Aviões da Lan Chile e da Tam: a Latam informou, hoje, que perdeu US$ 329,8 milhões no segundo trimestre deste ano (Divulgação/Latam)
Da Redação
Publicado em 21 de agosto de 2013 às 15h39.
Santiago do Chile/Rio de Janeiro - A Latam Airlines, o maior grupo latino-americano de transporte aéreo divulgou nesta quarta-feira que registrou no segundo trimestre um prejuízo de US$ 329,8 milhões devido à desvalorização do real, o que mostra a difícil decolagem da fusão entre a chilena Lan e a brasileira Tam.
A este revés se acrescentam uma multa no Canadá por manipular os preços de seu serviço de carga e as dificuldades da Lan na Argentina, onde deverá deixar em breve um hangar estratégico em Buenos Aires por ordem das autoridades.
A Latam, que tem presença na Argentina, Brasil, Colômbia, Chile, Equador, Paraguai e Peru, informou hoje que perdeu US$ 329,8 milhões no segundo trimestre deste ano.
Esse número é 26,5% menor que os US$ 448,8 milhões de prejuízo no mesmo período de 2012 e incorpora a desvalorização do real no último dia 30 de junho, comparado a 31 de março de 2013, o que representou uma perda não operacional de US$ 361 milhões.
O governo brasileiro pediu dez dias de prazo para analisar nove medidas solicitadas pelas companhias aéreas para minimizar os efeitos da desvalorização, que multiplicou os custos dos combustíveis e provocou um aumento das passagens.
"O governo analisará o conjunto de propostas apresentadas pelas empresas para atenuar os efeitos da mudança no setor", afirmaram hoje para a Agência Efe fontes da Secretaria de Aviação Civil da Presidência.
As medidas foram solicitadas na terça-feira pela Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Avear), que reúne às seis maiores companhias aéreas do país. As empresas alegam que 57% de seus custos de operação dependem do dólar, por isso a desvalorização do real tem um peso importante sobre suas operações.
O real se desvalorizou em 7,5% no último mês e em 15,4% no acumulado do ano e, segundo as empresas, por isso deverão continuar aumentando os preços das passagens e reduzindo seus voos e o quadro de funcionários, pois a desvalorização já está afetando seus resultados financeiros.
"A companhia continua trabalhando para reduzir a exposição de seu balanço com as oscilações do real, e espera reduzi-lo completamente em meados de 2014", ressaltou a Latam no relatório divulgado hoje em Santiago.
As receitas do segundo trimestre somaram US$ 3,098 bilhões, 9 milhões a mais que no mesmo período de 2012, enquanto o resultado operacional teve um ganho de US$ 39,4 milhões, longe das perdas de US$ 117 milhões do segundo trimestre de 2012, segundo os dados elaborados para efeitos de comparação, pois a fusão foi concretizada em junho de 2012.
A margem operacional foi de 1,3%, o que representa uma melhora de 5,1 pontos percentuais em relação à margem negativa de 3,8% do segundo trimestre de 2012.
Segundo a companhia, o resultado "reflete melhoras importantes na gestão de custos e receitas que a Latam conseguiu na medida em que continua o processo de capturar as eficiências e sinergias esperadas da fusão".
A Latam garantiu estar "convencida" que as condições macroeconômicas na América Latina, com a desvalorização das moedas locais na maioria dos países e uma maior volatilidade, requerem "um plano de frota conservador e flexível".
Por isso, assinalou que modificou o dito plano para o período 2013-2015, reduzindo para 22 o número de novos aviões e, assim diminuir seus compromissos de frota em US$ 1,1 bilhão em relação ao montante estabelecido no momento da fusão.
Ao meio-dia de hoje (13h de Brasília), as ações da Lan caíam 4,07% na Bolsa de Santiago, para até 6.347 pesos (US$ 12,39), menos da metade de um ano atrás.
O preço das ações foi afetado também pelo aumento de capital de US$ 1 bilhão aprovado em junho passado para financiar um plano de investimentos de US$ 11 bilhões até 2017, destinado a renovar e ampliar a frota.
A Lan enfrenta, além disso, problemas na Argentina, onde o Organismo Regulador do Sistema Nacional de Aeroportos (ORSNA) deu dez dias de prazo para a empresa desocupar um hangar no Aeroparque, no centro de Buenos Aires.
Segundo a autoridade, a ação de despejo afeta também outras companhias aéreas e ocorre devido às reformas no aeroporto.
O gerente geral da Lan, Enrique Cueto, tinha previsto viajar hoje a Buenos Aires para tratar do problema. "Isso será um problema político", disse na terça-feira para jornalistas chilenos que o acompanhavam em um voo institucional à Colômbia.
Segundo a empresa, esse hangar é utilizado para a manutenção das aeronaves e, embora essas tarefas possam ser realizadas em outro lugar, isso faria com que a operação se tornasse difícil e ineficiente.
Agustín Agraz, diretor de Assuntos Corporativos da Lan Argentina, advertiu hoje para a imprensa argentina que a companhia seria obrigada a acabar com seus voos domésticos no país se fosse retirada do hangar.
A Lan já teve outros problemas na Argentina: em meados de maio, a Intercargo, empresa estatal que presta serviços de atendimento de passageiros às companhias aéreas nos aeroportos, suspendeu seus serviços para a Lan, que resistiu em aceitar um aumento unilateral das tarifas de US$ 18 milhões que, posteriormente, a companhia aceitou pagar.
Também a Lan se queixou que as autoridades rejeitaram a incorporação de um Airbus 320 em substituição a um Boeing 767 que devia entrar em manutenção, o que obrigou a redução da frequência de seus voos semanais entre Buenos Aires e Miami.
Por outro lado, um tribunal do Canadá multou na terça-feira a Latam em US$ 938 mil, depois que a companhia admitiu participação em um esquema de manipulação de preços de seu serviço de carga entre março de 2003 e fevereiro de 2006. EFE