Xampu Head & Shoulders, da Procter & Gamble (P&G). (Ramin Talaie/Corbis/Getty Images)
Vanessa Barbosa
Publicado em 22 de fevereiro de 2019 às 12h10.
São Paulo - A gigante de bens de consumo Procter & Gamble (P&G) se uniu à iniciativa #BeCrueltyFree da organização de proteção animal Human Society International (HSI) para proibir testes de cosméticos e produtos de higiene pessoal em animais em todos os principais mercados globais de beleza até 2023.
Segundo comunicado divulgado nesta semana, a dona das marcas Gillette, Oral-B, Head & Shoulders e Pantene já investiu mais de US$ 420 milhões ao longo de 40 anos no desenvolvimento de testes alternativos, criando pelo menos 25 métodos livres de crueldade, que substituíram os testes da marca.
Apesar da gigante ter suspendido os testes de seus produtos acabados em animais há tempos, os fornecedores da indústria continuam a testar ingredientes e matérias-primas em coelhos e roedores. A Humane Society estima que meio milhão de animais ainda são usados nesses teste, muitos dos quais acontecem na China e na Europa.
"Testes de cosméticos em animais não apenas causam sofrimento desnecessário, mas também representam uma ciência ultrapassada", declarou Troy Seidle, vice-presidente de pesquisa e toxicologia da Humane Society International.
O apoio da P&G à #BeCrueltyFree inclui uma campanha global para estimular mudanças regulatórias em prol do uso de testes para avaliação de segurança que não envolvam animais. E ela não está sozinha. A Unilever (dona de Omo, Seda, Dove, Hellmann's e Kibon) declarou apoio à campanha em outubro passado.
Até agora, 37 países ao redor do mundo já aprovaram legislação para proibir, total ou parcialmente, os testes em animais. A maioria, porém, ainda não considera ilegal esses testes.
O próximo país na fila para proibir a prática poderia ser o Brasil, por meio do Projeto de Lei 70/2014, em tramitação no Congresso, que dispõe sobre a vedação da utilização de animais para o desenvolvimento de produtos de uso cosmético para humanos e aumenta os valores de multa nos casos de violação.
Segundo pesquisa do IBOPE (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) feita pela HSI, 66% dos brasileiros apoia uma proibição nacional de testes em animais para cosméticos e seus ingredientes, e 61% concordam que testar novos cosméticos em animais não justifica o sofrimento.
Métodos alternativos
Atualmente, existem muitos métodos de ensaio em laboratório que podem ser usados no lugar de testes em animais.
Em vez de medir quanto tempo leva um produto químico para queimar a córnea do olho de um coelho, por exemplo, os fabricantes podem testar esse produto químico em estruturas de tecido 3D semelhantes à córnea produzidos a partir de células humanas. Troca-se, assim, a desumana técnica “in vivo” por outras que não afligem nenhum animal.
No Brasil, a Natura foi uma das primeiras gigantes do setor a extinguir os testes de cosméticos em animais, em 2006. No ano passado, a empresa conquistou o selo “The Leaping Bunny”, dada pela organização Cruelty Free International, que certifica que a empresa não utiliza testes em animais ao longo de seu processo produtivo.