Absorventes: artigo de higiene encontrado em banheiro foi a causa da revista íntima (matka_Wariatka/iStock)
Luísa Melo
Publicado em 21 de janeiro de 2015 às 17h23.
São Paulo - Na internet, um movimento está convocando mulheres de todo o mundo a enviar absorventes (usados ou não) a uma empresa indiana que submeteu suas funcionárias a revista íntima para descobrir qual delas estava menstruada.
O incidente aconteceu no dia 10 de dezembro do ano passado, quando um absorvente foi encontrado no banheiro da fabricante de luvas de borracha Asma Rubber Private Limited, sediada na cidade de Cochim, no estado de Kerala.
Na Índia, existe uma crença de que mulheres menstruadas seriam impuras e poderiam contaminar lugares públicos.
Como nenhuma das funcionárias da empresa teria admitido voluntariamente ser a dona do objeto, todas aquelas que tinham menos de 50 anos precisaram passar por uma revista íntima, segundo o The Huffington Post. Cerca de 45 delas sofreram a averiguação.
No Facebook, para protestar contra o ato, o grupo de manifestantes Kiss of Love criou o evento "Red alert: You've got a napkin!" (Alerta vermelho: você ganhou um absorvente!). Nele, a comunidade divulga o endereço da Asma Ruber e pede que o artigo de higiene seja enviado aos montes para lá.
"Utraje ao pudor"
Um dos objetivos do movimento, segundo a descrição na página do Facebook, é expor a tentativa dos diretores da companhia de escapar da investigação sobre o caso, jogando toda a responsabilidade para as duas supervisoras que ordenaram a revista íntima.
Elas estão sendo processadas, acusadas de "ultrajar o pudor" das mulheres, crime que, aqui no Brasil, seria equivalente a assédio ou abuso.
A empresa alega que a irregularidade não aconteceu e que tudo não passou de um plano das funcionárias para que suas chefes fossem despedidas.
O "Red alert" também chama a atenção para o fato de que a discriminação de mulheres por conta da menstruação é comum na Índia e diz ainda que a falta de condições sanitárias, e não só de higiene, é corriqueira nas companhias de lá.
"Muitos lugares nem sequer permitem que seus funcionários vão ao banheiro mais de duas vezes durante o horário de trabalho", diz o texto. O grupo classificou a revista como um "ato desumano".