Dinamismo do mercado e ansiedade por resultados podem prejudicar os programas mais demorados (.)
Da Redação
Publicado em 28 de setembro de 2010 às 17h18.
São Paulo - O dinamismo do mercado, somado à ansiedade da geração Y (de 20 a 30 anos de idade) por resultados rápidos, pode prejudicar os programas de trainee muitos longos. É o que defende Rafael Menezes, diretor da empresa de recrutamento Asap, do Rio de Janeiro. Segundo ele, programas trainees com duração a partir de dois anos são longos demais e acabam se tornando arriscados para a empresa.
"O mercado hoje é muito dinâmico, e as empresas estão ávidas por ex-trainees de outras companhias. Quando o processo fica muito longo, você tem o risco de perder esse talento para outras empresas. O mercado é cruel e agressivo, é uma tentação para o trainee", afirma. Para Menezes, o tempo ideal para um programa trainee é de um ano, pois é duração suficiente para que os integrantes se adaptem à cultura da empresa e tenham a formação técnica nos diversos setores.
Outro ponto que o especialista leva em conta é a "ansiedade" por crescimento rápido por parte da geração Y, principal alvo dos programas. Ficar muito tempo com a chancela de "trainee" pode gerar insatisfação nos jovens profissionais e dar mais brecha para que eles cedam a possíveis propostas de outros empregos. E nem sempre bons salários iniciais são o suficiente para segurá-los. "Hoje a gente vê que o processo decisório é mais importante para as pessoas. Antes mesmo do salário, ele quer participar de uma área e decidir no processo", diz.
Equilíbrio
Rafael Menezes alerta que, mesmo com a necessidade da geração Y de subir mais rápido na carreira, as empresas não devem prometer posição gerencial para todos os que passam no processo seletivo. "Não se pode saber se a pessoa terá condições suficientes no final do processo. Os programas bem sucedidos são aqueles que têm coerência entre a velocidade e o resultado dado pelo trainee. Não adianta promover a pessoa se ela ainda não deu os resultados esperados.", afirma.
Ele também considera importante não deixar que as expectativas sobre os "Y" deixem os mais antigos na empresa em segundo plano. Para Menezes, um crescimento equilibrado possibilita o desenvolvimento dos jovens, mas não deixa apenas nas mãos deles todos os processos. "É preciso dar suporte às lideranças antigas para que segurem a velocidade dos mais novos, para que cresçam no momento certo", conclui.