American Airlines: fusão com US Airways dará fôlego à empresa, que pediu proteção contra falência em 2011 (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 14 de fevereiro de 2013 às 10h34.
São Paulo - Em se tratando de superlativos, a fusão da American Airlines e US Airways não deixa margem para questionamentos: com valor de mercado de cerca de 11 bilhões de dólares, a companhia resultante ganha musculatura para brigar pelo título de maior aérea do mundo. Sozinha, a empresa abocanhará quase um quarto do mercado doméstico americano, ultrapassando a United e a Delta Air Lines.
A gigante terá uma frota de cerca de 1.500 aeronaves, operando mais de 3.000 voos e contando com uma força de trabalho de 100.000 colaboradores. Enquanto o CEO da US Airways, Doug Parker, comandará a operação, é o nome da American que será mantido. Com a transação, as companhias vislumbram sinergias de 1 bilhão de dólares até 2015.
Mas nesse setor, o trono e a grandeza não são garantia de um negócio exatamente rentável. Pioneira na introdução de programas de fidelidade e também no ajuste de preços conforme a demanda, a própria American Airlines chegou a ostentar o título de maior do mundo há cinco anos.
Vai dar lucro?
Em 2011, no entanto, a empresa pediu proteção contra a falência, afundada em dívidas. Enquanto a administração culpava os altos custos do negócio, os sindicatos dos funcionários apontavam o dedo para a má gestão da empresa (vale lembrar que competidoras como a Delta e a United também recorreram ao mesmo recurso como maneira de se protegerem dos credores enquanto tocavam um plano de reestruturação).
Com operações muito menores, US Airways, por outro lado, manteve-se no azul. Na prática, sua união com a American irá colocá-la no mapa das grandes, além de salvar a parceira da falência. A US Airways é forte na costa leste do país. A American, por sua vez, tem maior influência na costa oeste e em destinos globais.
Agora, a companhia resultante deverá competir de igual para igual com titãs da aviação aérea nos Estados Unidos. Essas companhias, aliás, capitanearam uma onda de consolidação no setor, vitaminando sua presença via aquisições nos últimos anos: a Delta Air Lines levou a Northwest Airlines, a United se uniu à Continental e a Southwest ficou com a Air Tran.
Menos opções
Para os passageiros do Tio Sam, a consequência mais óbvia do negócio será a diminuição da competição. Com a entrada da American-US Airways no grupo das grandes, 86% do mercado doméstico passará a ser dominado pelas quatro maiores companhias do país.
De acordo com o American Antitrust Institute (AAI), uma organização não governamental, a fusão deverá diminuir o número de rotas operadas, criando fortalezas regionais nos principais aeroportos e privando comunidades menores de serviço aéreo.
Junto com a Business Travel Coalition, o AAI sustenta que as passagens subiram cerca de 20% em algumas das principais rotas da Delta e outros 30% em rotas da United depois que as companhias cresceram via fusões.
Em entrevista ao Washington Post, no entanto, o pesquisador de transporte aéreo do MIT William S. Swelbar afirmou que as tarifas não deverão ser significativamente afetadas. "Já estamos vendo uma dinâmica em que companhias aéreas repassam aos consumidores o aumento no custo da força de trabalho e do combustível. Não devemos ver mudanças flagrantes na indústria aérea só por causa desta fusão", disse ao jornal.