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Por que o novo dono do Pornhub quer que pornografia seja "chata"

Fundo de investimento canadense Ethical Capital Partners (ECP) comprou a MindGeek, empresa à frente do site, há três meses

O Pornhub, assim como outros sites pornô sob a MindGeek, foi adquirido há três meses pelo fundo de investimentos canadense Ethical Capital Partners (ECP) (AFP/AFP)

O Pornhub, assim como outros sites pornô sob a MindGeek, foi adquirido há três meses pelo fundo de investimentos canadense Ethical Capital Partners (ECP) (AFP/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 26 de junho de 2023 às 18h43.

Última atualização em 26 de junho de 2023 às 18h58.

Os governos deveriam parar de combater os sites de pornografia e, em vez disso, se orgulharem da expressão sexual e ajudarem a normalizar a pornografia, o que a tornará "chata", declarou à AFP o novo proprietário do Pornhub, que enfrenta um mar de problemas legais.

O fundo de investimento canadense Ethical Capital Partners (ECP) comprou a MindGeek, empresa à frente do Pornhub, há três meses, passando a controlar também vários outros sites do ramo, como o YouPorn.

Em maio, os sites da empresa saíram do ar no estado de Utah, nos Estados Unidos, depois de receberem a ordem de verificar a idade dos usuários.

E na França, proprietários de sites e reguladores estão em negociações há meses sobre como aplicar na prática a verificação de idade obrigatória, uma lei de 2020.

Dois dos sites da MindGeek não implementaram nenhum tipo de verificação e podem ser proibidos no país europeu. A decisão judicial é esperada para 7 de julho.

"Não queremos nenhum usuário menor de idade em nossos websites", garantiu o fundador do ECP, Solomon Friedman, em entrevista à AFP.

Mas Friedman rejeitou a ideia de que a responsabilidade deva recair sobre os sites da internet e pediu que os sistemas operacionais encontrem uma solução.

"Apoiamos firmemente as soluções de verificação de idade que consigam duas coisas: proteger as crianças efetivamente e não expor dados pessoais", afirmou.

"A única solução que alcança ambos esses objetivos é a verificação baseada no dispositivo ou no navegador", disse, acrescentando que seria um "passo muito simples para o Google e a Apple".

Sob pressão

A MindGeek se viu em apuros em 2020 quando o "The New York Times" publicou alegações de que seus sites continham material que mostrava estupros e sexo com menores.

A reportagem despertou uma forte pressão dos reguladores em vários países. E a Visa e a MasterCard pararam de processar pagamentos nesses sites.

Os proprietários passaram dois anos tentando vender a companhia, que é sobretudo sediada no Canadá, mas tem uma complexa estrutura corporativa presente em diversos paraísos fiscais pelo mundo.

Agora, os novos donos — entre eles, dois advogados, um ex-policial e um investidor italiano que fez fortuna com a venda legal de cannabis — buscam afastar a empresa das denúncias.

Friedman disse que a MindGeek mudou completamente nos últimos anos. Contou que conseguiram eliminar 8 milhões de vídeos em 2021, algo que a AFP não conseguiu verificar.

"Um pedido de remoção de conteúdo automaticamente faz com que esse conteúdo seja removido', afirmou. "Revisamos depois que é removido."

Além disso, os usuários que fazem upload na plataforma precisam se identificar. Tudo é escaneado por algoritmos para filtrar material protegido por direitos autorais e depois visto por funcionários, antes de ficar disponível online.

Expressão sexual

Segundo Solomon, sua companhia foi contratada inicialmente apenas para checar se a MindGeek estava trabalhando dentro da lei.

"E o que descobrimos foi que não apenas ela cumpre a lei, mas era uma oportunidade de investimento extraordinária, mas uma oportunidade que exige habilidades especializadas" explicou.

A ECP decidiu que tinha essas habilidades e fez a aquisição, embora não tenha sido um caminho fácil desde então.

Nos Estados Unidos, além de Utah, também enfrentou problemas legais na Louisiana. Enquanto na França, Solomon não descarta a possibilidade de que seus sites tenham de ser retirados do ar.

A questão tem tido destaque na agenda política desde que o presidente Emmanuel Macron, em sua campanha pela reeleição no ano passado, prometeu priorizar a proteção das crianças contra a pornografia.

O ministro francês da Transição Digital, Jean-Noel Barrot, desafiou a ECP a explicar como vai agir para se manter dentro da lei.

Solomon disse que entrou em contato com o gabinete de Barrot e prometeu produzir um relatório em breve, insistindo que sua empresa estava comprometida a "falar aberta e orgulhosamente sobre a indústria pornô".

"Penso que a sociedade avançou em uma direção em que nos orgulhamos da expressão sexual", declarou. "Pelo fato de ser para adultos, será chato, assim como a cannabis [legalizada] no Canadá se tornou chata."

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