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PMEs desaceleram no final de 2024, mas ainda crescem 3,3% no quarto trimestre

Após um 2024 de altos e baixos, pequenas e médias empresas encerram o ano com sinais de desaceleração, mas ainda mostram crescimento no último trimestre

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 21 de janeiro de 2025 às 06h00.

O desempenho das pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras mostrou sinais de desaceleração no final de 2024. Segundo o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs), a movimentação financeira média caiu 0,9% em dezembro, na comparação com o mesmo mês de 2023. Apesar disso, o quarto trimestre fechou com crescimento de 3,3%, após um avanço mais robusto de 5,5% no terceiro trimestre.

O IODE-PMEs, desenvolvido pela plataforma de gestão Omie, monitora a saúde financeira de PMEs com faturamento anual de até 50 milhões de reais. O índice avalia dados de 736 atividades econômicas distribuídas nos setores de Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços. A queda em dezembro reflete a perda de fôlego de setores como Indústria e Serviços, que já vinham desacelerando desde novembro, quando o crescimento foi de apenas 1,8%.

“Embora haja expectativas de expansão no curto prazo, puxadas pelo aumento dos rendimentos reais no mercado de trabalho, o setor de PMEs está muito sensível às incertezas macroeconômicas”, afirma Felipe Beraldi, economista e gerente de Indicadores da Omie. Ele destaca que o anúncio da revisão de gastos do governo em novembro, considerado insuficiente pelo mercado, gerou ainda mais insegurança.

Comércio em alta, Indústria e Serviços em queda

O setor de Comércio foi o destaque no final de 2024, registrando crescimento de 7,1% em dezembro na comparação anual. O avanço foi impulsionado por eventos como a Black Friday e as vendas de fim de ano, com destaque para itens como colchões, artigos de viagem e brinquedos.

Infraestrutura também teve alta, com crescimento de 3,1% no mês, puxado pelas áreas de coleta e tratamento de resíduos e geração de eletricidade. Por outro lado, o segmento de construção continuou em queda, tendência que se manteve ao longo do segundo semestre.

A Indústria e os Serviços, porém, pressionaram negativamente o desempenho geral. O faturamento das PMEs industriais recuou 5,4% em dezembro, com apenas seis dos 23 subsegmentos monitorados apresentando alta, incluindo produtos têxteis e equipamentos de transporte. Já as PMEs de Serviços registraram queda de 1,9%, ainda que algumas atividades, como transporte, armazenagem e saúde, tenham mostrado crescimento.

Desafios e perspectivas para 2025

O cenário macroeconômico de 2025 promete ser desafiador, especialmente com a expectativa de continuidade da alta na taxa Selic pelo Banco Central. Isso deve impactar negativamente os setores mais dependentes de crédito, como Indústria e Infraestrutura.

Apesar disso, Felipe Beraldi acredita que o mercado de PMEs pode crescer, ainda que em ritmo moderado e mais próximo ao desempenho da economia como um todo. “O consumo das famílias deve sustentar atividades nos setores de Comércio e Serviços, mas a recuperação da Indústria e Infraestrutura dependerá de condições de crédito mais favoráveis”, afirma o economista.

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