A produção foi impactada pela queda das exportações (Germano Lüders/Exame)
Juliana Estigarribia
Publicado em 7 de janeiro de 2020 às 10h21.
Última atualização em 7 de janeiro de 2020 às 13h04.
Em um ano de recuperação das vendas domésticas de veículos, leves e pesados, as montadoras amargaram uma queda brutal das exportações em 2019, de 31,9%, impactadas pela crise na Argentina. Com esse desequilíbrio, a produção da indústria automotiva cresceu apenas 2,3% no período, para 2,94 milhões de unidades.
O desempenho ocorre em um ano em que as vendas de veículos novos cresceram 8,6%, para 2,79 milhões de unidades, segundo balanço divulgado nesta terça-feira, 07, pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Em 2019, a produção de automóveis e comerciais leves avançou 2,1%, para 2,80 milhões de unidades. O maior crescimento foi verificado no segmento de veículos pesados. No período, o volume de caminhões produzidos teve alta de 7,5% sobre o ano anterior, a 113,4 mil unidades.
Apesar do crescimento das vendas e da produção no ano passado, a indústria não está nem próxima do recorde do mercado, que aconteceu em 2013, quando os licenciamentos atingiram 3,8 milhões de unidades no país.
Em 2019, as exportações de veículos leves e pesados alcançaram 420 mil unidades, uma queda expressiva de 31,9% sobre o ano anterior. O desempenho se deve majoritariamente à crise na Argentina, principal destino dos embarques brasileiros da indústria automotiva.
Essa dependência é tão grande que o país vizinho representa, historicamente, mais de 70% das exportações de veículos do Brasil. No ano passado, com a crise econômica que se agravou na Argentina, os embarques despencaram, mas ainda assim representaram pouco mais de 40% do total embarcado das linhas brasileiras.
As montadoras vêm afirmando, há alguns anos, que estão realizando um trabalho de ampliação dos destinos das exportações do setor. Aos poucos, países como México, Colômbia, Chile, Uruguai e Peru têm elevado as compras do Brasil.
No entanto, esse crescimento ainda não tira a dependência em relação à Argentina. Além disso, as linhas de produção do país vizinho são altamente integradas as do Brasil, ou seja, muito do que é produzido por lá acaba sendo exportado para cá, sejam veículos prontos ou partes importantes, como motores. "Mais do que integradas, eu diria que se trata de uma cadeia única", disse Carlos Zarlenga, presidente da General Motors para América do Sul, em entrevista à revista EXAME desta edição.
Para 2020, a Anfavea projeta um crescimento das vendas de 9,4%, para 3,05 milhões de unidades. O maior avanço ainda deve ser registrado no segmento de pesados, da ordem de 16,9%. Para leves, a projeção é de uma alta de 9%. Já a produção total da indústria deve ter um incremento maior em 2020, de 7,3%, segundo a Anfavea.
As exportações, contudo, devem continuar patinando. De acordo com projeção da entidade, os embarques totais de veículos em 2020 devem recuar ainda mais: 11% sobre 2019, para 381 mil unidades.