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Quem é o milionário que deixou herança de R$ 600 milhões para cachorro, cozinheiro e mordomo

Nascido em Mumbai em 1937, Tata começou sua carreira na década de 1960 como aprendiz na siderúrgica da família e criou império com marcas Land Rover e Jaguar

Publicado em 28 de outubro de 2024 às 16h30.

O indiano Ratan Tata, ex-presidente do Tata Group e um dos empresários mais influentes da Índia, morreu aos 86 anos, deixando uma parte de sua fortuna de £91 milhões (aproximadamente R$ 600 milhões) para alguém muito especial: seu cachorro Tito.

A decisão de Tata foi polêmica, mas surpreendeu menos a quem o conhecia bem, e admirava sua dedicação incondicional aos animais.

“Esse testamento não é sobre sua fortuna”, disse Suhel Seth, amigo próximo do empresário, “mas sobre a gratidão de Tata pelos momentos de alegria e pelo carinho que recebeu ao longo dos anos.”

Quem foi Ratan Tata

Nascido em Mumbai em 1937, Tata começou sua carreira na década de 1960 como aprendiz na siderúrgica da família.

Durante sua vida, ele criou o conglomerado Tata, transformando-o de uma companhia local para uma multinacional com presença global. Entre suas conquistas estão as aquisições das marcas de automóveis Land Rover e Jaguar, que trouxe para o grupo em 2008 por US$ 2,3 bilhões.

A empresa, com quase 100 subsidiárias, conta hoje com 350.000 funcionários espalhados pelo mundo.

Além de sua notável atuação nos negócios, Tata era conhecido pelo amor aos animais. Ele chegou a instruir os seguranças da sede da companhia a nunca afastarem os cachorros de rua do prédio. Em 2018, ele recusou um prêmio da realeza britânica para ficar com seu cão, que estava doente na época. “Não posso deixá-lo e viajar”, teria explicado a Seth.

O testamento que surpreendeu a Índia

No final de sua vida, Tata redigiu um testamento detalhado, que designava grandes valores ao seu cão Tito e a dois funcionários de longa data. Entre os beneficiados estão o cozinheiro Rajan Shaw e o mordomo Konar Subbiah, que passaram mais de três décadas ao lado dele.

Seth explicou que os funcionários foram cuidadosamente incluídos.

“Tata deixou o suficiente para que nunca precisem trabalhar de novo. Ele cuidou bem daqueles que o serviram com dedicação.”

Mesmo na ausência de herdeiros diretos, a decisão de Tata de favorecer seus companheiros de quatro patas e os funcionários não é comum na Índia, onde os bens são tradicionalmente direcionados aos familiares. Seus três irmãos, que esperavam a totalidade da herança, ficaram apenas com uma parte do valor.

A decisão reflete também o afeto profundo que Tata mantinha pelos cães, tanto que abriu recentemente o Small Animal Hospital of Mumbai (SAHM), um centro veterinário que oferece tratamento avançado a animais em estado crítico. A ideia para a construção do hospital veio da dificuldade que enfrentou ao precisar de cuidados especializados para um de seus cães. A clínica possui UTIs e atendimento emergencial 24 horas, garantindo acesso a uma assistência veterinária de ponta para cães e gatos.

O legado que vai além do império industrial

A devoção aos seus cães também é o que define o tratamento dedicado a Tito, que terá “cuidados ilimitados” pelo tempo que viver, nas palavras do próprio Tata. Tito, um pastor alemão que foi adotado há cinco anos após a morte do primeiro cão do empresário, agora estará sob a supervisão de Shaw, o cozinheiro de Tata.

Além de deixar Tito bem amparado, Tata também considerou o futuro dos outros cães abandonados de Mumbai, construindo uma rede de assistência para assegurar que esses animais estejam protegidos.

Para muitos indianos, as atitudes de Tata são um reflexo de sua própria visão para o Tata Group. Seu impacto nos negócios, aliado à sua filosofia de generosidade e compaixão, continua a inspirar admiradores ao redor do mundo.

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