Diante do resultado negativo e sinais de que o custo com combustível continuará alto, a empresa tomou medidas para cortes de custos que devem ter impacto no final de 2012 (Divulgação/EXAME)
Da Redação
Publicado em 12 de agosto de 2011 às 08h47.
São Paulo - Um cenário de aumento da competição no mercado doméstico atrelado a uma alta no custo de combustível fez a Gol encerrar o segundo trimestre com um prejuízo quase sete vezes maior ante o mesmo período de 2010.
A segunda maior companhia aérea do país teve prejuízo líquido de 358,7 milhões de reais, contra resultado negativo um ano antes de 51,9 milhões e lucro líquido no primeiro trimestre de 110,5 milhões.
A companhia, que no final de junho cortou drasticamente a previsão de margem de lucro operacional em 2011, anunciou ainda um programa de recompra de até 10 por cento de suas ações preferenciais. No ano até o final de julho, os papéis da empresa acumularam desvalorização de 51,8 por cento.
"Essa iniciativa tem como objetivo maximizar a criação de valor para os acionistas em razão da cotação atual das ações da companhia no mercado", afirmou a Gol no anúncio da recompra, que é válida por um ano a partir desta sexta-feira. Segundo o preço de fechamento da ação na véspera, de 10,34 reais, a empresa pode gastar cerca até 98,16 milhões de reais.
Diante do resultado negativo e sinais de que o custo com combustível continuará alto, o presidente da Gol, Constantino de Oliveira Jr., afirma no balanço que a empresa tomou medidas para cortes de custos que devem ter impacto completo no final de 2012.
"Após a implantação de todas as iniciativas em curso, estima-se uma redução de cerca de 650 milhões de reais de despesas (...) Com as medidas em implementação, a companhia deverá voltar a dar retorno adequado aos seus acionistas, já em 2012", afirma o executivo.
Ebitdar Negativo
No trimestre passado, a geração de caixa da Gol medida pelo Ebitdar --sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação, amortização e aluguel de aeronaves-- ficou negativa em 67,6 milhões de reais de abril a junho, contra resultado positivo de 274,2 milhões um ano antes. A margem despencou de 17,2 para índice negativo de 4,3 por cento.
"O resultado negativo ocorreu em função do acirramento da competição no mercado doméstico brasileiro que acarretou na queda em 1,5 por cento na receita líquida na comparação anual, adicionalmente ao cenário de pressão dos custos operacionais", afirma a Gol no balanço.
Com o incremento da concorrência, a Gol viu seu yield, um indicador referencial do preço de passagens aéreas, cair 13,8 por cento sobre o segundo trimestre de 2010 e 8,2 por cento sobre os três primeiros meses do ano. Com isso, a tarifa média caiu de 194,6 reais no segundo trimestre do ano passado para 167,6 reais de abril a junho. Nos três primeiros meses do ano, a tarifa média havia sido de 198,2 reais.
A empresa acrescentou que as despesas subiram 19,8 por cento sobre o segundo trimestre do ano passado, puxadas pelos custos com combustível, que dispararam 27,8 por cento.
Diante da alta no custo de combustível, a Gol decidiu no segundo trimestre devolver aeronaves de baixa performance de consumo, o que acabou ampliando o prejuízo do período.
O resultado da Gol foi divulgado depois que a principal rival, TAM, anunciou queda de 53 por cento no lucro líquido do segundo trimestre em relação aos três primeiros meses do ano.