Olivier Anquier, do Mundo Pão: quero levar os produtos para mais pessoas (Mundo Pão do Olivier/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 28 de junho de 2024 às 15h19.
Última atualização em 28 de junho de 2024 às 15h41.
O “Mundo Pão do Olivier” se prepara para um novo momento, com a abertura de quatro unidades em São Paulo. A primeira já está definida: a antiga sede da joalheria Amsterdam Sauer, em uma das esquinas icônicas de São Paulo, no bairro da República.
“Quando eu abri o Mundo Pão, eu queria uma maneira de aproximar o cliente do produto, eliminando essa parede que separa o cliente do produto e não consegue transmitir aquilo que está na frente dos seus olhos”, afirma Olivier Anquier. O conhecido chef francês que empreende no Brasil desde os anos 1980 e está por trás também do L'Entrecôte d'Olivier e do Esther Rooftop.
"Eu decidi fazer com que essa conversa do produto com o consumidor fosse direta. Como se a pessoa estivesse numa joalheria e abrisse a gaveta para pegar essa joia, que é o meu coração com creme de amêndoas, que é o folhado e o meu vulcão de chocolate", diz.
No novo endereço, na esquina das avenidas Ipiranga e São Luís, a metáfora se completa. A loja deve se tornar a estrela da rede, hoje com apenas uma unidade no Conjunto Nacional, na Avenida Paulista. O Mundo Pão nasceu em 2016 e sucumbiu no começo de 2021 em plena pandemia.
O renascimento veio um ano depois, já no novo endereço e com sócios Rafael Ribeiro e Marcone Moraes, amigos de longa data de Olivier e administradores do Boteco 28, no Farol Santander. No ano de retorno, o Mundo Pão faturou R$ 4 milhões, número que avançou mais de 10% em 2024.
Os sócios decidiram que era o momento de expansão e definiram um modelo de equity crowdfunding, similar à estrutura de vaquinhas, para captação de recursos, fugindo das formas mais tradicionais — e até mesmo das franquias, em alta no mercado.
Com mais de 30 anos empreendendo, essa foi a primeira vez que o chef recorreu à captação. "Tudo que eu faço, eu não tenho padrinho atrás de mim. Nos meus negócios, eu tenho um sócio, que não é um investidor, mas que trabalha e que tem o porquê de estar na empresa. Por isso, eu não sou rico", diz.
O projeto foi liderado por Ribeiro e Moraes. Em pouco mais de três meses, a iniciativa, rodada pela plataforma da Osten Invest, captou R$ 3,4 milhões com 34 investidores — o valor de cada cota foi estabelecido em R$ 50 mil.
"Acho que fez muito sentido para nós iniciar essa jornada com esse formato. O Olivier é um cara que tem esse DNA de estar na casa das pessoas. Então, é quase que icônico começar uma jornada compartilhando essa primeira leva de expansão com as pessoas", diz Ribeiro. Segundo o executivo, mais de 5 mil pessoas se inscreveram na plataforma, mas a decisão foi encerrar a rodada no valor de R$ 3,4 milhões.
"A nossa rentabilidade em termos de Ebitda sempre foi nesses patamares que colocamos dentro da operação", afirma Ribeiro. De acordo com o executivo, à medida que o negócio ganha mais corpo, a expectativa é de que a margem se torne ainda maior, diluindo os custos entre as operações.
A ambição dos sócios é que todas as unidades estejam em funcionamento até dezembro para começar 2025 com a operação a plenos pulmões. Mas, além da loja na República, há apenas mais uma com endereço confirmado, no MorumbiShopping. As outras duas ainda estão pendentes de análise de pontos e conversas.
"A fotografia que eu espero para 2025 é poder dar a oportunidade para que mais pessoas possam provar aquilo que está sendo comentado. Conseguir colocar mais perto delas a oportunidade de poder viver essa emoção", afirma Anquier, que se reconhece como padeiro de ‘nascimento’.
O plano em curso pela Mundo Pão do Olivier percorre uma trajetória já empreendidas por redes como a Benjamin Padaria (ex-Benjamin Abrahão), num esforço para escalar em um mercado cheio de padarias de bairro e familiares. No primeiro trimestre do ano passado, segundo o Sebrae, foram abertas 154 padarias por dia no país. São Paulo fechou o período com quase 22 mil unidades. Resta saber se os ares e os sabores franceses vão romper com essa tradição e transformar o negócio em uma joia paulistana.