Zeinal Bava, presidente da Oi: sua decisão de reduzir o orçamento anual da empresa para despesas de capital abaixo de R$ 6 bilhões contraria o conselho dos analistas (Germano Lüders/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 19 de agosto de 2013 às 15h02.
São Paulo - O presidente da Oi SA, Zeinal Bava, que está enfrentando os piores ratings dos analistas na indústria de telefonia do Brasil, afirmou que conquistará os céticos melhorando a qualidade e reduzindo investimentos ao mesmo tempo.
As inesperadas perdas da companhia no último trimestre levaram o Bradesco BBI a cortar seu rating positivo, deixando o número de analistas que aconselham a compra de ações da Oi em 3 de 16, segundo dados compilados pela Bloomberg. A Fitch Ratings cortou o rating da dívida da Oi mencionando “resultados operativos pobres e uma maior alavancagem líquida”.
Bava, 47, que é presidente há dois meses, está preservando o caixa reduzindo os melhores dividendos anuais da indústria em 75 por cento, uma medida que fez com que as ações despencassem 10 por cento na semana passada.
Seu próximo passo é reduzir o orçamento anual da Oi para despesas de capital abaixo de R$ 6 bilhões (US$ 2,52 bilhões), contrariando o conselho dos analistas, que afirmam que a companhia precisa investir mais em sua rede para se manter no mesmo nível dos concorrentes com muito dinheiro, como a Telefônica SA e a América Móvil SAB.
Mais fundos
A decisão de reduzir os gastos em investimentos na rede surpreendeu os analistas, pois as companhias de telecomunicações são de capital intensivo e precisam investir continuamente para acompanhar a tecnologia. A Telefônica, com sede em Madri, investirá R$ 5,7 bilhões em despesas de capital neste ano. A América Móvil, com sede na Cidade do México, que não fornece orçamento para países individualmente, investirá US$ 10 bilhões na América Latina. O Brasil é o seu maior mercado depois do México.
Como a Oi é o maior fornecedor de linhas telefônicas fixas do Brasil, com serviços para 4.500 municípios, sua rede requer mais atenção e manutenção que a dos concorrentes, que abrangem apenas algumas partes do país com conexões fixas. O investimento atual da empresa em linhas fixas, de aproximadamente R$ 3 bilhões, é igual ao de 2010, “o que sugere um histórico de subutilização”, escreveram analistas da HSBC Holdings Plc dirigidos por Richard Dineen em um relatório do dia 17 de julho.
A redução dos investimentos e o pagamento de R$ 500 milhões por ano em dividendos de um orçamento anual anterior de R$ 2 bilhões ajudarão a Oi a fortalecer seu balanço, disse Bava.
“Contamos com uma equipe comprometida com a recuperação operacional da Oi”, disse Bava em entrevista por telefone do Rio de Janeiro. “O nosso plano é modificar o perfil do fluxo de caixa da companhia, consolidar o nosso modelo de negócios, melhorar a eficiência das operações e aumentar a receita”.
Problemas herdados
Desde que Francisco Valim deixou a presidência da Oi em janeiro, as ações da companhia desvalorizaram-se 50 por cento, para R$ 3,89 hoje, comparado com um declínio de 16 por cento do índice Ibovespa. Bava herdou uma companhia com problemas graves e que levarão anos para serem resolvidos, disse Andrés Medina-Mora, analista da Corporativo GBM SAB.
A receita cresceu 2,4 por cento no segundo trimestre, para R$ 7,1 bilhões, segundo dados da Bloomberg. Os custos aumentaram 10 por cento para R$ 5,3 bilhões porque as despesas ligadas a pessoal, marketing e inadimplência foram “enormes”, segundo Alex Pardellas, analista da CGD Securities, em entrevista por telefone do Rio de Janeiro. Pardellas recomenda comprar ações da Oi com um preço de 8 reais.
Enquanto a indústria em seu conjunto viu um aumento na inadimplência no último trimestre -- a da Telefônica Brasil SA cresceu 26 por cento -- “o caso da Oi foi muito mais agressivo”, disse Medina Mora.
“O financiamento é destinado principalmente à expansão e à modernização de redes e sistemas, a melhoria constante da qualidade dos nossos serviços e do nosso atendimento ao cliente e à criação de soluções inovadoras”, afirmou a companhia num comunicado.