Repórter
Publicado em 29 de novembro de 2024 às 15h00.
Última atualização em 29 de novembro de 2024 às 15h02.
O mercado de alimentação saudável não para de crescer. Segundo a Grand View Research, o mercado global de alimentos saudáveis pode atingir US$ 303,27 bilhões até 2027, com uma taxa de crescimento anual de 5,1%.
No Brasil, as estimativas são ainda mais otimistas, com o setor de alimentos e bebidas saudáveis alcançando US$ 25,8 bilhões em 2024, um crescimento anual de 4,4%.
Ainda assim, encontrar esses produtos — principalmente orgânicos e sustentáveis — de forma acessível e barata continua sendo um desafio para o consumidor.
Foi nesse contexto que, em 2016, o paulista Tomás Abrahão criou a startup paulista Raízs. Ela conecta pequenos agricultores de produtos orgânicos diretamente ao consumidor final e acaba de lançar seu primeiro aplicativo oficial. Em menos de um mês, o app já é responsável por 33% da receita.
A Raízs tem se destacado ao oferecer um modelo simples, mas eficiente, que busca garantir a entrega de alimentos frescos em larga escala.
Lá no início, o foco era em frutas, verduras e vegetais. O que mais vendia, relembra o fundador, era tomate, alface e banana. Hoje, a plataforma oferece muito mais: já tem a própria marca e vende pães, castanhas, queijo, suplementos e mais.
São 120 mil clientes registrados e uma meta de R$ 100 milhões em faturamento até 2026. “Não estamos aqui só para crescer rápido. Precisamos crescer de forma sustentável e manter nossa proposta de valor, tanto para o agricultor quanto para o cliente”, afirma o empreendedor.
Como a Liv Up reinventou a própria receita e agora mira R$ 250 milhões de faturamentoA história da Raízs começa com Tomás recém-formado, sem experiência em agricultura ou no mercado de alimentos. Ele se formou em engenharia e não tinha nenhuma vivência prática nesse setor, mas tinha interesse: passou a vida inteira vendo a mãe preparar pratos saudáveis e entendia a importância disso.
“Eu tinha R$ 5 mil na conta e, sinceramente, não sabia nem por onde começar. Mas sabia que o modelo fazia sentido”, diz Abrahão.
No início, a abordagem era simples: ir atrás de agricultores, convencer de que a plataforma faria sentido para eles e criar uma rede de produtores.
Para isso, Tomás se aventurou pelas estradas de São Paulo. Em uma das primeiras viagens, ele chegou a dormir no carro na cidade de Ibiúna, no interior do estado, enquanto tentava conversar com os agricultores.
O resultado? De 40 agricultores que ele tentou convencer, apenas 3 aceitaram.
"Foi difícil. Muitos preferiam continuar com os intermediários, mas eu não desisti. Eu sabia que, se conseguisse convencer um, os outros viriam", diz ele.
NotCo desiste dos congelados no Brasil e aposta nas bebidas proteicas para competir com YoProA escalabilidade do modelo veio com o tempo, e, para isso, a Raízs teve que investir pesado em logística e tecnologia. "A grande questão era como escalar sem perder a qualidade", diz Abrahão.
Foi só a partir de 2020 que as coisas começaram a dar certo em termos de escala. A Raízs terminou o primeiro ano de pandemia com um faturamento cinco vezes maior do que em 2019 e triplicou o quadro de funcionários para lidar com a alta demanda.
Logo depois a startup lançou o sistema de assinatura, o que trouxe uma receita recorrente e mais previsibilidade para o negócio. Agora, em 2024, a startup acaba de lançar seu aplicativo, que, no primeiro mês, já representa 33% da receita da empresa.
Segundo o fundador, o app tem sido fundamental não só para aumentar as vendas, mas também para alcançar um público maior e expandir a base de clientes.
Além disso, a Raízs continua diversificando seus produtos. Em 2024, a empresa adicionou mais de 2 mil novos itens à sua linha de Mercearia Saudável, com opções que vão de alimentos sem glúten, sem lactose, até produtos veganos, suplementos e bebidas saudáveis. Isso inclui, por exemplo, pães, ovos e até castanhas.
A Raízs tem planos de continuar aumentando sua base de clientes no Brasil, como a região do Nordeste e o Rio Grande do Sul, além de explorar mercados internacionais como a Argentina. Para 2025, a meta é dobrar o faturamento e ampliar a penetração de seus produtos.