Portugal Telecom: declarou que valor do saque é a "totalidade de exposição ao BES e ao GES" (Hugo Correia/Reuters)
Da Redação
Publicado em 6 de agosto de 2014 às 09h08.
Rio - Antes da intervenção no Banco Espírito Santo (BES), a Portugal Telecom retirou 128 milhões (R$ 389 milhões) que estavam depositados na instituição financeira.
Fonte oficial da PT confirmou, na terça-feira, 05, ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, que a holding "não tem nenhum depósito no BES a esta data".
A tele informou, em comunicado, no dia 30 de junho, que possuía os 128 milhões de euros na instituição por meio da sua holding (106 milhões de euros) e de duas subsidiárias, a PT International Finance BV e a PT Portugal SGPS (22 milhões de euros).
A empresa também declarou que o valor representava a "totalidade de exposição ao BES e ao Grupo Espírito Santo".
Com o saque, a companhia fica livre da determinação do Banco de Portugal de transferir para o "BES ruim" os depósitos dos acionistas com mais de 2% do capital.
O banco central português anunciou na noite de domingo, 03, a intervenção no BES, sendo que a maior instituição privada do país foi dividida em duas: ativos bons ficarão no Novo BES e operações problemáticas no velho BES, o "banco ruim".
Participação
A PT ainda possui a participação de 2,1% no banco. A tele portuguesa, que está em processo de fusão com a Oi, não informou o que será feito em relação a essa fatia.
Anteontem (4), o Bradesco, que tem participação de 3,9% no BES, declarou que estima perdas de R$ 356 milhões no seu lucro do terceiro trimestre do ano.
De acordo com o jornal português Diário Económico, a participação, detida por meio do Fundo de Pensões e Cuidados de Saúde em Portugal, corresponde a uma exposição negativa de 116 milhões de euros.
Outro jornal português, o Público, informou que a participação qualificada no banco estava avaliada em 89 milhões de euros em 2013.
Levando-se em conta apenas as cotações de 1º de agosto, último pregão do BES na Bolsa de Lisboa antes da intervenção, a fatia de 2,1% valeria apenas 14 milhões de euros, tendo em vista um valor de mercado de 674 milhões de euros.
Apenas em seu último pregão, as ações do BES fecharam em baixa de 40,3%. No acumulado do ano, os papéis perderam 87,22%, com a queda se acentuando no mês de junho, com o agravamento da crise.
Segundo o Diário Económico, o prejuízo, porém, poderá não ser assumido nos resultados da operadora, uma vez que o fundo tem um horizonte de investimento de 30 anos, no qual a perda pode vir a ser recuperada com ganhos em outros ativos.
No mês passado, a tele portuguesa levou um calote de 897 milhões de euros de uma das empresas do Grupo Espírito Santo (GES), a Rioforte, o que atrapalhou o processo de fusão com a brasileira Oi.
Por causa da dívida, os acionistas brasileiros se movimentaram para mudar a estrutura da nova empresa a ser criada após a fusão, a CorpCo. Após a renegociação, o investimento em títulos podres foi transferido para a holding da PT, que teve a sua participação na "nova Oi" reduzida. O porcentual dos portugueses caiu de 37,3% para 25,6%.
A fatia poderá ser retomada pela PT em até seis anos. Sócios brasileiros da Oi ouvidos ontem pelo Broadcast informaram que ainda não se sabe se a participação da tele portuguesa no BES trará algum impacto para a fusão com a empresa brasileira.