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Raízen vê safra de cana menor no Brasil neste ano

Segundo o CEO da Raízen, Brasil deve produzir menos cana neste ano, resultado de investimentos aquém dos necessários nos canaviais

Raízen: a empresa conta com dois braços: a Raízen Energia, que opera usinas de cana, e a Raízen Combustíveis, que realiza a distribuição de combustíveis Brasil afora (Dado Galdieri/Bloomberg)

Raízen: a empresa conta com dois braços: a Raízen Energia, que opera usinas de cana, e a Raízen Combustíveis, que realiza a distribuição de combustíveis Brasil afora (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Reuters

Publicado em 19 de março de 2018 às 12h01.

Última atualização em 19 de março de 2018 às 12h04.

São Paulo - O Brasil deve produzir menos cana neste ano, resultado de investimentos aquém dos necessários nos canaviais, que, consequentemente, estão mais envelhecidos e com produtividade reduzida, avaliou nesta segunda-feira o CEO da Raízen, joint venture entre Cosan e Shell, Luis Henrique Guimarães.

A empresa conta com dois braços: a Raízen Energia, que opera usinas de cana, e a Raízen Combustíveis, que realiza a distribuição de combustíveis Brasil afora.

"Acreditamos que a safra do Brasil como um todo será menor, dado o baixo investimento em plantio e tratos culturais, por falta de recursos (das usinas)", comentou o executivo, durante o evento anual Cosan Day, com analistas e investidores, em São Paulo.

A declaração do executivo contrasta com uma recente pesquisa da Reuters junto a consultorias e outros agentes do mercado, que apontou certa estabilidade no volume de cana processada no centro-sul do Brasil durante a temporada 2018/19, cujo início oficial é em 1° de abril.

No atual ciclo, a expectativa é de que a região, a maior produtora de cana do mundo, registre moagem de 585 milhões de toneladas.

Maior companhia sucroenergética a nível global, a Raízen Energia deve moer cerca de 61 milhões de toneladas de cana em 2017/18 e algo entre 63 milhões e 67 milhões de toneladas em 2018/19, conforme guidance divulgado pela Cosan.

Guimarães destacou, porém, que o setor em geral deve se voltar ao etanol neste ano, dada a demanda "excelente", com precificação ainda atrativa pelo biocombustível.

Segundo ele, as altas tributárias mais fortes sobre a gasolina, aplicadas no segundo semestre do ano passado pelo governo, melhoraram a competitividade do álcool ante o derivado do petróleo, o que responde pelo consumo aquecido desde então.

Pelos dados apresentados por Guimarães durante o Cosan Day, o preço médio da gasolina no Brasil atualmente está em 4,094 reais por litro, enquanto o do etanol em 2,874 reais.

"O etanol tem hoje competição justa com a gasolina", afirmou Guimarães, citando também a nova sistemática de formação de preços de combustíveis da Petrobras, em vigor desde julho do ano passado, que segue o mercado internacional, com ajustes quase que diários nos valores dos produtos.

Para ele, essa política, com os preços domésticos e internacionais dos combustíveis praticamente emparelhados, reduz a arbitragem de importação, tornando a operação um "jogo" possível apenas para empresas mais bem posicionadas, com "qualidade e eficiência".

"O Brasil tem necessidade de importação (de combustíveis), mas nada cavalar. Vão ter picos de oportunidade... Quando tivermos essa oportunidade, essa abertura, estaremos presentes, não só para suprir melhor nossa rede, nossos clientes, mas também para fazer dinheiro", comentou Guimarães.

O executivo destacou ainda que a empresa está "feliz" com o processo de integração das usinas da Tonon, adquiridas no ano passado, e que não há no radar outras aquisições neste ano.

Quanto aos ativos da Shell na Argentina, pelos quais a empresa ofertou 1 bilhão de dólares, Guimarães afirmou que a Raízen aguarda uma decisão por parte da petroleira anglo-holandesa.

Na teleconferência com analistas e investidores pela ocasião do balanço do quarto trimestre de 2017, a Cosan já havia destacado que esperava uma resposta da Shell.

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