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Por que a Avianca ainda prefere o voo solo no Brasil

Companhia é uma das únicas que não anunciou nenhuma parceria para se fortalecer no país; no entanto, é a que mais cresce

Avianca: companhia detém quase 5% de participação no mercado de aviação comercial no país (Getty Images)

Avianca: companhia detém quase 5% de participação no mercado de aviação comercial no país (Getty Images)

Daniela Barbosa

Daniela Barbosa

Publicado em 31 de maio de 2012 às 07h28.

São Paulo - A fusão anunciada no início desta semana entre Azul e Trip nada deve atrapalhar os planos da Avianca no mercado brasileiro. A companhia, que figurava como a quarta maior desse setor antes da união das duas empresas, vai continuar com a mesma posição e com quase 5% de market share no país.

De acordo com especialistas consultados por EXAME.com, as rotas operadas pela Azul e Trip não colidem com os caminhos por onde passam os aviões da Avianca. “Trata-se de uma companhia que hoje incomoda, ou é incomodada, pelas principais do setor, a TAM e GOL, principalmente no trecho Rio – São Paulo”, afirmou Richard Lucht, diretor da pós-graduação da ESPM SUL e vinculado ao ITA.

O fato de a companhia ser uma das únicas a não ter anunciado recentemente nenhuma aquisição ou fusão que possa fortalecer as operações por aqui não significa que a Avianca deve ficar ofuscada diante das demais companhias.  “Pelo contrário, a Avianca é uma das empresas que mais crescem de maneira consistente no país”, disse Mauro Martins, especialista do setor de aviação.

Segundo ele, é importante lembrar que mesmo com uma operação pequena no Brasil, a Avianca está vinculada a um dos maiores grupos de aviação da América Sul, a Taca e figura como uma das mais importantes em outros países da região.  “A operação da Avianca no Brasil é importante, mas não a principal”, afirmou Martins.

Mesmo assim, a companhia vem crescendo, ainda que a passos curtos, no mercado brasileiro e roubando mercado das duas principais desse setor. Segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), nos últimos 12 meses, a companhia foi uma das mais cresceu em oferta de assento, taxa de ocupação e participação de mercado.


Em abril de 2011, a Avianca tinha pouco mais que 2,6% de participação no mercado de aviação comercial no país. No mesmo mês deste ano, o número saltou para 4,98%. Já a taxa de ocupação é uma das maiores entre as companhias aéreas, mais de 80%. Para se ter uma ideia, as taxas de ocupação da TAM e GOL giram em torno de 70%.

Diferenciação

Mesmo pequena diante das principais desse setor, a Avianca se destaca entre as demais por oferecer serviços de bordo diferenciados e viagens mais confortáveis aos passageiros, uma vez que seus assentos são maiores e mais espaçosos, segundo os especialistas. “É esse diferencial que vem fazendo com que a Avianca avance, principalmente porque seus preços são também competitivos”, afirmou Mauro.

Ela até pode não figurar como uma das maiores do setor no país, mas é uma das únicas que ainda oferece lanche quente em suas viagens, por exemplo.Segundo Lucht, outro fator que vem colaborando para o crescimento da Avianca no mercado brasileiro é a renovação da frota. Em março, a companhia anunciou um investimento de 4 bilhões de dólares para a compra de 50 novas aeronaves para o Brasil nos próximos cinco anos. “Com aviões novos, a companhia pode ter mais oferta de assentos usando o mesmo slot”, disse.

Crescimento orgânico

Os planos de continuar a crescer organicamente no país fazem sentido, afirma Martins. Para ele, a estratégia da companhia é saudável e pode continuar a render bons resultados. “Até mesmo porque, hoje, as opções da Avianca comprar alguém ou firmar alguma parceria no Brasil estão escassas por aqui”, disse o especialista. 

Enquanto boa parte das companhias está fazendo grandes operações para se consolidar no mercado de aviação no Brasil, a ambição da Avianca é um pouco menor e mais pé no chão, de acordo com os especialistas. Algo que, segundo eles, deve incomodar mais as grandes, do que a recém-criada Azul Trip. Ou ser incomodada por ela.

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