Vale: a mineradora chegará em 2018 com uma dívida muito menor do que a atual (Pilar Olivares/Reuters/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 26 de outubro de 2017 às 18h13.
São Paulo - A expectativa da Vale é de que, mantidas as atuais condições de mercado, a empresa tenha um bom quarto trimestre, disse o presidente da mineradora brasileira, Fabio Schvartsman, em teleconferência com analistas e investidores nesta quinta-feira, 26.
O executivo destacou, porém, que sazonalmente o quarto trimestre apresenta um enfraquecimento de preços. "Posso assegurar que a expectativa é de ter resultados comparáveis aos auferidos até este momento", disse.
Schvartsman destacou que a companhia terá muito cuidado na liberação de recursos para investimentos, em todas as áreas da empresa.
O executivo destacou ainda que a Vale deverá concluir todas as condições precedentes para a venda de sua unidade de fertilizantes até o fim deste ano.
A Vale deverá ter suas ações negociadas no Novo Mercado, segmento de mais elevadas práticas de governança corporativa da B3, no dia 22 de dezembro, informou Schvartsman.
A empresa conseguiu recentemente aprovação de seus acionistas para a conversão de suas ações preferenciais em ordinárias, levando a companhia a ter apenas papéis com direito a voto.
A mineradora também passa a ter um controle pulverizado. Segundo Schvartsman, dado o porte da Vale, a migração não será um marco apenas para a empresa, mas também ao próprio Novo Mercado.
A Vale está trabalhando para que haja previsibilidade na realização de preços do minério de ferro, disse o presidente da companhia. "Nós não controlamos o que é preço de mercado, mas o que podemos oferecer para maximizar os preços", afirmou.
A empresa tem trabalhado em diversas frentes, como a redução de minério de mais alta sílica, por exemplo. A companhia tem ainda buscado aperfeiçoar contratos e reduzir o valor do frete. "Estamos na direção de maior realização de preços e menor custo operacional, para que seja mais previsível", disse.
A Vale chegará em 2018 com uma dívida muito menor do que a atual e um endividamento líquido de US$ 15 bilhões não é baixo o suficiente, afirmou Schvartsman.
A dívida líquida da Vale no terceiro trimestre deste ano caiu 19%, para US$ 21,066 bilhões. Em relação ao trimestre imediatamente anterior, a queda foi de cerca de 5%.
A empresa afirmou que no último trimestre do ano a queda da dívida se acelerará, para fechar o ano com um valor entre US$ 15 bilhões e US$ 17 bilhões.
"Uma empresa de commodity não pode ter um endividamento grande. Não há um número mágico (como meta para a dívida líquida), mas em 2018 teremos um endividamento a dívida será muito menor e, consequentemente, esse assunto se encerrará e poderemos falar de outros", disse.
Depois de vencido esse tema, a companhia olhará para o que será destinado a seu caixa, disse Schvartsman ao ser questionado sobre dividendos.
Dessa forma, a Vale não tem em vista nenhum grande projeto e não pretende utilizar caixa para aumentar sua participação na Mosaic, empresa que agora possui uma participação depois da operação de venda da Vale Fertilizantes.
A produção de minério de ferro da Vale deve beirar os 390 milhões de toneladas em 2018 e chegar aos 400 milhões de toneladas em 2019, afirmou o diretor-executivo de Minerais Ferrosos e Carvão da companhia, Peter Poppinga, em teleconferência para comentar os resultados do terceiro trimestre.
A evolução passa pelo ramp-up do projeto S11D, em Carajás (PA). A companhia também manterá sua estratégia de blendagem de minérios de mais alta qualidade, como o de Carajás, e os com menor teor de ferro, produzidos nos sistemas Sul e Sudeste (MG).
Segundo Poppinga, a Vale deve reduzir um pouco mais os volumes de minério de alta sílica produzidos no Sul, "mas nada muito drástico", além de refazer planos de lavra na região para extrair produtos de melhor qualidade.
O executivo se mostrou otimista em relação aos prêmios recebidos pela Vale pelo minério de alta qualidade de Carajás, assim como novos produtos como o Low Alumina (baixa alumina), do qual a Vale já vendeu 4 milhões de toneladas e que está recebendo prêmio de US$ 5 por tonelada.
Para Poppinga, os chineses não conseguirão atingir o objetivo de melhorar a condição social da população junto com seu crescimento sem comprar matéria prima de alta qualidade, o que deixa a Vale muito bem posicionada.
"Estamos muito otimistas em função das mudanças estruturais que estão acontecendo na China, inclusive na siderurgia", afirmou.
A Vale pode dobrar o total blendado na Malásia e na China em 2018. Este ano já foram 46 milhões de toneladas de minérios misturados em mais de dez portos chineses.