Nina Sag, do Fatal Model: "Nós vimos no futebol este espaço para levar educação e discutir questões sérias para que as pessoas olhem para as acompanhantes como qualquer outra profissão" (Fatal Model/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 22 de janeiro de 2024 às 12h26.
Última atualização em 26 de janeiro de 2024 às 15h46.
O mercado de patrocínio ao futebol está movimentado nos últimos meses, com as bets dominando os anúncios e as transações. Ninguém chamou tanto a atenção, porém, quanto a Fatal Model, um site de acompanhantes criado em 2016, em Pelotas, cidade do Rio Grande do Sul.
A principal movimentação da marca foi o patrocínio ao time do Vitória, então na série B do campeonato brasileiro. Um ano antes, a Fatal já tinha começado a se aproximar do futebol por meio de times menores da série C. “Depois do Vitória, as portas ficaram mais fáceis” afirma Nina Sag, diretora de comunicação da plataforma.
A Fatal terminou 2023 como a marca com o maior número de patrocínios a clubes da série B, oito no total. Entraram para a lista times como o Paysandu, Sampaio Corrêa, Tombense e a Ponte Preta. Patrocinou ainda o campeonato carioca, apoio renovado para a competição em 2024.
“O público do nosso site é majoritariamente masculino que visita a plataforma em busca de acompanhante. Nós vimos no futebol este espaço para levar educação e discutir questões sérias para que as pessoas olhem para as acompanhantes como qualquer outra profissão”, afirma Sag.
A decisão de apoio aos clubes veio a partir de pesquisas de mercado, segundo ela. Antes, a marca tinha como estratégia trabalhar patrocinar podcasts como o Inteligência Ltda e o Flow.
No ano, a empresa investiu R$ 10 milhões em marketing esportivo e calcula um retorno em mídia espontânea em mais de R$ 30 milhões, com toda a repercussão gerada com os anúncios.
Porta-voz da empresa, Sag conheceu a plataforma em 2017, quando começou a oferecer os seus serviços como acompanhante. Em 2020, virou colunista no blog da Fatal e dois anos mais tarde foi convidada para o cargo atual.
No papel, se transformou na imagem mais conhecida da plataforma. Os três sócios-fundadores, com atuação também em outros mercados, não gostam de aparecer.
Em bancos de dados sobre empresas, aparece o nome de Jean Felipe Garcia Quadro. Ele também é cofundador da Atlas Tecnhologies, startup criada com Marcelo Goebel Machado em 2016 e dedicada ao mercado de desenvolvimento de softwares.
No Linkedin, Quadro se apresenta como cofundador da Melhor Envio, empresa fundada em 2015 e vendida para a Locaweb em 2020 pelo valor de R$ 83 milhões. O profissional também se dedica ao ecossistema de inovação, com presenças em redes como a aceleradora Wow.
Não à toa, a plataforma gosta de se apresentar com uma startup, e não apenas um site de acompanhantes. E tem usado o conhecimento tecnológico para crescer neste mercado.
Segundo Sag, um diferencial para o crescimento da plataforma foi o investimento em tecnologia para evitar perfis falsos. No cadastro, os anunciantes precisam enviar documentos como RG e CPF, além de um vídeo que será comparado com as imagens dos documentos.
“Até então não exigia. Os usuários não tinham certeza de que o perfil contratado era mesmo de uma pessoa real”. Entre os mais de 300 funcionários da Fatal, o principal quadro está em tecnologia, com profissionais de desenvolvimento.
“Somos como a OLX ou versão digital do que eram os classificados nos jornais”, afirma Nag sobre o modelo de negócios da Fatal. A plataforma foi criada para ajudar nos encontros presenciais entre acompanhantes e contratantes. Na pandemia, ampliou a oferta e os usuários começaram a anunciar conteúdos digitais, como fotos, vídeos e videochamadas.
A receita vem dos planos, com valores a partir de R$ 2,66 por dia, na aquisição do pacote mensal mais barato. Quanto maior o desembolso, melhor a exposição na plataforma e maior a quantidade de conteúdo que pode disponibilizar para gerar interesse nos mais de 100.000 usuários cadastrados.
No plano mais caro, com o custo mensal de R$ 429,90, a Fatal oferece anúncio grande, galeria de fotos e espaço para informações adicionais. Promete ainda “até 10 vezes mais visitas”.
Além disso, a empresa tem investido em serviços “premium” como o acesso a conteúdos exclusivos em vídeo e imagem. Em um nova frente tem ofertado espaços publicitários para outras empresas anunciarem produtos e serviços.
A mudança na estratégia de patrocínios ajudou a angariar um novo público. Dados da SemRush mostram que o tráfego no site aumentou em 43%, saindo de uma média mensal de 43,6 milhões para 62,2 milhões de visitas.
Com todas essas movimentações, quem mais cresceu foi o faturamento da empresa, 124% de um ano para o outro. A empresa pulou para uma receita de 85 milhões de reais em 2023. Em 2024, prevê superar a barreira dos R$ 100 milhões pela primeira vez.
Mais uma vez aposta no futebol como o fio condutor para ampliar os canais de conversas. Nos primeiros dias do ano, já anunciou o patrocínio ao campeonato estadual gaúcho e a renovação com o carioca, e aos clubes: Ipatinga, Tombense, Patrocinense e Uberlândia, todos de Minas Gerais.
Os acordos fazem parte de uma estratégia de triplicar os investimentos em marketing esportivo nos próximos dois anos. Esse número não considera a negociação em curso para os naming rights do Barradão, o estádio do Vitória.
Em dezembro passado, a Fatal tinha feito duas propostas ao clube baiano: aquisição dos direitos do nome do clube e dos direitos de uso do nome Barradão. Apenas a segunda foi aprovada pelos sócios-torcedores. O acordo está negociação e prevê o pagamento de R$ 100 milhões pelo uso do nome Arena Fatal Model Barradão por um período de 10 anos.
A internacionalização também é uma pauta para a empresa. “Existe um planejamento e no momento estamos fazendo pesquisas para entender como funciona”, diz Sag. Apesar do estudo, o projeto ainda não deve entrar em campo neste ano.