EXAME Solutions
Publicado em 1 de novembro de 2023 às 12h09.
Última atualização em 8 de novembro de 2023 às 08h57.
O Brasil é o maior receptor de investimento estrangeiro direto (IED) na América Latina e o quinto maior no mundo, segundo o World Investment Report 2023, da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD). O que torna o país este mercado atrativo e cheio de oportunidades é o que será apresentado no Brasil Investment Forum (BIF), o maior evento sobre atração de investimentos estrangeiros latino-americano, que acontece em Brasília nos dias 7 e 8 de novembro.
Organizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Ministério das Relações Exteriores e o governo federal, o encontro internacional está em sua sexta edição, a primeira na capital brasileira.
Estarão presentes no Palácio do Itamaraty autoridades do governo federal, representantes estaduais e executivos de grandes empresas do Brasil e do exterior, além de acadêmicos, imprensa e formadores de opinião.
Os objetivos são fortalecer a imagem do país como destino seguro para investidores, consolidar as parcerias comerciais entre empresários brasileiros e clientes internacionais e ainda promover o networking, para intercâmbio de informações e acesso a novas tendências de mercado.
Para isso, serão evidenciados ao longo da programação oportunidades de investimentos, a evolução do ambiente de negócios brasileiro e as propostas do novo governo, além de temas como energia, agronegócio, tecnologia, sustentabilidade e, em especial, o novo PAC.
Na edição de 2022, o BIF contou com 6.500 participantes (presenciais e remotos), 75 palestrantes, 101 países representados e 53 setores da economia.
A edição anterior do BIF teve a participação de 101 países, em 53 setores da economia
Uma combinação de fatores faz do Brasil um destino global para investimentos – só no ano passado, o país recebeu US$ 86 bilhões em IED, segundo relatório da UNCTAD.
Com um PIB de US$ 1,6 trilhão, somos a maior economia da América Latina, a segunda das Américas e uma das dez maiores do mundo, com papel de destaque em diversos setores estratégicos.
No agronegócio, o país é o quarto produtor agrícola mundial, sobressaindo-se pelo alto nível de tecnologia no campo, que resulta em expressivos ganhos de produtividade (400% em 45 anos, conforme estudo do Ipea).
Somos reconhecidamente o líder global em técnicas agrícolas sustentáveis, com a adoção em larga escala de práticas como plantio direto e controle biológico. E ainda temos uma das mais extensas áreas de terra arável do mundo e 12% do abastecimento global de água.
Com inovação e sustentabilidade, a produtividade do agro brasileiro cresceu 400% em 45 anos
Por tudo isso, a projeção da FAO é que o Brasil eleve ainda mais sua posição nos próximos anos, respondendo por 40% do crescimento da produção mundial de alimentos até 2050.
Na matriz elétrica, uma das mais limpas do mundo, o Brasil é referência, ocupando o primeiro lugar na América Latina e o terceiro no mundo em termos de participação de energias renováveis.
Graças ao tamanho do território, abundância de recursos e políticas favoráveis, temos
mais de 80% da matriz composta de energia limpa e renovável, de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), superando de longe a média mundial, que fica abaixo dos 30%.
Esse cenário, junto à infraestrutura instalada de logística e transporte, também faz do Brasil um dos protagonistas no mercado de hidrogênio verde, com enorme potencial para liderar a produção mundial. O H2V, como é chamado, é produzido à base de fontes renováveis e é hoje peça fundamental na descarbonização da economia, substituindo combustíveis fósseis.
Mais de 80% da matriz elétrica brasileira é de energia limpa e renovável
O segmento de petróleo e gás natural é também um dos mais dinâmicos e coloca o país em uma posição relevante no mercado global. Segundo o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás, o Brasil é o nono maior produtor de petróleo do mundo (o líder na América Latina) e o oitavo maior consumidor, além de ter o nono maior parque de refino.
Somado a isso, o petróleo produzido aqui tem menor taxa de emissão de carbono que boa parte dos demais produtores. Esse tipo tem sido priorizado pelas empresas do setor, em resposta ao desafio global de reduzir as emissões de CO2.
O significativo investimento em obras de infraestrutura, que deve triplicar nos próximos anos, é outro ponto relevante nesse contexto.
A implementação da nova edição do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançada em agosto, prevê investimentos públicos federais de R$ 371 bilhões para os próximos quatro anos em áreas como transportes, energia, infraestrutura urbana, inclusão digital, infraestrutura social inclusiva e água para todos.
Outras áreas como defesa, educação, ciência e tecnologia também devem ser incluídas no programa, chegando a um total investido de R$ 1,7 trilhão até 2027.
R$ 371 bilhões em recursos federais estão previstos no novo PAC para investimento em infraestrutura nos próximos quatro anos
O desenvolvimento de setores prioritários, como o de infraestrutura, também conta com o impulso do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). Assim como busca o PAC, o PPI visa ampliar e fortalecer a interação entre o Estado e a iniciativa privada por meio de contratos de parceria.
Atualmente, há 229 projetos em andamento na Carteira de Investimentos do PPI, sendo a maioria nos segmentos de transporte (88) e infraestrutura urbana (57).
Junto aos avanços nesses e outros setores, o Brasil tem se sobressaído ainda pela inovação. Há três anos seguidos, o país sobe posições no Global Innovation Index (GII), da Organização Mundial de Propriedade Intelectual (WIPO, na sigla em inglês). O levantamento é o mais completo ranking internacional de avaliação dos países em relação aos seus ecossistemas de inovação.
Segundo o índice, a economia brasileira está hoje entre as 50 mais inovadoras do mundo e é a número 1 da América Latina.
Reflexo disso é o fato de o país ser o maior hub de inovação da região, com mais de 13 mil startups, o que significa 62,9% do total, enquanto o segundo lugar, o México, tem 11,7%, conforme o Panorama Tech América Latina 2023, da plataforma Distrito.
Em um ambiente de fomento à inovação, quase dois terços das startups latino-americanas são brasileiras
Mais da metade dos 45 unicórnios latinos, startups avaliadas em US$ 1 bilhão antes de abrirem o capital, também está aqui. São 24 empresas brasileiras assim classificadas, número bem superior à Argentina, segunda colocada na lista.
A ApexBrasil, uma das organizadoras do BIF, tem papel crucial nessa jornada de atração de investimentos estrangeiros. A agência do governo dá suporte a investidores internacionais à medida que analisam as oportunidades de trazer recursos para o país, seja abrindo uma fábrica, seja iniciando parceria com um negócio nacional, seja alocando capital por meio de fundos e empresas.
Para isso, a entidade fornece aos interessados consultoria personalizada, informações de mercado e setoriais, fluxo de negócios de fundos e empresas, introdução a parcerias e suporte em projetos no local, além de contato com os players brasileiros para networking.
O objetivo, segundo a ApexBrasil, é estabelecer conexões inteligentes de investimento, que atendam às necessidades dos investidores e também gerem resultados para o Brasil, promovendo o desenvolvimento e o crescimento sustentável da economia brasileira.