Missão da Cisco seria transformar a TV em uma via de interação de mão dupla (Getty Images)
Tatiana Vaz
Publicado em 15 de março de 2012 às 17h50.
São Paulo – A Cisco Systems anunciou hoje seus planos de comprar, por 5 bilhões de dólares, a NDS Group, fabricante de tecnologias para a televisão pay-per-view. Desde 2005, quando investiu 6,9 bilhões de dólares na compra da Scientific-Atlanta, a companhia não havia feito uma compra dessa magnitude. E é simples entender por que a empresa apostou na nova aquisição.
Depois anunciar, em julho, o maior corte de funcionários de toda sua história – 6.500 pessoas no total – como uma medida para reduzir custos anuais de 1 bilhão de dólares e mesmo assim amargar uma desvalorização de suas ações de 31,4% em 2011, ficou claro que a companhia teria de rever seus planos de negócios se quisesse voltar a crescer.
A compra da NDS Group, fabricante de software para provedores de cabo e satélite, é uma prova de que a companhia está disposta a pagar (mesmo que caro) por isso. É também uma maneira de assumir a missão de renovar a televisão pay-per-view e transformá-la em uma via de interação de mão dupla.
Interativos
Com a aquisição, a Cisco poderá reforçar seu produto Videoscape, pelo qual os telespectadores podem interagir com os programas de TV e anúncios de todos os tipos. Eles podem, a partir da tela de vídeo, participar de um bate-papo sobre o programa de TV no Facebook ou Twitter ou podem até pausar um programa e reiniciá-lo em um dispositivo móvel. Os telespectadores ainda podem por meio dele, indicar produtos que estão sendo anunciados – uma ótima maneira das empresas anunciantes galgarem um espaço comercial quase que gratuito.
O software do Grupo NDS abriria caminho para a Cisco chegar até seus atuais clientes, hoje alguns dos maiores players de cabo e satélite do mundo inteiro, incluindo o Cox e a DirecTV. Fundada em 1988 em Israel e com sede em Londres, a empresa tem 51% de seu capital sob controle do fundo de private equity Permira, enquanto a News Corp tem participação de 49%.
Se tiver êxito, a companhia, apostam analistas, voltará a ser uma das maiores em tecnologia do mundo. De quebra, nossa experiência de assistir televisão nunca mais será a mesma.