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CEO da Nokia tem poucos meses para recuperar a companhia

Stephen Elop não deve reconquistar os clientes que perdeu para Apple e Samsung


	Elop: investidores e analistas dizem que o presidente tem até o começo de 2013 para provar que fez o certo ao escolher o Windows Phone
 (Brendan McDermid/Reuters)

Elop: investidores e analistas dizem que o presidente tem até o começo de 2013 para provar que fez o certo ao escolher o Windows Phone (Brendan McDermid/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 19 de setembro de 2012 às 11h53.

Helsinki/Frankfurt - O presidente-executivo da Nokia, Stephen Elop, tem poucos meses para se mostrar capaz de recuperar a fabricante finlandesa, que --no que depender do novo smartphone-- não deve reconquistar os clientes que perdeu para Apple e Samsung Electronics.

Investidores e analistas dizem que o presidente tem até o começo de 2013 para provar que fez o certo ao escolher o Windows Phone, ou então o futuro dele na companhia deficitária estará em jogo.

Analistas preveem que o Lumia 920 ficará atrás do iPhone 5 nas compras de fim de ano no segmento mais caro do mercado de smartphones.

"Elop não conseguiu atrair compradores, e isso é o que pesa. Poderia alegar que não teve tempo suficiente, mas está no comando da empresa há quase dois anos. O prazo está acabando", opinou Magnus Rehle, sócio da Greenwich, consultora de grandes empresas de telecomunicação.

A prova de fogo para a virada estratégica de Elop foi no começo de setembro, quando a Nokia lançou os primeiros modelos dela com Windows Phone 8.

Elop tinha prometido agradar em cheio aos consumidores com os novos smartphones, mas o Lumia 920 na verdade se mostrou apenas uma melhora do modelo anterior. As ações da Nokia despencaram durante o evento de lançamento do telefone e perderam 25 por cento em dois pregões.

Os papéis voltaram à marca de 2,20 euros, mas com ajuda da recuperação do mercado mundial de ações, e continuam abaixo do nível pré-lançamento.

Uma boa performance nas compras de fim de ano pode garantir a sobrevivência de Elop, mas investidores e analistas duvidam que isso vai acontecer.

"As compras de fim de ano são uma causa perdida", decretou Juha Varis, do Danske, fundo finlandês que detém ações da Nokia.

"O começo do ano que vem pode trazer o veredicto final. Talvez o fim do primeiro trimestre seja o ponto de inflexão", acrescentou.


Ousadia

A Nokia já estava enfrentando dificuldades quando o canadense assumiu em setembro de 2010 o controle da outrora líder de mercado.

A participação da Nokia no mercado de smartphones havia caído de 39 para 33 por cento em dois anos, e alguns analistas acreditavam que medidas audaciosas fossem necessárias.

Em fevereiro de 2011, Elop surpreendeu os investidores ao trocar o Symbian --da própria Nokia-- por um novo sistema operacional da Microsoft, onde havia trabalhado.

O canadense prometeu que a transição seria realizada em dois anos e que a margem de lucro operacional ficaria em pelo menos 10 por cento a longo prazo.

"Ele vem tomando algumas decisões audaciosas, e ousadia é algo que faltou na companhia por muito tempo, antes da contratação de Elop", elogiou Sami Sarkanies, analista da Nordea.

"Ele pegou a Nokia realmente fraca, e é difícil saber se outra pessoa teria feito melhor", acrescentou.

O analista, no entanto, ressaltou que Elop só tem até o fim do primeiro trimestre ou começo do segundo para provar que a estratégia dele tem chance de dar certo.

Até agora, ela mostrou-se incapaz de deter a queda livre. A participação da Nokia no segmento de celulares inteligentes caiu para 6 por cento no segundo trimestre deste ano, de acordo com pesquisa da Canalys.

A Nokia teve prejuízo operacional de 3 bilhões de euros nos últimos 18 meses e fechou fábricas e escritórios em todo o mundo, demitindo milhares de trabalhadores e trocando os executivos.

Os investidores que mantiveram as ações as viram perder mais de 70 por cento de valor desde que a empresa adotou o software da Microsoft.

Em contraste com o eficiente lançamento que a Apple fez do iPhone 5, a Nokia usou câmeras profissionais para fazer vídeos e fotos que usou para ressaltar as qualidades do novo Lumia 920.


Elop precisa que a Nokia venda muito no Natal para provar que a estratégia dele funcionou, mas analistas apostam que os usuários vão preferir iPhone ou Galaxy.

A Apple recebeu mais de 2 milhões de encomendas nas primeiras 24 horas de pré-venda do iPhone 5. A Nokia deve vender menos de 4 milhões de celulares com Windows neste trimestre, ante os 20 milhões que a Samsung deve veder de Galaxy S3.

"O Natal com certeza será do iPhone", avisou Carolina Milanesi, analista da Gartner.

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