Tripulação trabalha em uma plataforma de petróleo da Petrobras na Baía da Guanabara, em Niterói (Dado Galdieri/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2014 às 17h20.
Rio de Janeiro - O mercado aguarda com expectativa o anúncio do volume de produção de petróleo da Petrobras de setembro, que deve finalmente bater o patamar histórico alcançado pela companhia em dezembro de 2010, caso o ritmo de crescimento tenha se mantido no mês passado.
Com produção de petróleo crescente este ano, a extração já ficou perto do recorde em agosto, quando atingiu 2,104 milhões de barris/dia, cerca de 17 mil barris/dia abaixo do maior nível já registrado, de 2,121 milhões de barris/dia, há quase quatro anos.
O dado de produção de setembro da estatal está para ser divulgado, ainda sem data definida.
Em nota à Reuters, a Petrobras frisou apenas que mantém a perspectiva de crescimento da produção média de 7,5 por cento em 2014, frente ao volume produzido no ano anterior, de 1,93 milhão de barris/dia, podendo variar um ponto percentual para cima ou para baixo.
O importante crescimento da produção projetado para 2014 deve vir após dois anos de declínio e outros dois em que a extração teve pequeno crescimento no Brasil.
"Se ela manter essa taxa de crescimento que a gente viu nos últimos quatro meses, provavelmete ela (a Petrobras) consegue superar esse nível que a gente viu em 2010”, afirmou a analista da Concórdia Corretora Karina Freitas.
O único fator que poderia impedir esse recorde, segundo a analista, seriam paradas não programadas de plataformas.
“O que eles têm mostrado frequentemente é que eles têm feito um ritmo de parada programadas para manutenção que não compromete o crescimento da curva de produção”, destacou.
A notícia poderá ser um fator operacional importante para a precificação dos papeis da empresa na bolsa, segundo analistas ouvidos pela Reuters, em um ano em que as ações da estatal têm respondido principalmente às notícias de pesquisas eleitorais.
Entretanto, apesar de reconhecer que a produção ajuda na geração de caixa da petroleira, analistas frisam que a busca pela paridade dos preços dos combustíveis permanece como crucial para a saúde financeira da Petrobras.
Como medida para evitar um crescimento mais importante da inflação, o governo, sócio majoritória da Petrobras, tem evitado o reajuste dos preços dos combustíveis. Dessa forma, para atender a demanda interna, a Petrobras é obrigada a vender combustíveis importados por valores inferiores aos pagos por ela na compra desses.
Bruno Piagentini, analista da Coinvalores Corretora, destacou que o recorde da produção "é uma das poucas notícias que podem ser positivas para a empresa" no terceiro trimestre, que deverá apresentar continuidade da defasagem dos preços.
NOVAS PLATAFORMAS EM OPERAÇÃO Desde 2013, a Petrobras colocou em operação nove sistemas de produção, sendo dois neste ano: a P-58, que iniciou a operação em março no Parque das Baleias, na Bacia de Campos, com capacidade de produção até 180 mil barris de petróleo/dia (bpd); e a P-62, que iniciou produção em maio, no campo de Roncador, também em Campos, capacitada a produzir até 180 mil bpd.
A Petrobras confirmou à Reuters que até o fim do ano entrarão em operação três novas plataformas. Uma delas é a P-61, no campo de Papa-Terra, Bacia de Campos. Segundo a Petrobras, essa unidade será responsável por elevar a capacidade de produção do campo de Papa-Terra, em conjunto com a P-63, já em produção. Também serão instalados as plataformas Cidade de Mangaratiba (150 mil bpd), que já está na locação prestes a entrar em produção, no campo Lula/Iracema Sul; e Cidade de Ilhabela (150 mil bpd), que já se encontra em processo de ancoragem na área norte do campo de Sapinhoá, ambos no pré-sal da Bacia de Santos. “Ela está próxima de superar a margem histórica. É perfeitamente possível”, disse Ivo Seixas, analista da corretora Um Investimentos. “Eu acredito que um recorde de produção deva ser positivo para a bolsa”, destacou. A tão aguardada entrega da produção mensal foi tema de um dos poucos discursos proferidos pela presidente da petroleira, Maria das Graças Foster, neste ano, em uma das maiores conferências de petróleo do país, a Rio Oil&Gas. "(É uma) guinada que nós estamos dando na nossa curva de produção e me refiro a esse aumento que nós tivemos até agosto, e setembro estamos indo também bastante bem, conforme o planejado, foram sete meses consecutivos de crescimento", afirmou Graça Foster, como prefere ser chamada.
A presidente destacou ainda, no evento que aconteceu em meados de setembro, que a empresa tinha 39 sondas de perfuração operando em lâmina d'água de mais de 2 mil metros, sendo que 21 delas no pré-sal. Graça Foster também destacou que houve um crescimento da quantidade de poços perfurados e completados --quando são instalados os equipamentos necessários para a produção-- em 2014 para 45 poços, contra 30 realizados em 2012. Apenas em agosto, segundo relatório do Itaú BBA, assinado pelos analistas Paula Kovarsky e Diego Mendes e publicado em meados de setembro, a Petrobras interligou a plataformas 11 poços, somando um total de 47 novos poços em produção em 2014. "Nós trabalhamos muito duro para interligar até o fim do ano 60 poços", disse Graça Foster, na Rio Oil&Gas.
Segundo o relatório do Itaú, o crescimento da produção será suportado pela entrada de novos poços, a entrada das novas plataformas previstas e a chegada de novos navios de lançamento de linhas (PLSV, na sigla em inglês), necessários para a interligação de poços em grandes profundidades.
Em meados de setembro, Graça Foster afirmou que a empresa tinha a sua disposição 15 PLSVs e que, até dezembro, teria um total de 19 navios deste tipo.