Negócios

"Preparem-se para o pior": maior aceleradora do Vale do Silício faz alerta

Em carta aberta enviada a empreendedores do portfólio, Y Combinator alerta startups sobre momento econômico pessimista

 (mikroman6/Getty Images)

(mikroman6/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 20 de maio de 2022 às 13h46.

Última atualização em 23 de maio de 2022 às 11h02.

Os altos e baixos encarados por empresas de tecnologia têm assustado até mesmo as figuras mais estabelecidas. É o caso da Y Combinator, uma das (se não a maior) aceleradora de startups dos Estados Unidos. Agora portadora de más notícias, a aceleradora enviou uma carta aos fundadores de seu portfólio pedido para que "se preparem para o pior".

O registro, obtido pelo portal de notícias americano TechCrunch, traz uma série de recomendações para empreendedores de tecnologia encararem o momento atual de incertezas. Uma delas é a desaceleração dos aportes milionários, tão comuns a startups em fase de crescimento.

A recomendação da Y Combinator é de que os fundadores conservem o caixa, mantendo a sobrevivência das empresas com os recursos financeiros que já estão à disposição. Além, é claro, de reduzirem suas despesas nos próximos 30 dias. “Se o seu plano é levantar dinheiro nos próximos 6 a 12 meses, você pode estar levantando no pico da recessão. Lembre-se de que suas chances de sucesso são extremamente baixas, mesmo que sua empresa esteja indo bem. Recomendamos que você mude seu plano”, diz o texto.

Para as companhias que não enxergam um futuro próspero no curto prazo, a sugestão da aceleradora é acelerar processos de captação. Tudo em nome da sobrevivência do negócio nos próximos 24 meses.

"Ninguém pode prever o quão ruim a economia vai ficar, mas as coisas não parecem boas", diz o documento.

Má fase para startups?

A carta da Y Combinator se une a indícios que comprovam o momento de desaceleração econômica para grandes empresas de tecnologia e startups em ritmo de crescimento acelerado. Empresas nativas tecnológicas como Netflix, Amazon e Google veem o valor de suas ações desabar — um movimento natural diante da alta dos juros nos Estados Unidos, mas que ainda assusta especialistas.

O mercado de venture capital, apesar de não focar nas grandes titãs de tecnológica, não escapa à regra. A alta de juros causa aversão ao risco, critério básico para rodadas de investimentos capitaneadas por fundos mais maduros em startups emergentes de todo o mundo. A tendência é de que investidores prefiram alocar recursos em empresas estabelecidas, evitando as apostas incertas.

Brasil sente os impactos

O mercado congelado e o receio por rodadas maiores e crescimento agressivo tem forçado startups nacionais — até mesmo unicórnios — a colocar o pé no freio. Recentemente, empresas como Loft, QuintoAndar e Facily anunciaram uma redução significativa no seus quadros de funcionários, uma adaptação ao cenário macro de retração.

Trata-se de um fenômeno em curso em toda a América Latina. Dados do relatório mais recente do Sling Hub mostram que, durante o mês de abril, 821 milhões de dólares foram investidos em startups da região. O resultado é 12% menor do que o registrado em março e 35% menor do que em abril de 2021.

“PS: Se por algum motivo você achar que esta mensagem não se aplica à sua empresa ou se você precisar que alguém lhe diga isso pessoalmente para acreditar… por favor, reavalie suas crenças mensalmente para ter certeza de que não levar sua empresa de um penhasco. Além disso, lembre-se de que você sempre pode entrar em contato com seus parceiros de grupo”, finaliza a carta.

 

Acompanhe tudo sobre:EXAME-Academy-no-InstagramStartups

Mais de Negócios

Esta empresária catarinense faz R$ 100 milhões com uma farmácia de manipulação para pets

Companhia aérea do Líbano mantém voos e é considerada a 'mais corajosa do mundo'

Martha Stewart diz que aprendeu a negociar contratos com Snoop Dogg

COP29: Lojas Renner S.A. apresenta caminhos para uma moda mais sustentável em conferência da ONU