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Quem é o Grupo Mitsui, mencionado no processo contra Cunha

Uma das companhias citadas na ação é o Grupo Mitsui, conglomerado japonês com participação em mais de 70 empresas, entre elas, a Vale


	Eduardo Cunha: o conglomerado japonês tem participação em mais de 70 empresas, entre elas, a Vale
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Eduardo Cunha: o conglomerado japonês tem participação em mais de 70 empresas, entre elas, a Vale (Ueslei Marcelino/Reuters)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 11 de maio de 2016 às 15h04.

São Paulo – No processo que pediu o afastamento de Eduardo Cunha de seu posto como presidente da Câmara dos Deputados, diversas empresas são acusadas de envolvimento em esquemas de corrupção.

De acordo com o processo contra o político, Cunha “ vem atuando ilicitamente em favor das empresas, vendendo atos legislativos para beneficiá-las”.

Uma das companhias citadas na ação é o Grupo Mitsui, conglomerado japonês com participação em mais de 70 empresas, entre elas, a Vale.

Junto com o ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, Eduardo Cunha teria recebido 40 milhões de dólares em propina pelo contrato de aquisição de navios-sonda da Petrobras.

Ele ainda teria recebido ao menos 5 milhões de dólares em propinas do estaleiro coreano Samsung Heavy Industries e do grupo japonês Mitsui, diz a ação.

Operação Lava Jato

O grupo japonês e a Samsung Heavy Industries são investigadas na Operação Lava Jato a respeito de aquisições de navios-sonda pela Petrobras em 2006 e 2007. 

As aquisições estão na mira da investigação que menciona o ex-diretor de Internacional Nestor Cerveró e o lobista Fernando Baiano, apontado como operador do PMDB no esquema, de receber propina de 30 milhões pelo negócio.

O ex-presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, afirmou na CPI da Petrobras, em 2015, que as vendas das duas empresas asiáticas para a estatal ocorreram de forma regular.

Estaleiro Atlântico Sul

A Mitsui também é parceira no Estaleiro Altântico Sul, em Pernambuco, ao lado da Queiroz Galvão e da Camargo Corrêa desde 2012, ano em que a Samsung vendeu sua participação de 6% no negócio.

O contrato foi assinado com a IHI Marine United Inc. (IHIMU) - Divisão de Construção Naval Offshore da Ishikawajima-Harima Heavy Industries, sediada no Japão e controlada pelo grupo Mitsui, que prestaria serviços de consultoria.

Porém ela já fornecia sondas à Petrobras desde 2006 por meio de uma joint venture com a estatal. 

Era nesse estaleiro que a Sete Brasil estava construindo sondas para perfuração do pré-sal por pedido da Petrobras.

No entanto, com a Operação Lava Jato, a Petrobras diminuiu a encomenda e a Sete Brasil passou a enfrentar grandes dificuldades como falta de crédito em bancos e não recebimento de investimentos prometidos pelo BNDES. Assim, ela deixou de pagar às donas do Estaleiro Atlântico Sul, que querem cancelar o contrato.

Em 2011, o gabinete de Eduardo Cunha pediu uma investigação parlamentar contra a Mitsui. Segundo o doleiro Alberto Youssef, esse requerimento de investigação seria uma das formas de Cunha de pressionar a empresa a pagar propina por um contrato de aluguel de sondas celebrado pela Petrobras.

Em depoimento à CPI da Petrobras, o presidente da Mitsui, Shinji Tsuchiya, afirmou que a empresa não teve participação em "atividades ilícitas" envolvendo a estatal.

Ele relatou que trabalha na empresa desde 1981, que o Brasil é um dos mercados mais importantes para a Mitsui e disse que está disposto a colaborar com as investigações da CPI. "A Mitsui sempre respeitou as regras dos países. Nunca houve qualquer ato de corrupção de seus funcionários", declarou.

Gaspetro

A Mistui foi a compradora da participação da Petrobras na Gaspetro, distribuidora de gás natural. A operação de 1,9 bilhão de reais foi paralisada pela Justiça Federal do Rio, que questionou um conflito de interesses na transação e os valores do negócio.

"Há indícios de violação do princípio da impessoalidade, já que o presidente do Conselho de Administração da Petrobras, Murilo Ferreira, aparece exercendo a função de diretor-presidente da Vale S/A, que também mantém negócios com a empresa japonesa Mitsui", diz a decisão.

Projetos diversificados

Com sede em Tóquio, a Mitsui & Co. tem 139 escritórios em 66 países, além de aproximadamente 420 subsidiárias e parceiras em todo o mundo. No Brasil, ela atua em 12 frentes, de serviços a transportes, passando por mineração e logística.

Desde 2003, ela é acionista com 15% de participação na Valepar S.A, controladora da Vale. Ela tem dois membros na diretoria executiva da Valepar e dois no conselho de administração da Vale.

A japonesa está em uma joint venture com a Vale para o desenvolvimento de minas no Peru e nos Estados Unidos e recentemente comprou uma subsidiária da brasileira em Moçambique.

No setor químico, a empresa japonesa tem parcerias com Vale, Dow, Braskem e Petrobras.

Também é dela uma conhecida marca de café: o Café Brasileiro. O produto é feito pela subsidiária Mistui Alimentos, que chegou ao Brasil em 1979 com a compra de uma empresa de imigrantes japoneses.

No setor bancário, a empresa fez uma parceria com o banco BTG Pactual em 2011.

Transportes

Desde 1958, a japonesa também atua no setor de transportes no Brasil. Ela já foi fornecedora da Fepasa, ferrovia paulista, CPTM, empresa de transporte ferroviário de São Paulo e para a Central do Rio de Janeiro.

Hoje, é sócia da ViaQuatro e parceira da Odebrecht na Supervia, concessão pública do sistema de trens urbanos do Rio de Janeiro, VLT do Rio de Janeiro e VLT Eixo Anhanguera, em Goiânia.

A Mitsui esteve envolvida nas investigações a respeito do cartel de licitações de trens, que incluiu empresas como a alemã Siemens, a francesa Alstom, a canadense Bombardier, a espanhola CAF, entre outras.

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