, com aumento expressivo no número de matrículas.

“A educação no Brasil tem suas dificuldades”, diz Alves. “Concorrentes maiores estão cada vez mais presentes, e nós precisamos ser ágeis e focados no que dá retorno imediato.”

O caminho para o futuro

Com o aporte da Rise Ventures, a Rede Decisão tem planos de expandir sua presença em mais estados. A meta é chegar a 50 unidades escolares em até cinco anos.

Alves acredita que as mudanças na educação no Brasil são muitas e rápidas, e que as escolas devem se adaptar para não perder o ritmo.

Porém, Alves também frisa que o crescimento não pode ser apressado. “Nosso foco é qualidade, e para expandir precisamos garantir que todas as escolas, novas ou adquiridas, mantenham o mesmo padrão de ensino, o que exige atenção constante a cada novo passo que a Rede Decisão der”, diz.

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