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Plano da Petrobras prevê corte de 40% em investimentos

Diante das dificuldades financeiras da petroleira, a nova gestão preferiu adotar uma redução drástica do orçamento, em linha com o que espera o mercado


	A Petrobras deixará de ser uma empresa de energia com atuação do poço ao posto para se tornar uma companhia de exploração e produção de petróleo e gás natural
 (Germano Lüders / EXAME)

A Petrobras deixará de ser uma empresa de energia com atuação do poço ao posto para se tornar uma companhia de exploração e produção de petróleo e gás natural (Germano Lüders / EXAME)

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Da Redação

Publicado em 24 de junho de 2015 às 08h57.

Rio de Janeiro - O corte no plano de investimentos da Petrobras para o período de 2015 a 2019 ficará próximo a 40%, com o novo orçamento em torno dos US$ 130 bilhões, apurou o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.

No ano passado, quando a empresa ainda era presidida por Graça Foster, a meta de investimento era de US$ 220,4 bilhões em cinco anos.

Mas, diante das dificuldades financeiras da petroleira, a nova gestão preferiu adotar uma redução drástica do orçamento, em linha com o que espera o mercado.

A proposta será analisada pelo conselho de administração na sexta-feira, mas é possível que o colegiado não chegue a uma conclusão e a divulgação do valor seja adiada. Os membros do colegiado podem precisar de mais de um encontro para chegar a um número definitivo.

"Um corte de 30% a 40% ajudaria a empresa a melhorar a situação financeira com impacto de curto prazo. Seria a principal sinalização para retomar a credibilidade, já que um corte menor traria impacto sobre o rating (classificação de risco) da companhia. Com menos investimento, a empresa reduz também o potencial de receitas futuras", avaliou Walter de Vitto, da consultoria Tendências.

Apesar dos conselheiros indicados pela União conseguirem aprovar sozinhos o plano de negócios, o projeto encontra resistência entre os sindicalistas representantes dos trabalhadores, que ameaçam entrar em greve e interromper a produção, caso os cortes e a venda de ativos sejam tão grandes a ponto de configurar o que, segundo eles, seria uma "privatização disfarçada" da empresa.

A decisão será tomada hoje, em reunião na sede da CUT, no Rio.

Argumentação

Na tentativa de vencer a resistência, a diretoria da petroleira iniciou, na semana passada, uma série de encontros com sindicatos para argumentar sobre a necessidade dos cortes, incluindo o de pessoal, que deve atingir principalmente os terceirizados.

O argumento é que falta dinheiro e não há saída senão encolher a Petrobras. A empresa deixará de ser uma empresa de energia, integrada, com atuação do poço ao posto, para se tornar uma companhia, prioritariamente, de exploração e produção de petróleo e gás natural.

Nas conversas, executivos da petroleira insistem com os sindicalistas em que, nos últimos anos, os ganhos da Petrobras vieram com o crescimento da dívida.

Por isso, a ordem agora é cortar o mal pela raiz e fortalecer o caixa, para que, nos próximos dois ou três anos, a estatal volte a ter recursos para ampliar os investimentos.

O plano de negócios traz projeções pessimistas para o dólar e para a cotação internacional do petróleo, que só dificultam a execução dos projetos da empresa.

Quanto mais valiosa a moeda americana em relação ao real, mais a empresa gasta para importar combustíveis. Ao mesmo tempo, quanto menor o preço do barril, menos valem os ativos da companhia.

Daqui para a frente, a Petrobras vai focar na atividade de exploração e produção e abandonará projetos dos segmentos de abastecimento. Algumas áreas de exploração e produção também serão oferecidas ao mercado.

A estatal se voltará para o pré-sal, onde o custo de extração é hoje inferior ao de outras reservas e, por isso, é mais rentável, mesmo em períodos de baixa cotação do petróleo.

Por enquanto, não há perspectiva de o projeto de lei do senador José Serra (PSDB-SP) - que prevê mudanças na Lei da Partilha - ter grande efeito no plano de negócios da empresa.

Qualquer mudança na legislação pesará sobre projetos que estão por vir e ainda não estão no radar de investimentos. Hoje, a lei obriga a estatal a participar em pelo menos 30% de todo investimento no pré-sal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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