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Queda de 43% selou destino da venda de dívida da Biosev

O fracasso da venda salienta a aversão dos investidores aos produtores de açúcar em um momento em que o setor os sobrecarrega com perdas


	Biosev: a empresa, cujas ações caíram mais de 40 por cento desde uma oferta pública inicial em abril, tem US$ 2,2 bilhões em dívida
 (Rodolfo Buhrer/La Imagem/Reuters)

Biosev: a empresa, cujas ações caíram mais de 40 por cento desde uma oferta pública inicial em abril, tem US$ 2,2 bilhões em dívida (Rodolfo Buhrer/La Imagem/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 11 de outubro de 2013 às 13h16.

Nova York - O fracasso da venda de dívida da Biosev SA salienta a aversão dos investidores aos produtores de açúcar do Brasil em um momento em que o setor os sobrecarrega com perdas em bônus três vezes maiores que a média dos mercados emergentes.

A segunda maior processadora de cana de açúcar do Brasil cancelou sua oferta de US$ 300 milhões em bônus de sete anos em 9 de outubro após o yield de 12 por cento que ela ofereceu fracassar em atrair suficientes compradores, disseram fontes familiares à venda.

Os bônus vendidos por seus concorrentes classificados como junk, como Grupo Virgolino de Oliveira SA e Aralco SA Açúcar Álcool, caíram 12 por cento neste ano, contra uma queda média de 3,1 por cento das dívidas corporativas de países em desenvolvimento.

Enquanto os emissores de grau especulativo de mercados emergentes tomaram emprestado US$ 38 bilhões no mês passado, o maior nível desde maio, a Biosev cancelou sua venda de bônus em um momento em que a maior queda de dois anos do açúcar desde 1999 aprofunda uma crise nos lucros.

A Biosev, cujas ações caíram mais de 40 por cento desde uma oferta pública inicial em abril, tem US$ 2,2 bilhões em dívida e ficará sem dinheiro em menos de 15 meses com base em seu fluxo de caixa, mostram dados compilados pela Bloomberg. A taxa de 12 por cento que a Biosev ofereceu para pagamento é 1,5 vez a média para bônus de empresas de mercados emergentes que compartilham da classificação B1.

“Há muita preocupação em relação ao setor açucareiro”, disse Omar Zeolla, analista corporativo de crédito da Oppenheimer Co., em entrevista em Nova York.

Bônus da Aralco

A Biosev preferiu não comentar o fracasso na oferta, disse por e-mail um assessor de imprensa que pediu para não ser identificado por causa da política da empresa.


A empresa cancelou a venda por causa das condições de mercado, disseram as fontes, que pediram para não serem identificadas porque elas não estão autorizadas a falar publicamente.

A Biosev, controlada pela Louis Dreyfus Holding BV, buscava levantar fundos para o pagamento de dívida, segundo o Moody’s Investors Service. Sessenta e cinco por cento da dívida de R$ 4,7 bilhões da produtora de açúcar está denominada em dólares. Em abril, a empresa vendeu R$ 805 milhões em ações.

A empresa estava buscando seguir a Aralco em sua venda de bônus no exterior neste ano. Após adiar uma oferta de bônus de sete anos em 17 de abril, a Aralco voltou ao mercado menos de duas semanas depois, aumentando os yields dos bônus em cerca de 0,75 ponto porcentual, segundo fontes familiares à transação que pediram para não serem identificadas.

‘Sob desconfiança’

Os yields dos US$ 250 milhões em notas da empresa com vencimento em 2020 subiram 606 pontos-base, ou 6,06 pontos porcentuais, para 16,31 por cento, desde que foram emitidos em 30 de abril, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Os preços do açúcar caíram 27 por cento nos últimos 24 meses.

“O setor está sob desconfiança”, disse Michael Roche, estrategista de mercados emergentes da Seaport Group LLC, em entrevista, de Nova York. “A última emissão não está indo bem, a volatilidade do setor está sendo notada e então você tem um novo nome com um yield alto”.


A Biosev, que não conseguiu reportar lucro ao longo dos últimos três trimestres, disse que as perdas somaram R$ 326 milhões nos três meses até 30 de junho depois que uma geada no Mato Grosso do Sul e uma seca no Nordeste afetaram as plantações de cana da empresa.

Erick Rodrigues, analista da Moody’s, diz que uma recuperação nos preços do açúcar, o aumento da produtividade e o apoio de seu principal acionista podem ajudar a Biosev. A classificação da Moody’s para a Biosev é Ba3, três níveis abaixo da nota de investimento.

‘Mais produtivo’

“Há um cenário mais produtivo daqui para frente”, disse Rodrigues em uma entrevista por telefone. “A perspectiva para os preços do açúcar é que eles serão maiores no ano que vem”.

Edgardo Sternberg, um estrategista de dívida de mercados emergentes da Loomis Sayles Co., com sede em Boston, disse que as baixas classificações da Biosev tornaram sua oferta uma venda especialmente difícil em um momento em que os investidores estão fugindo de ativos de mais risco por causa da paralisação do governo dos EUA e a perspectiva de calote.

“Duas semanas atrás, a expectativa era que o Congresso chegaria a um acordo”, disse Sternberg, que ajuda a gerenciar US$ 186 bilhões, em um e-mail. “O mercado não está convencido a respeito de comprar de novos emissores de baixa classificação com problemas”.

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