São Paulo – O fato do canal de esporte ESPN ser mais vulnerável e dependente dos assinantes de TV a cabo podem fazer com que o negócio atrapalhe seu controlador, a Disney.
A afirmação está no relatório da Barclays enviado para investidores nesta semana e alerta para a pressão com a perda de assinantes pelas TVs por assinatura.
“Isso ocorre porque o modelo comercial da ESPN depende do subsídio cruzado do pacote de TV por assinatura”, afirmava os analistas no documento.
A ESPN trabalha com custos elevados que representam uma “parcela desproporcional do fluxo de caixa da Disney”, afirmam os analistas.
Há ainda a preocupação com a mudança dos padrões de consumo de conteúdo. E uma pesquisa recente da companhia de estratégias BTIG mostrou o desafio.
Negócio esportivo
Dos 115 milhões de assinantes de teve a cabo nos Estados Unidos que têm o canal, apenas 17,25 milhões estariam dispostos a pagar US$ 20 para assistir o conteúdo pelo Netflix – serviço que está sendo desenhado.
O número, equivalente a 15% do total, é bem otimista. Na pesquisa, 9% dos entrevistados disseram que pagariam o preço e outros 6% ficaram em dúvida.
Ainda assim, considerados os pagantes mensais, a companhia estaria longe de faturar os US$ 9 bilhões que consegue hoje – e teria cerca de US$ 92 milhões por ano.
Para pagar os custos do negócio, e render o mesmo que os outros canais da Disney, a ESPN teria de cobrar US$ 30 por assinante pelo Netflix, estimam analistas.
A companhia parece ter visto que o canal teria tempos complicados pela frente e se adiantou com a demissão de pessoas, em outubro.
Mais de 300 pessoas perderam seus empregos na época, um corte tão grande quanto o feito pela empresa há dois anos.
Os custos com direitos de transmissão exclusivos, no entanto, subiram de US$ 3 bilhões para US$ 5 bilhões no ano passado.
A questão é saber quanto tempo mais a Disney bancará os negócios do canal esportivo sem nenhuma certeza de que poderá se manter em forma financeiramente no futuro.
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1. Domínio
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1/9 (Scott Eells/Bloomberg)
São Paulo - A
Netflix vai dominar o mundo, e isso não é segredo para ninguém. A invasão já está em curso e eles, aliás, até revelaram algumas vezes seu plano de dominação. Nós, aqui das Superlistas, temos as nossas próprias teorias e ideias de por que, em breve, o símbolo máximo da
globalização 3.0 será a Netflix. Acompanhe o raciocínio na galeria de fotos:
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2. 1. Faz cinema “de verdade”
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2/9 (Divulgação)
A empresa começou anos atrás, como quem não quer nada. Era uma espécie de locadora de filmes digitais, com um catálogo no estilo Sessão da Tarde (aquela dúzia de filmes que você vê repetidos dezenas de centenas de vezes) e uma resolução que pixelizava se você plugasse o computador na TV de tela grande. Mas aí eles começaram em investir em conteúdo original. Quer dizer, mais ou menos. Os primeiros filmes “originais” de ficção eram, na verdade, filmes de estúdios independentes (que não tiveram lançamento internacional no cinema). A Netflix pegava essas produções e as distribuía mundialmente via streaming. Enquanto isso, o investimento em filmes próprios era direcionado para documentários, que normalmente têm orçamento mais baixo. Entre 2012 e 2015, a empresa lançou 20 documentários, sobre os mais diversos temas. Alguns conquistaram um sucesso admirável, como What Happened, Miss Simone?, sobre a cantora Nina Simone, e Virunga, indicado ao Oscar, ambientado num parque nacional na República Democrática do Congo. Mas a coisa ficou séria quando a Netflix lançou o trailer de Beasts of no Nation, longa épico de ficção sobre a vida de uma criança em meio à guerra civil de um país africano. O filme é baseado no livro de mesmo título de Uzodinma Iweala, e terá Idris Elba no elenco, e estará disponível no catálogo no dia 16 de outubro. O orçamento de Beasts of no Nation não é lá essas coisas, comparado ao dinheiro que circula em estúdios grandes de Hollywood. Mas, só pelo trailer, já dá para saber que o filme veio para competir de igual para igual com os blockbusters do gênero. Há outros 10 filmes originais aguardados para os próximos anos, inclusive a sequência do épico O tigre e o dragão e um documentário sobre a vida de Keith Richards. O próximo passo da empresa será colecionar mais indicações ao Oscar em categorias consideradas mais “nobres”, como atuação, direção, roteiro e filme. Não é muito difícil imaginar esse cenário, principalmente depois da invasão das séries originais da Netflix em premiações reservadas para a TV. Falando em séries originais…
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3. 2. Também faz ótimas séries
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3/9 (Divulgação)
Tudo começou em 2013, com a “c” da Netflix em contratar Kevin Spacey por nada menos que US$ 100 milhões para o papel de Francis Underwood, um político ambicioso (quase um pleonasmo) que deseja um cargo alto na Casa Branca. Como as séries já são um sucesso nos EUA há cerca de seis décadas e estão conquistando adeptos ao redor do mundo dia após dia, é claro que a tacada foi certeira. Até porque, nada foi por acaso. A empresa fez uma pesquisa minuciosa até encontrar um ator, um tema, e um diretor (David Fincher) que tivessem uma boa aceitação popular. A previsão deu certo. A série deslanchou e abriu caminho para várias outras, de muitos gêneros diferentes. Foram lançadas 16 séries adultas e apenas duas foram “canceladas”. Isso fora as séries infantis. Entre os maiores sucessos estão Orange is the new black e Demolidor (que, aliás, foi recorde de audiência. As apostas da vez são Narcos e Sense8, que produzem hordas de viciados fãs toda semana. E vem mais por aí, é claro. Entre as dezenas de estreias programadas para os próximos meses estão as séries da Marvel Jessica Jones e Luke Cage. Além das produções próprias, eles também estão ressuscitando séries que fizeram sucesso tempos atrás e foram interrompidas por suas produtoras originais. Eles já trouxeram de volta das catacumbas o sucesso cult Arrested Development, anunciaram o retorno de Três é demais e vão produzir mais uma temporada da aclamada Black Mirror.
