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Por que a Apple quer mediar pagamentos entre amigos?

O Vale do Silício está obcecado com uma determinada parte do setor financeiro que envolve a transferência de dinheiro a amigos através de um aplicativo


	Apple: a Apple vem conversando com bancos para lançar um recurso próprio no Apple Pay para que os usuários possam mandar dinheiro para os amigos
 (Marina Demartini/EXAME.com)

Apple: a Apple vem conversando com bancos para lançar um recurso próprio no Apple Pay para que os usuários possam mandar dinheiro para os amigos (Marina Demartini/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 1 de dezembro de 2015 às 20h12.

O Vale do Silício está obcecado com uma determinada parte do setor financeiro que envolve a transferência de dinheiro a amigos através de um aplicativo.

Isso gerou uma onda de opções que muitas vezes não são lucrativas, porque cobram pouco ou nada pelas transações.

PayPal e sua subsidiária, a Venmo, são algumas das mais famosas, embora enfrentem uma lista cada vez maior de concorrentes, como Google, Facebook e Square.

A Apple também quer entrar nesse jogo. A empresa de tecnologia mais valiosa do mundo vem conversando com bancos para lançar um recurso próprio no Apple Pay para que os usuários possam mandar dinheiro para os amigos, disse uma pessoa com conhecimento dos planos à Bloomberg no mês passado.

Se a Apple quiser concorrer, também terá que oferecer um serviço gratuito para usar com cartões de débito, de acordo com analistas.

A operação dos serviços de pagamento entre usuários (P2P) não é barata e a Apple poderia perder dinheiro em muitas transações, disse a empresa de consultoria Crone Consulting. Criar e validar uma nova conta, em geral vinculada a um cartão de débito, custará à Apple US$ 0,50 a US$ 3 cada, além de pelo menos US$ 0,25 por transação, disse a empresa.

As companhias não geram muita receita com os pagamentos que os usuários fazem a amigos, disse Will Stofega, analista da empresa de pesquisa IDC. “Estou um pouco sem saber como monetizar esse serviço”.

Apple Pay

É improvável que a Apple encontre um modo de lucrar diretamente com esse recurso. Em vez disso, a companhia provavelmente vai usá-lo para aumentar a adoção do Apple Pay nas lojas.

A opção de realizar pagamentos com o aparelho móvel não deslanchou tão rapidamente quanto se esperava desde seu lançamento, há cerca de um ano.

Proprietários dos modelos mais novos de iPhone usaram o Apple Pay em 2,7 por cento das transações da Black Friday em lojas compatíveis com o recurso, na comparação com 4,9 por cento no mesmo dia no ano passado, de acordo com dados da empresa de monitoramento InfoScout.

Passar a permitir que os donos de modelos mais novos do iPhone enviem dinheiro uns aos outros poderia dobrar o uso do Apple Pay entre esses consumidores dentro de 18 a 24 meses, disse Richard Crone, CEO da Crone Consulting.

Isso poderia ser um uma grande fonte de receita para a Apple, que cobra taxas bancárias cada vez que os usuários utilizam o recurso de pagamento nas lojas. “A Apple espera deter a onda de baixa adoção do Apple Pay com incentivos financiados pelos usuários para os pagamentos P2P”, disse Crone. “Se eu te transferir US$ 50 e você não estiver no sistema P2P do Apple Pay, você precisará se inscrever. É um aplicativo viral”.

Fim dos cartões

Embora não faltem aplicativos no mercado de transferência de dinheiro a amigos por meio de smartphones, avaliado em US$ 7,5 bilhões, os analistas estão otimistas em relação às perspectivas da Apple – tanto que alguns preveem consequências para as emissoras de cartão de crédito e fabricantes de caixas eletrônicos.

“Os caixas eletrônicos serão afetados porque as pessoas não necessariamente precisarão sacar dinheiro”, disse Matt Wilcox, vice-presidente sênior de estratégia de marketing e inovação da Fiserv, que vende serviços aos bancos.

Se os usuários de iPhone começarem a conectar o Apple Pay a suas contas bancárias, eles poderiam contornar totalmente os cartões de crédito ao mandar dinheiro para amigos e potencialmente também ao realizar pagamentos em lojas, eliminando assim o intermediário. “Isso poderia provocar um curto-circuito nos players existentes”, disse Crone, da empresa de consultoria.

“Dentro de três a cinco anos esse serviço poderia arrecadar 20 por cento das transações de crédito”. A Visa, que opera a maior rede mundial de pagamentos eletrônicos no varejo, não respondeu a um pedido de comentário.

É quase impossível prever quanto tempo uma transição assim levaria.

Mas Talie Baker, analista da empresa de pesquisa Aite Group que utiliza o Chase QuickPay para transferências de dinheiro entre amigos pelo menos uma vez por semana, acredita que um futuro sem dinheiro vivo é inevitável. “Mal posso esperar pelo dia em que tudo o que eu vou precisar ter na bolsa seja um batom e um telefone”.

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