Cervejaria Prazdroj da SABMiller produzindo a cerveja larger Pilsner-Urquell em Pilsen, na República Tcheca (Sean Gallup/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 3 de março de 2014 às 18h25.
Londres/Nova York - A desaceleração do crescimento da Anheuser-Busch InBev e a falta de grandes alvos para aquisição podem finalmente levar a maior fabricante de cerveja do mundo a engolir sua rival de US$ 79 bilhões, a SABMiller.
Depois que a AB InBev multiplicou a receita em mais de cinco vezes nos últimos 10 anos com a ajuda de US$ 91 bilhões em aquisições, o crescimento da fabricante da Budweiser e da Stella Artois deverá desacelerar na próxima década, segundo estimativas de analistas compiladas pela Bloomberg. Aproveitar a presença da SABMiller em regiões de expansão mais rápida como a África permitiria à AB InBev fazer com que o crescimento fluísse novamente, disseram as acionistas Alpine Woods Capital Investors LLC e Henderson Global Investors.
O CEO da SABMiller, Alan Clark, disse à Bloomberg News em janeiro que há boas razões para uma combinação, embora a operação provavelmente exija a venda de algumas operações americanas para acalmar os órgãos reguladores. A Sanford C. Bernstein Co., que chamou uma união AB InBev-SABMiller de “megacervejaria”, estima que as empresas teriam quase metade da base de lucro do mercado global de cervejas. O fechamento do acordo aumentaria os lucros da AB InBev imediatamente se ela pagasse um prêmio de 30 por cento em dinheiro pela SABMiller, mostram dados compilados pela Bloomberg. Os cortes de custos podem elevar ainda mais o lucro.
“Trata-se de um óbvio próximo -- e, na verdade, último -- grande movimento da ávida AB InBev”, disse Matthew Beesley, diretor de ações globais da Henderson Global Investors, com sede em Londres, que supervisiona US$ 125 bilhões, incluindo ações da AB InBev. “Há também, claramente, alguma lógica estratégica para o negócio, para preencher ordenadamente todos os buracos geográficos que a AB InBev diz que quer preencher”.
Tendências de vendas
O valor de mercado da AB InBev hoje é equivalente a US$ 165 bilhões e o da SABMiller é de US$77,8 bilhões. Em 2013, a AB InBev obteve cerca de 80 por cento de seu lucro normalizado antes de juros, impostos, depreciação e amortização nos EUA, no Canadá, no Brasil e no México, disse a empresa na semana passada. O Ebitda normalizado exclui rendas ou despesas extraordinárias.
A aquisição da SABMiller daria à AB InBev mais de US$ 7 bilhões em receita na África com marcas como Castle e quase US$ 4 bilhões em vendas na Ásia, reduzindo a dependência da AB InBev em relação às Américas e ao Brasil, mostram dados compilados pela Bloomberg. Com a América Latina representando o maior mercado da SABMiller, um acordo também ampliaria a presença da AB InBev em países como Colômbia, Equador e Peru. Entre suas marcas latino-americanas estão a Cristal e a Águila.
“A SAB tem uma porção de ativos de mercados emergentes e, em particular, em áreas onde a AB InBev não necessariamente tem muita influência”, disse Bryan Keane, gerente financeiro da Alpine Woods, em entrevista por telefone. “Neste momento, a AB InBev não tem muitos negócios na África, onde a SAB é um grande player”.
Embora um acordo possa não acontecer imediatamente, ele é possível em três a cinco anos, já que a AB InBev busca formas de continuar crescendo, disse Keane, da Alpine Woods.
“De uma forma geral, o mercado global de cervejas não é um negócio de alto crescimento”, disse ele. “Você tem bolsões de força, que ficam mais no lado emergente do mundo. Mas se essas empresas estão buscando crescimento, a consolidação é uma forma de elas fazerem isso”.