Embraer: acordo com a Boeing pode sair até o fim do ano (Porneczi/Bloomberg)
Mariana Desidério
Publicado em 23 de maio de 2018 às 11h11.
O governo brasileiro tem grandes esperanças de que se chegue a um acordo entre a Boeing e a Embraer, já que as preocupações sobre os projetos militares estratégicos da empresa brasileira foram superadas, disse o ministro da Defesa, Joaquim Silva e Luna, em entrevista à Bloomberg.
O governo está acompanhando as negociações entre as duas empresas, nas quais ambas buscam um acordo "ganha-ganha", disse o ministro. Embora ele tenha se recusado a especular sobre quando elas poderiam chegar a um acordo, ele disse que não houve retrocessos e que ele espera que as conversas terminem até o final do ano, quando o mandato do atual governo terminar.
"Todos nós, a Boeing e a Embraer também, estamos otimistas", disse ele. “Havia uma preocupação para preservar investimentos da nossa base industrial de defesa, de que os projetos estratégicos não fossem interrompidos. Essa parte foi superada.”
A Boeing disse que as conversas são contínuas e produtivas. A Embraer não quis fazer comentários.
Comentários anteriores de Silva e Luna à Bloomberg em abril sobre o acordo marcaram uma mudança de tom no Ministério da Defesa, que havia sido cauteloso em ceder o controle da Embraer, uma das maiores empresas nacionais e fornecedora de equipamento militar. O governo brasileiro controla a chamada golden share, que lhe dá poder de veto sobre qualquer decisão estratégica da companhia.
No mês passado, a Embraer informou que as vendas trimestrais caíram abaixo de US $ 1 bilhão pela primeira vez em oito anos. Na época, o presidente-executivo Paulo César de Souza e Silva disse a jornalistas em uma teleconferência que as negociações estavam avançadas e "indo bem". Ele também se recusou a definir um prazo para um possível acordo. As empresas anunciaram que estavam em negociações em dezembro, e a previsão de acordo foi mudada várias vezes, do primeiro trimestre para o primeiro semestre de 2018. O plano em discussão é a criação de uma joint venture que incluiria os jatos comerciais da empresa em vez de uma aquisição total da Embraer pela Boeing.
O valor de cada lado da empresa resultante está em discussão e dependerá de quanto dinheiro cada parte tem para investir na joint venture, disse o ministro. “Não sabemos se em comunhão ou separação de bens, mas a tendência é de casamento, sim”, acrescentou Silva e Luna.