Pantene Pro-V é um dos produtos que terão embalagem de plástico à base de cana-de-açúcar
Da Redação
Publicado em 22 de junho de 2011 às 18h14.
São Paulo - Não basta inovar, é preciso lançar novidades com a colaboração de terceiros. Este é o pensamento que, há dez anos, guia a Procter & Gamble. Hoje, mais da metade das iniciativas e produtos da empresa conta com algum tipo de contrato colaborativo. A companhia investe, em média, 2 bilhões de dólares por ano em inovação.
Os acordos são feitos a partir do Connect+Develop, modelo adotado para desenvolver a inovação aberta na P&G, que busca nas outras empresas - inclusive potenciais concorrentes - o conhecimento e a parceria para desenvolver novos produtos.
Foi exatamente para procurar novos parceiros que representantes da Procter & Gamble vieram esta semana ao Brasil. Os executivos se reuniram com empresários brasileiros no evento Open Innovation in Brazil, promovido pela TerraForum Consultores, em São Paulo, e mostraram suas experiências em inovação aberta.
Plástico verde
Uma delas, realizada com a empresa brasileira Braskem, vai lançar, em 2011, três produtos cosméticos com embalagens feitas com plástico reciclável à base de cana-de-açúcar, das marcas Pantene Pro-V, Covergirl e Max Factor.
Segundo Chris Thoen, diretor de desenvolvimento de negócios globais da P&G, a sustentabilidade é uma grande preocupação da companhia, principalmente no setor de beleza. "Nós buscamos produtos ecologicamente corretos porque nossas consumidoras têm essa forte preocupação. Elas querem ficar bonitas sem degradar o meio-ambiente", explica. Ele também garante que a novidade não vai resultar em aumento nos preços dos produtos.
A P&G também firmou parceria com a brasileira Masipack para inovar no empacotamento dos detergentes em pó Ace e Ariel. A ideia de propor o trato partiu da necessidade de aumentar os níveis e a velocidade de produção. A tecnologia existente na empresa não estava cumprindo as metas exigidas e a sociedade foi a melhor saída.
Juntas, Procter & Gamble e Masipack criaram um novo equipamento capaz de cumprir as necessidades de produção. O resultado foi o aumento de 57% na velocidade da linha de montagem e uma economia de 15%.
Junto com o adversário
Outro exemplo de parceria que deu certo foi a joint-venture formada com a concorrente americana de produtos de limpeza The Clorox Company para criar um plástico mais resistente para embalar comida e fabricar sacos de lixo. O resultado foi Glad, uma marca que vale mais de 1 bilhão de dólares. Mas, antes de concluir esse trabalho conjunto, a Procter & Gamble chegou a desenvolver um produto isoladamente, a partir de tecnologias internas.
De acordo com o diretor de desenvolvimento de negócios externos, Stephen J. Baggott, o novo produto foi testado no Colorado, mas, mesmo com uma boa recepção do público, a empresa preferiu não comprar briga com a concorrência.
"Foi mais interessante propor para a Clorox essa nova tecnologia. Ela já conhecia o mercado e a união de forças seria mais segura", afirma. O acordo previu que a P&G teria participação de 20% nos lucros da marca. Em contrapartida, a Clorox ficaria com 80%, mas arcaria com todos os riscos do negócio.
A principal lição que os executivos da Procter & Gamble deixam é: "não espere a sua ideia dar errado para procurar ajuda. Há outras pessoas que sabem fazer melhor e ambos podem ganhar muito com isso".