Boeing: empresa prevê que a pandemia de coronavírus vai ter um impacto duradouro na indústria aeroespacial (Lindsey Wasson/Reuters)
Carolina Ingizza
Publicado em 2 de abril de 2020 às 12h43.
Última atualização em 3 de abril de 2020 às 08h18.
A fabricante de aviões norte-americana Boieng se prepara para uma crise no setor aéreo. O presidente da companhia, Dave Calhoun, disse nesta quinta-feira 2 que a pandemia de coronavírus terá um impacto duradouro na indústria aeroespacial global, e delineou as etapas para um plano de demissão voluntária de funcionários.
"Vai levar tempo para a indústria aeroespacial se recuperar da crise", disse Calhoun em um memorando interno, acrescentando que a empresa "precisará equilibrar a oferta e a demanda de acordo com o processo de recuperação da indústria nos próximos anos".
De acordo com o jornal The Wall Street Journal, Calhoun justificou o plano de demissões como sendo uma medida para "reduzir a necessidade de outras ações sobre a força de trabalho" da Boeing. A empresa emprega um total de 160.000 pessoas, mas não anunciou nenhuma demissão até então.
O presidente da empresa disse que está fazendo esforços para que a base de trabalhadores seja mantida, de forma que a companhia possa voltar a operar assim que a crise passar.
Antes, a empresa já havia anunciado medidas para tentar reduzir as perdas durante a crise, incluindo o congelamento de contratações. As operações de produção da companhia no estado de Washington, nos Estados Unidos, foram reduzidas desde o dia 23 de março e estão totalmente paralisadas desde o dia 25.
No dia 17, a Boeing pediu também que o governo norte-americano fizesse um resgate de 60 bilhões de dólares para a indústria aeroespacial do país. A empresa, contudo, não informou ainda se irá pedir empréstimos no pacote de estímulos de 2 trilhões de dólares aprovado pelo governo americano na semana passada.
A Boeing terminou o quarto trimestre de 2019 com um prejuízo operacional de 2,53 bilhões de dólares, ou 2,33 dólar por ação. Um ano antes, havia tido lucro de 3,87 bilhões, ou 5,48 dólares por ação.
A empresa sentiu o impacto da crise envolvendo a aeronave 737 MAX. O avião mais vendido da companhia está proibido de voar desde março do ano passado, após duas quedas em um intervalo de cinco meses, que mataram 346 pessoas.
A suspensão forçou a fabricante de aviões a congelar a produção do 737 pela primeira vez em mais de 20 anos e levou à saída do presidente-executivo, Dennis Muilenburg.
Aumentando os problemas da Boeing, a demanda por seu maior e mais lucrativo jato – o 787 Dreamliner – diminuiu diante da guerra comercial EUA-China, levando a empresa a cortar a produção, prejudicando o fluxo de caixa.