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Prisão de executivo mostra obstáculos do Facebook

Prisão de executivo no Brasil é mais um dos entraves que a empresa enfrenta para se expandir internacionalmente


	Diego Dzordan, VP do Facebook, preso na véspera: encerramento de aplicativos, bloqueios regulatórios e protestos dificultam crescimento da empresa
 (Reprodução/Facebook)

Diego Dzordan, VP do Facebook, preso na véspera: encerramento de aplicativos, bloqueios regulatórios e protestos dificultam crescimento da empresa (Reprodução/Facebook)

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Da Redação

Publicado em 2 de março de 2016 às 20h42.

A expansão internacional do Facebook tem enfrentado obstáculos como encerramento de aplicativos, bloqueios regulatórios e protestos. 

Na última terça-feira, o governo brasileiro tentou outra tática: prender um executivo.

Um juiz de Sergipe ordenou a prisão de Diego Dzodan, vice- presidente do Facebook e do Instagram para a América Latina, de acordo com uma pessoa com conhecimento do assunto que não tem autorização para se pronunciar publicamente, depois de a empresa não ter acatado em diversas ocasiões a ordem judicial que fazia parte de uma investigação sobre tráfico de drogas.

O executivo teve a prisão revogada por um habeas corpus hoje pela manhã, o Facebook confirmou em nota por e-mail.

“Detenção de Diego era medida extremamente desproporcional, e temos o prazer de ver o tribunal de Sergipe expedir uma liminar ordenando a sua libertação”, disse Facebook nesta quarta-feira em comunicado por e-mail de de sua assessoria de imprensa na América Latina. 

“Prender pessoas sem conexão com uma investigação em curso é um passo exagerado e estamos preocupados com os efeitos para os brasileiros e para o setor de inovação no país.”

Dzodan poderia permanecer detido antes de ser acusado ou levado a julgamento por um máximo de 30 dias, de acordo com essa ordem judicial, que poderia ser estendida por mais 30 dias.

Essa briga é o capítulo mais recente de uma série de desentendimentos entre o Facebook e governos de todo o mundo, e indica que o caminho para a rede social conquistar o próximo bilhão de usuários poderá ser mais difícil do que o percorrido para alcançar os 1,6 bilhão de usuários atuais. 

A empresa teve enfrentamentos diretos com os reguladores na Índia por um aplicativo para usuários iniciantes na internet -- e perdeu. O mesmo programa, Free Basics, já tinha sido fechado no Egito.

No Brasil, essa não é a primeira tentativa de forçar a empresa a cooperar com investigações locais. Em dezembro, uma juíza da 1ª Vara Criminal de São Bernardo do Campo bloqueou temporariamente o serviço do WhatsApp, que pertence ao Facebook, depois que a empresa se recusou a fornecer o conteúdo das comunicações entre supostos traficantes de drogas. 

A interrupção afetou mais de 100 milhões de usuários locais e provocou indignação nas redes sociais.

O CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, disse na época que estava abismado com “a decisão extrema de um único juiz para punir cada uma das pessoas que usa o WhatsApp no Brasil”.

Legislação brasileira

A legislação brasileira relativa à internet permite que juízes solicitem a divulgação de informações confidenciais quando há indícios suficientes de que os dados contribuíram para atividades criminosas. 

O juiz também pode tomar medidas para obrigar empresas de internet e de telecomunicações a divulgarem dados.

O Brasil já tentou a tática de prisão antes. No início do ano passado, a polícia brasileira invadiu os portões do apartamento em São Paulo do mais alto executivo da Microsoft no Brasil e o intimou a se apresentar perante um tribunal. 

A fabricante de software tinha se recusado a fornecer informações do Skype armazenadas nos EUA relativas a um cliente brasileiro envolvido em uma investigação criminal.

Recusar a fornecer dos dados é uma violação da lei brasileira; fornecê-los é uma violação da lei de escutas telefônicas dos EUA, disse o presidente da Microsoft, Brad Smith, na semana passada. 

O executivo, que a Microsoft não quis identificar por motivos de segurança, ainda está respondendo a acusações e, até o momento, o Brasil impôs uma multa de US$ 28 milhões à Microsoft.

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