Abilio Diniz: executivo afirma que seguirá influenciando via conselho nos rumos do Carrefour, onde é o terceiro maior acionista, e da BRF (@_openspace_/Reprodução)
Estadão Conteúdo
Publicado em 11 de dezembro de 2017 às 12h25.
São Paulo - Prestes a completar 81 anos, o empresário Abilio Diniz diz que não pretende parar de trabalhar, e traça planos.
À frente de importantes negócios por meio da Península, empresa de investimentos de sua família, afirma que seguirá influenciando via conselho nos rumos do Carrefour, onde é o terceiro maior acionista, e da BRF.
Abilio afirma que não quer se envolver diretamente em política, mas pretende usar as redes sociais para estimular o voto consciente em deputados.
A seguir, os principais trechos da entrevista.
O sr. conseguiu impor o nome de José Aurélio Drummond Jr. na BRF. Mas houve votos contra.
Ele foi eleito por maioria. Ponto. Está apoiado por todos de maneira muito forte. Estamos todos com o mesmo propósito, de fazer o melhor para a companhia, com bom clima e muita esperança. (Abilio não quis confirmar se deu voto de Minerva para desempatar o placar e eleger Drummond).
Como está seu relacionamento com os fundos Previ e Petros?
O interesse é comum. Temos de fazer o melhor para a BRF. Quanto a isso ninguém tem dúvida. O resto é o resto.
Qual influência que o sr. terá nos planos de crescimento do Carrefour lá fora e no Brasil?
O Abilio não é mais um operador. Temos capacidade de influir sim. Mas sempre por meio dos conselhos. A administração anterior era fechada. Alexandre Bompard (novo presidente do Carrefour) é completamente diferente. O Noel Prioux (novo presidente Brasil) é diferente. Há interação. Com essa possibilidade de diálogo, posso aproveitar do meu conhecimento de quase 50 anos na distribuição, e não só como gestor. O Carrefour estava muito parado. Agora estamos trazendo gente competente para acelerar a parte digital.
Qual empresa te motiva mais?
Está sendo um ano bom. Não há muitos empresários no mundo que trocam três presidentes de empresas enormes ao mesmo tempo. E nós trocamos ou ajudamos a trocar o global do Carrefour, o do Carrefour no Brasil e da BRF. A Península está num ano muito bom. A Anima, de educação, está se recuperando de maneira extraordinária. A Wine.com, distribuidora de vinho e de cerveja, vai muito bem. A Benjamin (padarias) começou como uma empresinha e já vai avançando. Até 2018, teremos nova fábrica para expandir com muita força. Tem a parte de mercados da Península, com o escritório em Nova York. O gostoso nessa altura da vida é fazer tudo com satisfação.
O sr. bateu suas metas?
Sempre bato as minhas metas.
Quais são as metas para 2018?
Este ano, fiz um evento em Portugal chamado Plenitude, voltado para viver bem e com felicidade. Foi um sucesso. Lançaremos em março no Brasil uma plataforma internacional colocando nossos conhecimentos sobre o assunto para o maior número de pessoas.
A eleição atrapalhará a retomada do crescimento no Brasil?
As eleições estão aí e é o que nós temos. Estava preocupado até o início de 2016. Neste momento, estou muito otimista e muito esperançoso. A conscientização dos brasileiros de que precisamos de reforma é muito grande. Todos nós sabemos que precisamos fazer a reforma da Previdência. Espero que seja feita por Temer agora. Quero usar a minha voz para estimular as pessoas para votarem bem, renovar o Congresso. Somos muito ativos nas redes sociais. Alcancei 1 milhão de seguidores no Facebook, de longe sou o maior empresário em número de seguidores. Somos ativos na mídia Twitter. Quero usar a minha voz, meu poder de convencimento, para estimular as pessoas a votarem bem. As pessoas não dão importância para o Congresso, que é tão importante quanto o Executivo.
O sr. terá nomes ou partidos?
Nem estou pensando em nomes ou partidos. Quero que as pessoas encontrem o seu.
Como vê movimento de �outsiders� entrando na política?
O que nós estamos procurando são jovens que se interessem mais pela carreira política. É um movimento que procuramos fazer, de conscientização política.
Tem ambição política?
Nenhuma. Zero. Empresário não pode ser político. Empresário tem de gerar riquezas e emprego e, paralelamente, pensar no País. Através da mídia, redes sociais, pensar em votar consciente para o Congresso.
Não pretende se posicionar?
Nunca declarei meu voto. A gente acaba criando momentos ruins, dizer votei nesse ou naquele. Tem de estimular a população a votar bem.
Pensa em parar?
Parar de fazer o quê? Minha mulher não vai aguentar, meus filhos não vão aguentar. Nem eu vou me aguentar. O Abilio é um pacote, não é um pedacinho. Esse lado empresário faz parte da minha vida. É preciso dar equilíbrio. Dou atenção ao meu trabalho, minha família, meus esportes... Se eu parar...
O governo Temer é elogiado pela pauta econômica, mas criticado pelo aspecto ético. É o caso de se separar as duas coisas?
O combate à corrupção tem de ser mundial. Isso tem de continuar. Tem de separar as agendas. Isso não pode prejudicar a agenda econômica. Incrível que não prejudicou. Toda a questão da delação dos Batistas. Os investidores lá fora separam bem. Estão preocupados se a gente aprova as reformas. Tem de continuar (o combate à corrupção), mas isso é coisa para Sérgio Moro, Raquel Dodge. Mas (Henrique) Meirelles tem de seguir fazendo o que está fazendo.
Ele é um nome para 2018?
Ele está fazendo um bom trabalho. Espero que continue fazendo. Se vai ser candidato, não é da minha agenda.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.