O Conselho não é obrigado a se restringir à lista ao escolher um presidente do Conselho para o longo prazo mas um nome, o segundo de cima para baixo, está facilmente no topo da lista de prováveis sucessores da maior parte dos analistas: a filha mais velha do patriarca, Ana Botín (REUTERS/Sergio Moraes)
Da Redação
Publicado em 1 de maio de 2013 às 16h18.
Madri - Enterrada no meio das páginas do mais recente relatório anual do Santander, há uma lista de 11 nomes que podem substituir Emilio Botín caso o presidente do Conselho de Administração do banco espanhol morra ou se aposente.
É uma formalidade legal, publicada todo ano, e poucos prestaram muita atenção à lista. Mas agora, após a súbita partida na segunda-feira do presidente-executivo Alfredo Saenz, o tabu de quem pode um dia substituir o presidente do Conselho, de 78 anos de idade, está sendo discutido por investidores, ainda que Botín não dê sinais de que está próximo de deixar o cargo.
Listados em ordem de tempo de serviço no Conselho, os nomes publicados no último relatório incluem o ex-presidente-executivo Rodrigo Gordillo e o confidente de Botín, Juan Inciarte. O Conselho não é obrigado a se restringir à lista ao escolher um presidente do Conselho para o longo prazo mas um nome, o segundo de cima para baixo, está facilmente no topo da lista de prováveis sucessores da maior parte dos analistas: a filha mais velha do patriarca, Ana Botín.
A partida de Saenz, de 70 anos de idade, foi desencadeada por uma batalha jurídica envolvendo uma condenação criminal e não foi um resultado desejado pelo do presidente do Conselho. A saída deu fim a uma das parcerias mais bem-sucedidas do setor de bancos de varejo, que durou quase 20 anos, durante os quais Saenz e Don Emilio, como é amplamente conhecido, transformaram um negócio familiar no maior banco da Zona do Euro.
Botín não deu sinais de que ele pode considerar abrir mão de um posto que já foi ocupado por seu pai e por seu avô. Questionado por jornalistas há algumas semanas sobre seus planos, ele simplesmente sorriu e disse que está trabalhando em capacidade plena.
O banco recusou-se a comentar sobre a sucessão e investidores e fontes próximas ao Santander disseram à Reuters que é pouco provável que Botín seja alvo de pressão para se aposentar. Segundo eles, ele ainda é tido em alta consideração por executivos e acionistas.
Mas isso não impediu exames das possibilidades de uma transferência de poder dentro da família, que agora está apenas na quarta posição entre os principais acionistas do grupo, e sobre como uma nova equipe de liderança vai operar agora que o duo Botín-Saenz passou aos anais da história.
Alguns interpretaram que a nomeação do presidente-executivo de 46 anos de idade Javier Marin, chefe de banco privado e também um confidente do presidente do Conselho, abriu as portas para que Ana Botín, de 52 anos de idade, suceda seu pai.
Uma vice-presidente-executiva do Santander desde 1992 e presidente do Conselho Administrativo do banco de varejo espanhol Banesto por oito anos, a Botín mais velha dirige o Santander UK. Além disso, acredita-se amplamente que ela quer dar cabo de uma adiada listagem da unidade britânica em bolsa antes de voltar à Espanha para assumir os negócios.
"Ana está no lugar certo", disse o professor da escola de negócios Lauder Institute na Pennsylvania e autor de um livro sobre o Santander Maurilo Guillen, acrescentando que não é um problema para ela que Marin, e não ela, foi promovido a presidente-executivo. "Teria sido um erro promovê-la a presidente-executiva".