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4. 3. Ela está cada vez mais rica
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4/9 (Thinkstock)
Se fosse uma operadora de TV a cabo, a Netflix, no Brasil, estaria abaixo somente da Net e da Sky. Isso porque o faturamento estimado da rede aqui é de aproximadamente R$ 500 milhões (mas há especulações de que ele seja, na verdade, de até R$ 1 bilhão). Isso é mais até do que ganham a Record e a Rede TV. No mundo, a empresa já tem mais de 65 milhões de usuários e chegou à cifra de US$ 1,6 bilhão só no segundo trimestre deste ano (contra um faturamento de US$ 1,3 bilhão no mesmo período do ano passado).
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5. 4. Os artistas adoram trabalhar lá
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5/9 (Divulgação)
Um dos motivos por que os produtos originais da Netflix são tão bons (segundo crítica e público) é pelo fato de eles parecerem menos engessados e desobedecerem alguns padrões da grande indústria. Não são só aparências. Em entrevistas, roteiristas e atores que estão nessas produções andam confirmando que a empresa dá mesmo mais liberdade para seus criadores. “Algumas vezes, as pessoas da Netflix vieram até o set e elas diziam ‘Cara, não fique com medo de nada. Não fique com medo de fazer alguma coisa muito extrema, ou sombria, nua ou crua demais. Se joga’. Eu trabalhei 12 anos nessas empresas de TV mexicanas enormes, nesses filmes enormes, e nunca havia ouvido isso”, entrega Luis Gerardo Méndez (foto, à esquerda), ator da série Club de Cuervos, em entrevista à SUPER. A opinião dele foi endossada pela de Art Brown, criador da série Dragões: corrida até o limite (continuação da animação Como treinar seu dragão). “Eles deixam os produtores fazerem seu próprio show. Isso te dá muita liberdade para contar histórias que você não poderia contar, ou coisas com as quais você teria mais limitações em uma rede. Então, é um lugar mais excitante para nós”. Como os padrões de audiência da Netflix não são exatamente os mesmos da TV e a lógica de TV por demanda é diferente, a liberdade de expressão também faz diferença na hora de tocar em temas que Hollywood pode considerar delicados.
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6. 5. Acredita no poder da diversidade
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6/9 (Reprodução)
Não é segredo: Hollywood é uma indústria masculina, machista, branca e que reforça todos os padrões contra os quais temos tentado lutar. Há cem anos. E nunca isso esteve tão presente, apesar dos indícios de que há ares negros e femininos/feministas aparecendo aqui e ali. Enquanto isso, a Netflix aposta em diversidades de todos os os tipos. O primeiro longa original da rede será baseado no romance de um autor de origem nigeriana, é produzido (e estrelado) por Idris Elba. Além disso, as séries retratam uma diversidade muito maior de pessoas, dando mais representatividade a esses grupos. Orange is the new black é formado por um elenco majoritariamente feminino, e Sense8 (foto) é leva o conceito de “diversidade” na indústria do entretenimento para um outro nível. Tem uma personagem transexual lésbica, tem negro, tem gay. É claro que ainda há muito a ser feito. Mas a Netflix começou a dar passos que o cinema e a TV tradicionais nunca tiveram coragem de dar.
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7. 6. É acessível
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7/9 (Pascal Le Segretain/Getty Images)
Tá tudo muito bom, tá tudo muito bem, as séries são ótimas, eles têm filmes próprios muito legais, mas nada disso serviria aos propósitos de dominação mundial se os serviços tivessem preços astronômicos. Só que não têm. Por módicos R$ 19,90 você tem acesso a todos os programas do cardápio. E quem assinou o plano antes do aumento, que foi em junho de 2015, continua pagando R$ 14,90 para abrir as portas da ilha da magia. Em comparação, a Net te cobra a partir de R$ 209 para ter acesso ao combo com os canais HBO. Na Sky, não sai por menos de R$ 169. Aí fica difícil defender as TVs a cabo.
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8. 7. Oferece alegria ilimitada
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8/9 (Getty Images)
Ir a um restaurante e pedir um prato gostoso é legal. Mas ir a um restaurante em que você pode provar um pedacinho (ou comer quanto quiser) de TODOS os pratos gostosos é muito mais legal! É isso que a Netflix faz com seu buffet de filmes, séries e programas de TV. Você paga uma mesma mensalidade e pode assistir a tudo que quiser, quantas vezes quiser. Do outro lado, o Net Now te cobra a partir de R$ 9,90 por um único filme.
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9. Veja agora mais coisas que você (ainda) não sabe sobre a Netflix
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9/9 (Bloomberg)