Gol: recuperação da ação da Gol começou na quarta-feira, quando subiu 2,79 por cento (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 18 de dezembro de 2014 às 13h09.
São Paulo - A Gol deve se beneficiar da recente derrocada do preço do petróleo no exterior caso a commodity fique no patamar atual, apesar da acentuada desvalorização recente do real ante o dólar, após uma onda de vendas atingir as ações da companhia aérea justificada pelo movimento do câmbio.
Os papéis da Gol negociados na Bovespa acumularam baixa de quase 18 por cento em três pregões até o fechamento de 16 de dezembro, em meio a temores sobre o impacto do enfraquecimento do real nos resultados da empresa.
Cerca de 40 por cento dos custos e despesas da Gol no terceiro trimestre foram com combustível e lubrificantes, cujos preços acompanham as oscilações do petróleo no exterior e do câmbio.
A recuperação da ação da Gol começou na quarta-feira, quando subiu 2,79 por cento, e continuava nesta quinta-feira, com valorização de 6,20 por cento às 13h55, contra variação positiva de 0,03 por cento do Ibovespa no mesmo horário.
Analistas do Citi Research escreveram em nota a clientes que o valor do petróleo no exterior têm recuado mais fortemente do que a moeda brasileira. Eles mantêm a recomendação de "compra" das ações da Gol e consideram que a recente onda de venda dos papéis parece injustificada no que toca aos fundamentos.
No acumulado de dezembro até o fechamento de terça-feira, o dólar subiu 6,37 por cento ante o real, enquanto o petróleo tipo Brent recuou 14,67 por cento em igual período.
Especialistas esperam que o dólar se valorize no longo prazo contra o real e o petróleo permaneça por algum tempo na faixa dos 60 a 70 dólares por barril.
Com perspectiva semelhante à do Citi, analistas do Bank of America Merrill Lynch elevaram a recomendação do recibo de ação da Gol em Nova York de "neutra" para "compra", com preço-alvo de 7 dólares, ou um potencial de alta de 50 por cento, após a Gol ter divulgado na quarta-feira dados operacionais positivos para novembro.
"O momento deve continuar forte para os resultados, especialmente durante o primeiro triemstre de 2015, quando a queda do preço do combustível será completamente capturada pela Gol", afirmaram os analistas do BofA Merrill Lynch.
A Gol disse que a recente queda no preço do barril de petróleo será observada apenas parcialmente nos resultados do quarto trimestre de 2014, devido ao deslocamento temporal de cerca de 45 dias na formação de preço do querosene de aviação.
FORNECEDORAS Os analistas do Citi classificaram ainda como injustificadas preocupações do mercado expressadas nos últimos pregões de que fornecedoras pudessem interferir na formação do preço do querosene de aviação.
No comunicado sobre os dados operacionais de novembro, a Gol disse que o preço por litro do combustível de aviação seguiu sua fórmula de reajuste, determinada por portaria da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que tem como base de cálculo a variação do "Jet Kerosene Gd 54 USGA" e do dólar.
"Essa estrutura está em vigor desde outubro de 1999.
Portanto, as preocupações do mercado de que as fornecedoras de combustível do Brasil possam interferir com esse mecanismo pela primeira vez em 15 anos parece carecer de mérito", escreveram os analistas do Citi.
Procurada, a Gol afirmou que "a queda no preço do barril do petróleo é uma possibilidade para a recomposição das margens operacionais da companhia, uma vez que o preço do petróleo tem influência direta no resultado das empresas aéreas".
No início de dezembro, a Gol revisou o intervalo da projeção financeira de margem operacional para o ano de 2014 da faixa de 3 a 6 por cento para entre 4 e 6 por cento. (Edição de Cesar Bianconi)