(Neon/Divulgação)
Marcelo Sakate
Publicado em 2 de setembro de 2020 às 00h01.
Última atualização em 2 de setembro de 2020 às 09h07.
Muito capital para acelerar o crescimento e mirar aquisições, contratações e oferecer novos produtos. A Neon Pagamentos acaba de concluir uma captação de 1,6 bilhão de reais (cerca de 300 milhões de dólares) em uma rodada Série C liderada pelo General Atlantic.
A rodada contou com novos investidores de peso como a BlackRock, maior gestora do mundo, e o PayPal Ventures, o braço de venture capital do PayPal. Vulcan Capital e Endeavor Catalyst também entraram no capital da fintech brasileira.
Entre investidores de rodadas anteriores entraram a brasileira Monashees e o Flourish Ventures. E o BBVA entrou por meio da Propel Venture Partners.
A fintech especializada em contas digitais e serviços financeiros para microempreendedores individuais (MEIs) e pessoas físicas não divulgou o novo valuation com os aportes, mas especialistas na indústria de venture capital (VC) dizem que é improvável que ela não tenha se tornado um unicórnio -- ou seja, uma startup avaliada em 1 bilhão de dólares.
A razão é que startups que captam recursos em Série C raramente abrem mão de uma fatia tão elevada da companhia nesse estágio de desenvolvimento, que seria a única forma de o capital aportado não elevar automaticamente o seu valor a essa marca.
Os recursos serão recebidos em duas etapas de 800 milhões de reais, ampliando a ambição dos planos. A Neon vai partir para o ataque em diferentes frentes: aquisições, lançamento de produtos, aumento da oferta de crédito e contratação de talentos.
Os executivos que comandam a nova fase da Neon Pagamentos conversaram com a EXAME na mesma teleconferência, revelando os planos e o tamanho da ambição em um momento em que a fintech já acelerava o crescimento em meio à pandemia.
Diferentes indicadores apresentaram em agosto crescimento da ordem de 100% na comparação com fevereiro, mês anteriores à pandemia, como o volume total de pagamentos com cartões de débito e de crédito. A base de clientes pessoas físicas saltou de 3 milhões para 9 milhões, enquanto a de MEIs atendidos chegou a 1 milhão de contas.
"Aquisições são parte importante da nossa estratégia. É uma maneira de acelerar o plano de negócios, ampliando a oferta de produtos", disse Rafael Matos, head de Business Development, citando aquisições recentes como a MEI Fácil, startup voltada para microempreendedores, há um ano; e a Magliano, corretora mais antiga do país, em julho.
"Queremos oferecer a jornada completa para o MEI. Iremos ampliar nossa oferta de serviços para auxiliá-los em todas as esferas de seu negócio", disse Daniel Mazini, executivo-chefe de Produto da Neon. Mazini foi contratado neste ano da Amazon, onde ficou por dez anos, comandou a área de produtos de varejo e estruturou o serviço Prime no país.
Carol Oskman, Head de Talent Acquisition, diz que a rodada vai permitir à startup investir não só em atração como em retenção de talentos e que o objetivo é se tornar uma referência.
A Neon atualmente é comandada por Jean Sigrist, executivo experiente no mercado financeiro que chegou à fintech em 2017 como diretor financeiro, após ter sido sócio-fundador da Guide Investimentos e trabalhado mais de uma década no Itaú, no país e no exterior -- ele foi vice-presidente da Itaú Corretora.
Pedro Conrade, fundador da Neon em 2016, atua como presidente do conselho.
A captação de 300 milhões de dólares na Série C foge do padrão de startups brasileiras que se tornaram unicórnios. O Nubank, hoje avaliado em mais de 10 bilhões de dólares e um case de rápido crescimento, levantou 80 milhões de dólares em sua Série C no fim de 2016.
Em novembro passado, a Neon já havia levantado 400 milhões de reais (cerca de 100 milhões de dólares à época) na Série B com o General Atlantic e o BV.