Marcos Molina, do Marfrig: asiáticos são fregueses, não concorrentes (Germano LÜders/Exame)
Daniela Barbosa
Publicado em 30 de setembro de 2011 às 11h54.
São Paulo – O presidente do Marfrig, Marcos Molina, adotou uma postura cautelosa para comentar a eventual compra de ativos da sua principal rival, a Brasil Foods. Ao participar do EXAME Fórum, nesta sexta-feira, Molina limitou-se apenas a dizer que, apenas a dizer que, neste ano, a Marfrig não está planejando nenhuma aquisição.
“Estamos focados em busca de sinergias, eficiências, mas nada de compras”, disse. Recentemente, por exemplo, o Marfrig anunciou a venda das operações de logística da Keystone Foods para a Martin-Brower por 400 milhões de dólares.
Na ocasião, a empresa justificou a venda com o argumento de que, assim, poderá se concentrar no foco do negócio, que é a industrialização de carnes.
Além disso, há uma semana, o Marfrig também informou que pretende vender seu terminal portuário de Itajaí (SC), adquirido junto com a compra da Seara, em 2010.
O Marfrig é um dos mais lembrados pelo mercado, quando se trata de apostar quem levará os ativos que a Brasil Foods será obrigada a vender, por determinação do Cade, para viabilizar a fusão da Sadia e da Perdigão que lhe deu origem. Logo que o caso foi julgado, o próprio Marfrig veio a público afirmar que pediria prioridade na negociação.
Blindados
Enquanto não toma uma decisão sobre a Brasil Foods, Molina também olha para os asiáticos. O empresário afirmou que, ao contrário do que vem acontecendo com outros setores, como o automotivo e eletrônico, o setor de alimentos no Brasil está blindado à invasão chinesa.
“Não nos preocupamos com a China. Acho difícil que o setor venha produzir no país, não há espaço. E, em contrapartida, nossa demanda no mercado chinês é uma das que mais cresceram nos últimos cinco anos”, disse. “A Ásia já representa nosso segundo mercado”, afirmou Molina.
A crise é outra questão que também não está tirando o sono do empresário. Segundo ele, mesmo com poder de compra menor, hoje o preço da carne é bem mais baixo do que se comparado dez anos atrás.
“Já estamos acostumados com a crise e protegidos para enfrentá-la como foi em 2008. Ninguém vai deixar de comer carne por conta disso”, afirmou Molina.
A compra da americana Keystone Foods foi uma das estratégias para ampliar a atuação no mercado de food service. A subsidiária criada pela Marfrig começará a operar a partir do ano que vem e nasceu com faturamento de 1 bilhão de reais anualmente. Para Molina, o setor era um dos únicos ainda não muito explorados pela companhia.