Elon Musk: apenas no ano passado, a Tesla perdeu US$ 2,24 bilhões, 189,7% a mais que em 2016 (Aaron P. Bernstein/Reuters)
EFE
Publicado em 17 de abril de 2018 às 06h45.
Washington - A pressão sobre Tesla, fabricante de automóveis elétricos de luxo, está aumentando em várias frentes com a decisão dos Estados Unidos de punir a empresa por divulgar informação de um acidente e as dúvidas sobre seus resultados econômicos.
Desde que foi fundada em 2003, a fabricante de veículos elétricos de luxo que está revolucionando o setor nunca ganhou dinheiro. De fato, suas perdas só aumentam.
Apenas no ano passado, a Tesla perdeu US$ 2,24 bilhões, 189,7% a mais que em 2016. Além disso, a empresa acumula graves atrasos na produção do Model 3, um modelo do qual recebeu cerca de 400 mil pedidos de compra e que é a base da estratégia de crescimento da companhia.
Após meses nos quais a companhia deu diversas explicações para justificar os atrasos na produção do Model 3, o fundador e diretor-executivo da Telsa, Elon Musk, reconheceu no Twitter que a culpa era sua.
"Sim, a excessiva automatização da Tesla foi um erro. Para ser preciso, meu erro. Os humanos estão subvalorizados", escreveu Musk na sua conta do Twitter em resposta ao comentário de um usuário.
Em uma entrevista na semana passada à emissora de televisão americana "CBS", Musk também reconheceu que está sentindo os efeitos da pressão de atingir os objetivos prometidos.
"Estou definitivamente sob estresse. Portanto, se parece que não estou sob pressão, vou ser claro: estou definitivamente sob estresse", ressaltou Musk.
A entrevista à "CBS" é o melhor exemplo da pressão à qual estão submetidos neste momento a Tesla e Musk. Até agora nem um nem outro precisaram, nem queriam, grandes campanhas de relações públicas para vender seu produto ou imagem.
Mas as más notícias começam a superar as boas em todos as frentes e Musk está sendo forçado a "vender" a companhia.
Nesse cenário, a revista "The Economist" publicou uma reportagem crítica sobre a saúde financeira da Tesla.
Segundo a revista, os acionistas da companhia estão nervosos, a unidade de montagem de veículos de Fremont, na Califórnia, é um caos e a empresa está consumindo rapidamente o dinheiro do qual dispõe para continuar com suas atividades.
As fontes consultadas pela revista estimam que a Tesla vai precisar neste ano de entre US$ 2,5 bilhões e US$ 3 bilhões para aumentar a produção do Model 3 para os níveis previstos pela empresa.
Musk recorreu ao Twitter para responder ao artigo, que provocou uma queda do valor das ações da companhia.
Para acalmar os ânimos, Musk escreveu na sexta-feira passada na sua conta da plataforma de comunicação social que a companhia será rentável ainda este ano, aproveitando para criticar a revista.
"'The Economist' costumava ser entediante, mas inteligente com um sarcasmo malvado. Agora é simplesmente entediante. A Tesla será rentável e com fluxo de caixa positivo no terceiro e quarto trimestres. Portanto, obviamente não precisamos conseguir financiamento", explicou Musk.
O problema é que não é a primeira vez que Musk faz promessas similares que depois não conseguiu cumprir, como os níveis de produção do Model 3.
No ano passado, Musk disse que a Tesla produziria 5.000 unidades por semana do Model 3 até o final de 2017. Mas, em fevereiro deste ano, Musk confirmou que só previa atingir esses níveis de produção no terceiro trimestre de 2018.
Como se tudo isso não fosse suficiente, a Tesla também enfrenta uma crescente dúvida sobre sua tecnologia mais promissora, o sistema de condução autônoma Autopilot instalado nos seus veículos, o que provocou confrontos com as autoridades americanas.
A NTSB, agência federal americana encarregada de investigar os acidentes de transporte, expulsou a Tesla na semana passada da investigação de um acidente com morte envolvendo um Model X devido à decisão da companhia de dar "informação incompleta".
O acidente de 23 de março aconteceu quando um Tesla Model X operava com Autopilot e bateu contra uma barreira de cimento usada para dividir a saída de uma estrada. O acidente provocou a morte do seu motorista, Walter Huang, de 38 anos.
Essa não foi a primeira vez que um motorista da Tesla morreu enquanto o Autopilot estava controlando o veículo, o que acrescenta mais dúvidas sobre o futuro da empresa.