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Prioridade a térmicas dá prejuízo à Petrobras

Amarrada por contratos de fornecimento ao setor elétrico, a petroleira se viu obrigada a adotar a manobra


	Petrobras: ajuste está entre os fatores que fizeram a estatal registrar um prejuízo de R$ 34,8 bilhões no ano passado
 (Germano Lüders / EXAME)

Petrobras: ajuste está entre os fatores que fizeram a estatal registrar um prejuízo de R$ 34,8 bilhões no ano passado (Germano Lüders / EXAME)

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Da Redação

Publicado em 24 de março de 2016 às 11h13.

Rio - A Petrobras suspendeu sete áreas da Bacia de Campos por falta de gás natural, utilizado para estimular a produção de petróleo.

O gás foi redirecionado para usinas térmicas e usado como combustível na geração de energia. Amarrada por contratos de fornecimento ao setor elétrico, a petroleira se viu obrigada a adotar a manobra.

O saldo foi um rombo de cerca de R$ 6 bilhões no resultado financeiro, em forma de baixa contábil.

O ajuste está entre os fatores que fizeram a estatal registrar um prejuízo de R$ 34,8 bilhões no ano passado.

Foram suspensos da carteira de projetos da Petrobras os campos de Espadarte, Linguado, Badejo, Pampo, Trilha, Tartaruga Verde e Tartaruga Mestiça.

Os cinco primeiros são campos maduros, em fase de declínio, por isso precisam da injeção para que voltem a produzir em escala economicamente viável.

Já Tartaruga Verde e Tartaruga Mestiça estão em área do pré-sal e devem começar a produzir apenas no próximo ano. Pelas novas determinações do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), aprovadas há duas semanas, se permanecerem sem produção por mais de seis meses, devem ser devolvidos à União e licitados a novos investidores.

No relatório financeiro de 2015 divulgado na última segunda-feira, a Petrobras informa que as sete áreas passaram por testes de avaliação contábil depois que o "plano de escoamento de gás" da Bacia de Campos foi revisto.

Segundo a empresa, a revisão ocorreu "desconsiderando a necessidade de injeção de gás para garantir a produção de óleo, devido à elevada demanda do produto pelo mercado para geração termoelétrica, com a consequente exclusão dos campos".

"Não faz sentido parar a produção de petróleo para usar em térmicas. Mesmo no caso de um petróleo pesado, como o produzido na Bacia de Campos. Mas, para a Petrobras, que tem compromissos com o setor elétrico, é possível que a opção tenha sido perder menos, ao optar pelo gás da Bacia de Campos, em vez de importar o combustível mais caro", disse o especialista pela USP, Edmilson Moutinho.

Critérios

A geração de energia e o fornecimento de gás para a produção de eletricidade pela Petrobras nem sempre seguem critérios financeiros.

A empresa gera energia subsidiada para cumprir contratos firmados ainda no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do período do apagão, quando foi obrigada a construir usinas para garantir o abastecimento de eletricidade ao País.

Em 2006, novamente foi convocada pelo governo a suprir o setor elétrico, dessa vez pela ministra de Minas e Energia Dilma Rousseff, com o fornecimento de gás natural para a geração térmica, ainda que, do ponto de vista econômico, o negócio não fosse rentável.

Do ponto de vista financeiro, mais lógico seria vender o produto para a indústria ou direcioná-lo às suas distribuidoras estaduais. Na época, porém, a Petrobras firmou acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), no qual se comprometeu a fornecer o combustível, sob pena de multa.

O acordo valeu até 31 de dezembro de 2015. Desde então, a Petrobras tem a opção de tirar suas térmicas do Sistema Interligado Nacional (SIN) e optar por direcionar o gás para o mercado que considerar mais conveniente. Mas, segundo fonte do Planalto, não há nenhuma movimentação da petroleira nesse sentido.

A empresa continuará tendo papel chave na segurança do fornecimento de energia no País, até que consiga se desfazer dela dentro do seu plano de desinvestimento.

Procurada, a estatal não se manifestou sobre a decisão de priorizar o fornecimento de gás para geração de eletricidade em detrimento da produção de petróleo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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