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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.
Lisboa - Os especialistas e a imprensa portuguesa apostam que a Portugal Telecom (PT) manterá o "não" a oferta da espanhola Telefónica pela sua parte da brasileira Vivo, cuja oferta, apesar de ser alta, foi rejeitada imediatamente.
O presidente da PT, Zeinal Bava, sublinhou em várias declarações reiteradas nas últimas 24 horas que sua parte na Vivo, controlada pela Telefónica, não está em venda porque é um ativo estratégico e uma aposta de futuro.
Na bolsa de Lisboa as ações da PT se valorizaram hoje em 5,5% após subir quase 6% na terça-feira com a recusa de aceitar a oferta espanhola.
Entre os principais acionistas da PT, na qual a Telefónica também tem 10% de capital, a oferta não gerou reações públicas, salvo a do multimilionário colecionador de arte Joe Berardo - com quase 2% de ações - que elogiou a decisão de Bava e considerou os investimentos da PT nas antigas colônias portuguesas na África e na América estratégicos.
A oferta foi recebida com frieza pelo Governo português - que mantém uma ação de ouro (com direitos de veto) na PT -, apesar do plano oficial para vender empresas públicas como parte das medidas anti-crise.
Os sindicatos da operadora dominante da telefonia portuguesa também se opõem à venda, segundo declarações recolhidas na imprensa econômica local.
A edição digital do maior jornal econômico português, o "Jornal de Negócios", destacou hoje que a operadora portuguesa "aparenta ter a posição negociadora mais forte perante uma Telefônica que parece desesperada por reforçar sua presença no Brasil".
O editorial do rotativo questionava, além disso, se a companhia espanhola havia "enlouquecido" ao oferecer 5,7 bilhões de euros pela Vivo e assinalou que, apesar da determinação de não vender, se o valor aumentar, a última palavra pode estar em os acionistas ou o Estado.
O núcleo duro português da PT é formado pelo Banco Espírito Santo (BES, com 7,99%); a estatal Caixa Geral de Depósitos (CGD 7,3); os grupos Ongoing (6,7) e Controlinveste (2,28), com interesses nos meios de comunicação; e a sociedade Visabeira (2).
Dos acionistas estrangeiros, que somam mais de 28% dos títulos, o primeiro é a própria Telefónica (10%), seguida da sociedade Brandes Investments (7,89), Barclays Bank (5,1), BlackRock (2,3) e do Credit Suisse (2).