Ações da Apple em Wall Street caíram quase 10% nesta quinta (Mike Segar/Reuters)
AFP
Publicado em 3 de janeiro de 2019 às 19h56.
Última atualização em 3 de janeiro de 2019 às 20h40.
O derretimento das ações da Apple nesta quinta-feira, após reduzir drasticamente sua previsão de vendas, levantou questões sobre o futuro da gigante americana, que até recentemente era líder absoluta do setor de tecnologia.
A Apple informou nesta quarta-feira que viu uma desaceleração econômica mais "abrupta" que o esperado na China e em mercados emergentes, que, com a disputa comercial entre Washington e Pequim, farão com que venda menos iPhones, seu principal produto.
O anúncio levantou questões como se a Apple, a primeira empresa a atingir valor de mercado de 1 trilhão de dólares e até recentemente a mais valiosa do mundo, está tropeçando ou se afastando de sua posição de liderança.
Diversos analistas indicaram a absoluta dependência da Apple do iPhone, mesmo quando a empresa procura diversificar produtos e oferecer novos serviços, como música e pagamentos digitais.
"Não é o fim do mundo para a Apple, mas é um grande ponto de inflexão. Até agora, a Apple desafiou a gravidade crescendo em um ritmo mais rápido que qualquer outra empresa no mercado, mas matematicamente era impossível vencer o mercado para sempre", afirmou.
As ações da Apple em Wall Street caíram quase 10% nesta quinta, e já perderam mais de 30% desde que a empresa chegou ao valor de mercado de 1 trilhão de dólares.
Kay disse que esse valor de mercado era "irracional" e se baseava em projeção que a Apple dificilmente alcançaria sem nenhum novo fator catalizador.
A Apple, que vinha crescendo na China, embora não tenha uma posição dominante neste mercado, sofre pressão das tarifas e de outras questões comerciais - que se complicaram ainda mais após a prisão, a pedido dos Estados Unidos, da diretora financeira da gigante chinesa de telefonia Huawei, no Canadá.
Este grupo chinês superou a Apple como terceiro maior fabricante mundial de smartphones, apesar de ter presença muito reduzida no mercado americano.
A revisão das expectativas da Apple faz prever vendas decepcionantes do iPhone, a principal fonte de lucros do grupo.
A empresa reduziu suas expectativas de receita para 84 bilhões de dólares no primeiro trimestre fiscal de 2019, encerrado em 29 de dezembro. Os analistas esperavam 91 bilhões de dólares.
Especialistas afiram que a Apple errou ao elevar a mais de mil dólares o preço de seus novos modelos de iPhone - sobretudo em um mercado muito saturado e repleto de concorrência.
"O principal vilão é o preço muito elevado que a Apple está cobrando por seus novos iPhones", disse o analista de tecnologia Richard Windsor.
"Não é uma catástrofe, nem um sinal de que a Apple esteja perdendo seu controle sobre o mercado de smartphones. É apenas um erro de cálculo da Apple sobre quanto as pessoas pagarão por um iPhone", afirmou.
Patrick Moorhead, da Moor Insights & Strategy, disse que a Apple pode estar longe de ter um crescimento de dois dígitos no mercado de telefonia - esperado por muitos em Wall Street.
"A empresa está crescendo em serviços e na categoria 'vários', o que não é suficiente para alimentar o crescimento geral das receitas", disse.
"Não estou preocupado com a empresa, mas é provável que os investidores não vejam o valor da empresa até que percebam que ela retornou a um caminho de crescimento de dois dígitos", concluiu.