Brasil Foods: mercado interno representou cerca de 55 por cento das vendas totais da BRF no acumulado do ano até setembro, com 12,44 bilhões de reais (EXAME)
Da Redação
Publicado em 4 de dezembro de 2013 às 13h50.
São Paulo - A expectativa de preços de grãos relativamente estáveis em 2014 deve reduzir a pressão por repasses de custos com reajuste de preços aos consumidores de produtos da BRF, disse nesta quarta-feira o vice-presidente da empresa, Leopoldo Saboya.
"Neste momento, vislumbramos um cenário de 'inflação interna' (custo) um pouco mais acomodado do que foi nos últimos dois anos. Os custos devem ficar relativamente estáveis ou ter pouco incremento no próximo ano", disse o executivo em entrevista coletiva em São Paulo.
Os grãos utilizados na produção de rações são o item de maior peso no custo de produção de carne de frango, representando entre 75 e 80 por cento do total.
No ano passado, quebras de safra no Brasil e EUA puxaram os custos da produção da BRF, a maior produtora e exportadora de frango do Brasil, levando a empresa a reajustar os preços de seus produtos em cerca de 10 por cento entre julho e dezembro do ano passado.
O mercado interno representou cerca de 55 por cento das vendas totais da BRF no acumulado do ano até setembro, com 12,44 bilhões de reais.
Segundo Saboya, a empresa trabalha com as estimativas do mercado em geral, que aponta um intervalo da inflação entre 5,5 e 6 por cento em 2014.
Ele reiterou que a projeção de gastos com investimentos (capex) em 2 bilhões de reais este ano, com viés de baixa.
"Este viés agora é fato. O capex já está rondando 1,6 bilhão de reais em 2013. E é quase referência para 2014", disse Saboya.
Este valor de capex incorpora 500 milhões de reais destinado a compra de matrizes para o plantel.
Recuperação moderada
O executivo espera uma recuperação da economia brasileira em 2014, mas pondera que o "crescimento não deve ser vigoroso", mesmo com a realização da Copa do Mundo no país, que deve ter reflexos no consumo esperado para o ano.
"O mercado interno terá um componente de crescimento orgânico, e uma alavanca endógena de crescimento, baseada no nosso pilar de categorias de produtos e execução comercial", disse o executivo.
O plano da empresa para reforçar a rentabilidade e reduzir custos inclui uma redução de mais de 20 por cento no seu portfólio de unidades de produtos, que atualmente é de cerca de 4 mil produtos.
A ideia, segundo os executivos que participaram da coletiva, é reduzir a oferta de produtos de baixa performance para focar em unidades de maior valor agregado em mercados específicos.
"Poderemos ter um corte de 20 a 30 por cento no SKU (sigla em inglês para unidades de produtos) ao longo do próximo ano", disse a vice-presidente de marketing e inovação da empresa, Sylvia Leão.
A empresa pretende retirar produtos em algumas regiões específicas do país.
"Às vezes um produto que vende bem no Nordeste, não vai bem no Sul... Tirar alguns produtos alivia a operação, torna mais enxuta. A expectativa é aumentar a receita mesmo com a redução", disse Sérgio Fonseca, presidente da BRF no Brasil.
Mercado externo
As mudanças em curso na BRF fazem parte do plano elaborado pela companhia com a entrada de Abilio Diniz na presidência do Conselho de Administração em abril e do presidente-executivo Claudio Galeazzi.
Com a troca no comando, a empresa começou a mudar sua estrutura para, entre outras medidas, fazer a internacionalização da BRF.
As regiões no foco de expansão da companhia incluem o Oriente Médio, norte da África e Sudeste da Ásia, que podem ser aquisições, joint ventures ou "greenfields" (novos projetos) em área industrial e distribuição.
"São áreas de grande vocação", acrescentou Saboya. Oriente Médio, África e Extremo Oriente respondem por 59 por cento da receita da BRF no mercado externo.