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Previ quer investir em fatias menores de empresas

Estratégia de negócios da Previ é investir em participações menores e sem controle das companhias


	Banco do Brasil: fundo de pensão dos funcionários, a Previ, busca ativos com liquidez
 (Lula Marques/Bloomberg)

Banco do Brasil: fundo de pensão dos funcionários, a Previ, busca ativos com liquidez (Lula Marques/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 6 de outubro de 2016 às 09h59.

Rio de Janeiro - Dona de um patrimônio de R$ 163,2 bilhões, a Previ tende a adotar cada vez mais a estratégia de investimento em participações menores e sem presença no controle das companhias.

O movimento reflete a busca do fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil por ativos com alta liquidez, para fazer frente ao pagamento de benefícios a seus 200 mil associados.

A ordem é deixar a carteira de participações preparada para aproveitar oportunidades como a que levou à venda da fatia da Previ na CPFL para a chinesa State Grid, disse ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o diretor de participações do fundo Renato Proença.

Enquanto a indústria de fundos de pensão tem 70% de seus ativos alocados em renda fixa, a Previ tem quase metade (45,9%) dos ativos do Plano 1 - o maior do fundo, com R$ 151,6 bilhões em investimentos - aplicados em renda variável.

O fundo tem participações em companhias como Petrobrás, Vale, Neoenergia, Invepar, Embraer, Ambev, Banco do Brasil, Bradesco e Itaú. No ano passado, o fundo pagou R$ 9,4 bilhões em benefícios.

"O importante é deixar os ativos na prateleira. Assim que houver uma oportunidade você pode tirar dela", diz Proença. Isso significa criar janelas de saída dos ativos.

O executivo usa a CPFL como exemplo. Ao se desfazer dos 29,4% na empresa, a Previ levantou R$ 7,5 bilhões. "Se você me perguntasse no início do ano se a CPFL estava à venda, a resposta seria não. Mas a empresa estava preparada, recebeu uma oferta com prêmio e diante disso a decisão foi: como investidor é um bom momento de monetizar o ativo", conta.

O movimento de venda faz parte da política da Previ, mas o diretor ressalva que não há liquidação de ativos. As operações serão graduais.

As alternativas passam por redução da fatia em uma empresa, venda total e aumento da diversificação, com participações pulverizadas em várias empresas do mesmo setor. Nos últimos anos, o porcentual do patrimônio alocado em renda variável no Plano 1 vem caindo, saindo de 64,5%, em 2010, para os atuais 45,9%.

'Megatendências'

Proença reconhece que o cenário econômico ainda traz preocupações no curto prazo, exigindo das empresas disciplina de caixa e a definição de prioridades. A despeito disso, a Previ provocou o debate de estratégias de longo prazo em seu 17.º Encontro de Governança Corporativa, na quarta-feira, 5, no Rio.

Agentes de mercado discutiram o que a Previ batizou de megatendências - mudanças climáticas, mercado global e futuro digital -, seus reflexos no mundo dos negócios e como elas poderão impulsionar o desempenho das companhias.

O caminho mais simples para abrir a janela de saída dos ativos é levar as companhias a mercado, listando suas ações em bolsa. O maior desafio da Previ hoje está nas participações acionárias na Neoenergia (49,01%), na Invepar (25,53%) e na Vale (15,68%), avaliadas pelo critério do valor econômico.

Enquanto o valor de mercado corresponde à cotação do papel em bolsa, o econômico é obtido pela perspectiva de resultado da companhia. Nesse caso a participação só é contabilizada no balanço fechado do ano.

A Neoenergia e a Invepar não estão na bolsa de valores, por isso uma oferta pública inicial (IPO) de ações é uma opção. Para Proença, a empresa de energia está em estágio mais avançado para uma eventual operação.

Já a Vale está listada, mas a participação da Previ se concentra na Valepar, que reúne os controladores da mineradora, e via Litel, veículo que reúne as fatias dos fundos na Vale.

O acordo de acionistas vence em 2017 e sua renovação está em discussão. A Previ não comenta, mas o mercado enxerga a negociação como uma oportunidade para o fundo dar liquidez às suas ações.

Investigação

O encontro de governança acontece no momento em que os fundos de pensão estatais estão no centro das atenções, após a Polícia Federal deflagrar a Operação Greenfield.

A investigação apura prejuízos de R$ 8 bilhões a Previ, Funcef (Caixa), Postalis (Correios) e Petros (Petrobrás), apontando irregularidades em alguns investimentos. Proença afirma que a Previ tem uma governança robusta, calcada em avaliações técnicas e decisões de investimento colegiadas.

Ele lembra que foi por recomendação da área técnica que a Previ não seguiu o aumento de capital da Sete Brasil, tendo sua participação diluída. "A gente não enxerga que (a Operação Greenfield) gere um risco de imagem para as investidas", diz.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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