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Por que o Zaffari está a 12 meses de virar o maior varejista brasileiro

Em junho de 2012, o Casino deve assumir o controle do Pão de Açúcar, e a rede gaúcha será a maior de capital 100% nacional

Loja do Zaffari: o Pão de Açúcar, líder dentro os supermercados no Brasil, faturou 36,1 bilhões de reais em 2010, enquanto o Zaffari faturou 2,49 bilhões de reais (Divulgação Grupo Zaffari)

Loja do Zaffari: o Pão de Açúcar, líder dentro os supermercados no Brasil, faturou 36,1 bilhões de reais em 2010, enquanto o Zaffari faturou 2,49 bilhões de reais (Divulgação Grupo Zaffari)

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Da Redação

Publicado em 18 de julho de 2011 às 06h12.

São Paulo – Abilio Diniz não é o único a contar os dias até junho de 2012, quando deverá entregar o controle do Pão de Açúcar ao Casino, seu sócio francês. Claudio Luiz Zaffari, que comanda a rede de supermercados que leva o sobrenome da família, também viverá novos tempos. Se o roteiro traçado for cumprido, o Zaffari será o maior varejista de controle 100% brasileiro. Mas, ao contrário do Pão de Açúcar, que ocupa atualmente o posto, a rede gaúcha promete dias de paz na briga pela consolidação do setor.

Com faturamento de 2,49 bilhões de reais em 2010, segundo o ranking da Abras, o Zaffari é a quinta maior rede de supermercados do país. De acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o Pão de Açúcar, que deve passar para o controle francês, é o primeiro, com 36,1 bilhões de reais. O Carrefour, alvo da discórdia de Abílio com o Casino, é o segundo, com 29 bilhões de reais. O americano Walmart vem em terceiro, com 22,3 bilhões de reais. E o GBarbosa, controlado pelo chileno Cencosud, é o quarto, com 3,5 bilhões.

“O fosso é monumental”, diz Eugênio Foganholo, diretor da consultoria Mixxer. Para compensar esse fosso, o que se viu, nos últimos anos, foi uma agressiva corrida para ganhar escala. Redes menores acabaram compradas pelos líderes do setor. Mas o futuro novo líder brasileiro não deve seguir este caminho. Os planos do Zaffari não incluem partir para a briga com os gigantes do setor. “Não é nossa preocupação chegar aos primeiros lugares”, disse Zaffari. “Não temos pressa, nosso crescimento é orgânico”, disse Zaffari, segundo o qual a rede vem crescendo 15% ao ano.

A empresa também não tem planos de abrir unidades em novos estados. O foco é a atuação no Rio Grande do Sul e em São Paulo, onde há espaço para mais uma ou duas unidades, segundo Zaffari. No Rio Grande do Sul, os planos futuros incluem seis projetos - no próximo ano, a rede vai investir cerca de 300 milhões de reais em duas unidades que estão em construção no estado.

O empresário ri quando lembra de todos os rumores sobre aquisições envolvendo a empresa. E reforça que não tem interesse em comprar outras redes, tampouco em ser englobado por uma rede estrangeira. “As aquisições podem acontecer, mas não é o normal da companhia”, disse.

Desnacionalização

A forte presença de empresas estrangeiras no setor de varejo divide os especialistas. “Isso (predomínio brasileiro em um setor) já acabou, ficou lá atrás quando se discutia que o petróleo era dos brasileiros”, disse Cláudio Felisoni, presidente do Provar/Ibevar.  Já para Foganholo, da Mixxer, há mais pontos negativos na desnacionalização dos supermercadois nesse momento. “A entrada do Carrefour foi muito importante, trouxe inovações, aportou um novo formato; já com o Casino, não vejo grandes benefícios”, disse.

“Essa tendência de migrar para grupos globais é um processo quase irreversível no mundo”, disse Marcos Gouvêa, sócio da consultoria GS&MD. O mesmo movimento já ocorreu na produção, segundo o consultor. Ele citou áreas em que o Brasil tem empresas globais, como proteína animal, com o JBS, e cerveja, com a AmBev. Enquanto algumas empresas se internacionalizam, caberá ao Zaffari o posto de líder brasileira do setor de varejo – ainda que, no fundo, a empresa queira mesmo é seguir sossegada no seu passo.

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