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Qual é o supermercado ideal? Atacarejo e regionais lideram, diz pesquisa

Preferência dos consumidores reforça tendência dos últimos anos, com crescimento de mercados com preços baixos, ainda que menos convenientes

Loja da rede de atacarejo Assaí: estreante na lista das marcas mais valiosas do país (Germano Lüders/Exame)

Loja da rede de atacarejo Assaí: estreante na lista das marcas mais valiosas do país (Germano Lüders/Exame)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 21 de novembro de 2019 às 06h00.

Última atualização em 30 de julho de 2020 às 14h23.

Atacarejo com preços baixos, mercados premium perto de casa, redes com marcas próprias. Os perfis de supermercado são muitos, e para diferentes gostos e bolsos. Mas, na hora de escolher onde fazer as compras, quais os supermercados mais queridos pelos consumidores brasileiros?

Um estudo sobre varejo alimentar da consultoria CVA Solutions, que está em sua nona edição, questionou mais de 7.000 consumidores de todo o Brasil sobre seus hábitos e preferências quanto aos supermercados.

O resultado mostrou que atacarejo, isto é, grandes supermercados com preços baixos e que incentivam compras maiores, como Atacadão (do grupo Carrefour) e Assaí (do grupo Pão de Açúcar), e redes de supermercados regionais estão entre os favoritos dos brasileiros.

Atacadão e Assaí foram percebidos pelos clientes como as marcas mais fortes de 2019 e também como as "melhores lojas" -- no conjunto da obra entre preço, variedade, localização e outros fatores, como mostra o estudo da CVA.

As preferências dos consumidores reforçam uma tendência já mostrada nos últimos anos, de crescimento de mercados com preços baixos -- como uma forma de driblar a crise --, mesmo que sejam menos convenientes e de mais difícil acesso nas cidades. "Já faz alguns anos que o atacarejo cresce mais que a média. É uma relação diferente, o consumidor vai poucas vezes por mês e perde um pouco de conveniência, mas é recompensado pelo preço", diz Sandro Cimatti, sócio-diretor da CVA Solutions e um dos responsáveis pelo estudo.

O bom momento dos atacarejos é reforçado ainda pelo bom resultado de uma nova marca, o Maxxi Atacado, do grupo Big. Neste ano, a rede foi comprada do fundo Advent, que havia adquirido anteriormente a operação brasileira da americana Walmart (cuja marca no Brasil foi encerrada de vez neste ano). Desde a gestão do Advent, o Maxxi já era uma aposta, em vista do crescimento do atacarejo.

Embora o Maxxi esteja apenas em 57º em força da marca, segmento em que as concorrentes Assaí e Atacadão lideram, a rede ficou até mesmo acima da média na relação custo-benefício (que a pesquisa chama de "valor percebido"). Para Cimatti, é interessante observar o crescimento da rede na lembrança do consumidor. "O Maxxi pode começar a incomodar Assaí e Atacadão neste segmento do atacarejo", diz o consultor.

Da mesma forma que o atacarejo vem sendo procurado por apresentar bons preços, seguem com força também as redes regionais, por entenderem as necessidades do consumidor e terem construído uma identidade de décadas em seus locais de atuação, mostra a pesquisa.

Entre os supermercados com maior probabilidade de serem recomendados pelos clientes, isto é, com maior Net Recommendation Score, lidera o gaúcho Bourbon, seguido pelo Maxxi, pelo fluminense Guanabara, pelo Nordestão, do Rio Grande do Norte, e pelo paulista Savegnago, de Ribeirão Preto e região. Atacadão e Assaí vêm logo em seguida. Bourbon, Savegnago e Guanabara também estão entre os com maior custo-benefício percebido pelo consumidor.

Tem para todo gosto

O levantamento aponta que, dentre os pontos que mais importam na hora de avaliar um supermercado, estão, em ordem, a variedade de produtos e marcas, preços atraentes, proximidade e conveniência da loja, qualidade dos produtos e promoções. Mas cada rede se destaca em algum fator, e, no geral, quem vai bem em um quesito se sai pior em outro.

Os campeões de variedade são os hipermercados e redes mais premium, como Pão de Açúcar, Zaffari e hipermercado Extra. Já os com preços mais atraentes são Assaí, Atacadão, Dia e Guanabara, todos com mais de 40% de avaliações positivas neste quesito -- ante somente 7% do Pão de Açúcar, ou 8% do Zaffari.

O Dia, que foi mal avaliado em variedade e qualidade dos produtos (somente 10% e 13% acham essas categorias positivas, respectivamente), foi bem no quesito preço e inclusive vence os atacarejos (e se equipara às marcas premium) em conveniência, conseguindo ter lojas menores e próximas a grandes centros.

"Cada marca vai ter seu perfil, uma determinada rede nunca vai ser barata, outra nunca terá muita variedade, mas terá preços melhores", diz Cimatti. O segredo está em balancear a cesta de produtos. "É preciso que elas tomem cuidado e melhorem pontos em que são muito mal vistas para não ficar com uma fama negativa -- que nem sempre se justifica, mas gera um imaginário que afeta a percepção do consumidor", diz o consultor.

A tecnologia bate à porta

O aprimoramento da tecnologia também se tornará cada vez mais essencial à medida em que o varejo alimentar rompe as fronteiras do comércio eletrônico. Segundo o mesmo estudo da CVA, 20% dos clientes afirmam comprar alimentos no comércio eletrônico, ante só 10% na edição anterior do estudo, com dados de 2017.

O Pão de Açúcar, por exemplo, lançou neste ano uma plataforma própria de entregas, o James Delivery. E para além dos aplicativos dos próprios supermercados, parte desses clientes usa também serviços de delivery como do colombiano Rappi, que tem parcerias como com o concorrente Carrefour. O serviço ou integra os produtos de supermercados a seu catálogo, no caso das redes parceiras, ou permite que um entregador busque no supermercado qualquer item que o cliente deseja, ainda que a rede não esteja no portfólio do aplicativo.

Neste contexto, apesar de atacarejos estarem em boa fase na preferência do consumidor, Cimatti aponta que falta a essas redes construir um melhor relacionamento com o consumidor de forma que vá além do bom preço. Algo que marcas mais premium, como Pão de Açúcar e Carrefour, vêm conseguindo fazer melhor, com opções de aplicativo e programas de fidelidade. "Justamente por serem mercados mais afastados e onde o consumidor vai menos, seria importante para os atacarejos melhorarem a tecnologia e o relacionamento", diz Cimatti.

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